Portugal/ “A reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação”, diz PR portuguesa
Bissau, 02 Mai 24 (ANG) - O Presidente português disse que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação portuguesa com as ex-colónias. Marcelo Rebelo de Sousa está em Cabo Verde para participar nas comemorações dos 50 anos da libertação com campo de concentração do Tarrafal.
O chefe de Estado português considera
que que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação
portuguesa com as ex-colónias. Questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de
Sousa explicou que Portugal nunca teve duvidas sobre a prioridade a dar aos
países que falam português.
“Ainda agora
houve um apelo das instituições internacionais para o Norte apoiar o Sul. Para
Portugal não houve dúvidas nenhumas sobre a prioridade a dar àqueles que são
Estados que falam português, que vieram a independência depois de terem sido
colónias”, explicou.
O chefe de Estado português sublinhou
que a que a reparação às ex-colónias está a ser feita através da cooperação
portuguesa com as ex-colónias
“[Está] a ser
feita, mas vai continuar a ser feita. É um processo, está em crescendo”, acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa está em Cabo
Verde para participar nas comemorações dos 50 anos da libertação com campo de
concentração do Tarrafal.
Por seu lado, o Presidente de Cabo
Verde, José Maria Neves salientou que em democracia não há tabus, reiterando
que as relações entre Cabo Verde e Portugal são excelentes.
“Não há temas
tabus em democracia e entre nós. Então, com a maturidade que nós já
temos de conversar como gente que se entende e de discussão em democracia
nascem novas luzes. (…). As relações são excelentes, muito maduras e de todas
as nossas discussões podem nascer novas luzes para construirmos um novo futuro,
um futuro muito melhor para os cabo-verdianos e para os portugueses”, notou.
Na semana
passada, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, num
evento com os jornalistas estrangeiros, que Portugal devia assumir a
responsabilidade total pelos crimes cometidos no passado colonial português.
O Presidente
guineense, Umaro Sissoco Embaló, disse
respeitar a opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, mas evitou comentar os
propósitos do chefe de Estado português sobre o processo de Portugal assumir e
reparar as consequências do período do colonialismo.
O chefe de
Estado são-tomense, Carlos Vila Nova, reconheceu que os
actos de maus tratos e violência da colonização não estão resolvidos.
“Houve
colonizadores e houve países colonizados. No nosso caso, Portugal colonizou
cinco países em África e essa colonização hoje é parte da nossa história. A
descolonização pode estar resolvida, mas os actos de maus tratos e de violência
e outros que aconteceram não está resolvido”, defendeu.
O chefe de Estado português acrescentou
que esses crimes tiveram custos que “é
preciso avaliar a forma como é possível reparar acções que não foram
punidas, responsáveis que não foram presos, bens que foram saqueados e que não
foram devolvidos”.
As declarações surgem num contexto em
que tem havido crescentes reivindicações de organizações da sociedade civil no
sentido de Portugal e outras antigas potências coloniais compensarem os países
que ocuparam e de se estabelecer um tribunal especial sobre a questão.
Durante praticamente os 500 anos da
colonização portuguesa, pelo menos 12,5 milhões de africanos foram raptados e
levados dos seus territórios de origem para lugares distantes, designadamente o
continente americano, onde a sua força foi usada no trabalho escravo.ANG/RFI
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