Política/A Ordem
dos Advogados considera de “grave afronta” à Constituição da República “prorrogação
do mandato do PR” pelo STJ
Bissau, 07 Fev 25 (ANG) - O
Conselho da Ordem dos Advogados e a sua Direcção Nacional consideraram ,
quinta-feira, de “grave afronta” à
Constituição da República da Guiné-Bissau, no seu artigo 66º, a “prorrogação do
mandato do Presidente da República” pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ).
A reação da Ordem sobre o
mais recente Despacho do STJ sobre o mandato do PR foi feita em Nota publicada na página de Facebook
da organização, na qual os dois órgãos da Ordem indicam ter registado com grande preocupação o que dizem
ser a “visceral crise judicial instalada no Supremo Tribunal de Justiça”.
Qualificaram a decisão do
STJ de “efeito nefasto” no sector da administração da justiça, sobretudo com a
prolação da última decisão protagonizada, de forma isolada, pelo Venerando Juiz
Conselheiro, Dr. Lima André.
“Foi rotulado o mandato do
Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló e sua prorrogação, quiçá “sine die”, em
grave afronta à lei magna, no artigo 66 da Constituição da República da Guiné
Bissau, impregnado de cúmulo de vício substanciado pela inconstitucionalidade e
ferindo-a da morte pela inexistência jurídica”, refere a Nota.
A Ordem dos Advogados
acrescenta que na sua veste de
interveniente ativo no sector judicial, e preocupada com a “precariedade da
justiça”, exorta e responsabiliza o STJ pela “acentuada degradação da justiça
guineense”, e diz que este órgão supremo do Poder Judicial se distraiu em defesa de interesses alheios, com
claro respaldo e prova de exposição do poder judicial à subordinação política,
com graves consequências nocivas e a falta da independência e de funcionamento
do sistema de administração da justiça, com propósito de favorecimento a
impunidade e abuso de poder contra instituições e cidadãos inocentes e
inofensivos.
A Ordem acusa o STJ de, na sua veste de detentor do Poder
Judicial, ter pautado e provado a falta de atenção e de sensibilidade em
relação à questão essencial e resposta urgente para solucionar as graves
patologias que afetam e perturbam o normal funcionamento da justiça, tais como
a necessidade urgente de assegurar a proteção, a segurança e a independência do
poder Judicial e dos Magistrados.
A nota ainda aborda a necessidade de revogações das decisões de
expulsões e de suspensões dos Magistrados, eleições do novo Presidente e do
Vice Presidente do STJ, a recomposição do Plenário e das Câmaras do STJ,
reconfiguração e funcionamento do Conselho Superior da Magistratura Judicial, e
adoção do plano estratégico para o setor da justiça assente no investimento
público sério e principal nas reformas judiciárias.
Aquela organização exige o investimento nas infraestruturas e
equipamentos judiciais, no recrutamento, na formação dos Magistrados, na
criação de condições materiais para aumentar a eficiência e produtividade, no reforço
dos Magistrados nas Varas dos Tribunais Regionais de Bissau e do Interior e
refundação de verdadeira estrutura inspetiva para acompanhar o desempenho e
produtividade dos magistrados", lê-se na Nota.
“Tornam público o
compromisso e a firmeza dos titulares dos órgãos sociais e dos Advogados e
Estagiários no apoio total e incondicional, solidariedade e absoluta confiança
no Bastonário da Ordem dos Advogados Januário Pedro Correia, encorajando-o a
continuar firme, com sapiência, determinação, coragem e humildade que lhe são
inerentes e características, em honra, prestígio e defesa da Ordem e da
advocacia, da justiça e do Estado de Direito Democrático justo e plural”,refere
a Nota assinado por membros da Ordem dos Advogados.
O Supremo Tribunal de
Justiça tornou público, terça-feira, um despacho em que declara que o mandato
do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló só termina a 04 de Setembro
próximo.
Segundo a oposição, o mandato presidencial termina à 27 de Fevereiro, porque foi nesse dia que o atual chefe de Estado tomara posse em 2020, para um mandato de cinco anos. ANG/MSC/ÂC//SG
Sem comentários:
Enviar um comentário