Moçambique/Campo de Venâncio Mondlane rompe aliança com o partido Podemos
Bissau, 06 Fev 25 (ANG) - Venâncio Mondlane rompeu a sua relação com o partido Podemos que apoiou a sua candidatura nas eleições gerais de 9 de Outubro.
Em causa, está o incumprimento de vários pontos do
acordo assinado em Agosto de 2024, Mondlane acusando a formação de Albino
Forquilha de “vender a luta do povo”.
Num
comunicado assinado pelo assessor do antigo candidato presidencial Venâncio
Mondlane foi anunciado ontem o fim das relações com o partido Podemos que
durava desde Agosto do ano passado.
Intitulado "Nem tudo na vida é dinheiro e posições", Dinis Tivane acusou o partido
liderado por Albino Forquilha "de traição" e
de "agir contra a
vontade do povo" ao aceitar que os 43 seus deputados
tomassem posse na Assembleia da República no passado dia 13 de Janeiro, entre
outros actos.
“Como se viu e foi testemunhado por todos, o partido Podemos, contra a
vontade do povo e de forma madrugadora, correu para tomar posse na Assembleia
da República. Urge clarificar que a nossa luta política é, fundamentalmente,
pela salvação de Moçambique, não estando em causa o alcance obsessivo de bens
materiais ou qualquer vantagem financeira com base no martírio do povo”, escreve Dinis Tivane ao considerar que o partido Podemos "não apresentou agenda concreta" e “embalou-se
para um 'suposto' diálogo onde até aqui se desconhece a quem vai beneficiar, ou
será, como sempre, as elites políticas a distribuírem, entre si, mordomias,
benesses e privilégios infindáveis. Dito de forma simples: está em marcha a
velha táctica de acomodação sob a máscara de 'inclusão'”.
Para
Duclésio Chico, porta-voz do Podemos, esta decisão, agora tornada pública, por
meio das redes sociais, não é surpreendente.
“Vários documentos saíram a público através das redes sociais, alguns
até a mídia veio trazer à tona sem ter chegado pelo menos a nós como partido
Podemos e também à pessoa do Presidente Forquilha. Não nos surpreende este
rompimento. Era de esperar, porém lamentamos a forma como foi feito o
rompimento”, disse o responsável
político.
Venâncio
Mondlane e os seus mandatários renunciaram a tudo o que havia sido acordado com
o Podemos por entender, lê-se no comunicado, que o seu parceiro político, agora
maior força politica na oposição em Moçambique, foi inflexível e insensível na
defesa da causa do povo que exigia, entre outros, a reposição da verdade
eleitoral.
Fruto
de uma dissidência de antigos membros da Frelimo que reclamavam mais "inclusão económica" e
mostravam-se desiludidos com a gestão do partido no poder, o partido Podemos
tornou-se na segunda força política do país, de acordo com os resultados
oficiais das eleições gerais de 9 de Outubro de 2024. Dos 250 assentos que
contabiliza o parlamento, a Frelimo recolhe 171 mandatos, o Podemos tem 43, a
Renamo 28 e o MDM oito.
Desde
21 de Outubro, o país tem vivenciado uma forte instabilidade política, com a
severa repressão policial das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane
para contestar os resultados oficiais. De acordo com um último balanço
divulgado esta quarta-feira pela Plataforma Eleitoral Decide, as violências
ligadas aos protestos provocaram pelo menos 327 mortos, 27 dos quais só nestes
útimos 20 dias. ANG/RFI
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