Rússia/Governo condena Europa por criar tribunal especial para crimes russos
Bissau, 06 Fev 25 (ANG) - A Rússia acusou hoje a
União Europeia (UE) e o Conselho da Europa de assumirem posições unilaterais e
pouco construtivas ao discutirem a criação de um tribunal especial para
determinados "crimes russos" na Ucrânia.
Peritos jurídicos chegaram a acordo na quarta-feira sobre o
quadro do Tribunal Especial para o Crime de Agressão contra a Ucrânia, que
permitirá processar os responsáveis russos pelo planeamento e coordenação da
invasão em 2022.
"Acreditamos que todas essas estruturas internacionais,
todos esses chamados especialistas, assumem deliberadamente uma posição
absolutamente unilateral e não construtiva", afirmou o porta-voz do
Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov.
"Eles não estão prontos para olhar para a realidade",
referiu, citado pela agência russa TASS.
Peskov afirmou que o Kremlin não reconhece especialistas
internacionais que permaneceram em silêncio sobre os crimes que disse terem
sido cometidos por Kiev desde 2014.
"Permaneceram em silêncio desde 2014, quando o regime de
Kiev enviou tanques (...) contra o seu próprio povo que não queria concordar
com os resultados de uma mudança forçada de regime no país e uma mudança de
poder no país", acrescentou.
Peskov referia-se à revolução de 2014 que destituiu o presidente
ucraniano pró-Rússia, Viktor Yanukovych, de que resultou a guerra no Donbass
promovida por Moscovo e a anexação russa da Crimeia.
A Comissão Europeia anunciou na quarta-feira que a UE, o
Conselho da Europa e a Ucrânia lançaram as bases jurídicas para a criação de um
tribunal especial para determinados "crimes russos" na Ucrânia.
O tribunal terá autoridade para processar os líderes políticos e
militares russos mais responsáveis pelo crime de agressão.
"Quando a Rússia decidiu fazer rolar os seus tanques sobre
as fronteiras da Ucrânia, violando a Carta das Nações Unidas, cometeu uma das
mais graves violações: o crime de agressão", afirmou a presidente da
Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Agora, a justiça está a chegar", acrescentou num
comunicado citado pela agência norte-americana AP.
A criação de um tribunal especial visa preencher o vazio criado
pelas limitações do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Embora o tribunal de Haia possa acusar cidadãos russos por
genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, não os pode acusar de
orquestrarem a invasão.
O Estatuto de Roma de 2002, que criou o TPI, inclui o crime de
agressão, mas apenas para os países que aderiram ao tribunal, o que não é o
caso da Rússia.
A Ucrânia tem vindo a insistir na criação de um tribunal especial
desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.
"Se queremos uma verdadeira justiça, (...) [devemos] tomar
decisões corajosas que corrijam as deficiências que infelizmente existem no
direito internacional", afirmou o Presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, durante uma visita aos Países Baixos em 2023. ANG/Lusa
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