Gaza/Médicos do Mundo acusa Israel de usar desnutrição como arma de guerra
Bissau, 13
Mai 25 (ANG) - A organização não-governamental Médicos do Mundo (MDM)
criticou hoje Israel pelo bloqueio imposto ao território palestiniano,
apontando que a desnutrição aguda na Faixa de Gaza está a ser usada como
"arma de guerra".
Após 18 meses de guerra,
a Faixa de Gaza atingiu níveis de desnutrição "comparáveis aos observados
em países que enfrentam crises humanitárias prolongadas que duram décadas, como
Iémen ou Nigéria", disse a organização.
Num relatório baseado em dados de seis centros de saúde de Gaza,
a MDM aponta uma ligação entre o aumento das taxas de desnutrição e a
diminuição dos volumes de ajuda que entram no território palestiniano.
Em novembro, por exemplo, foi observado um pico de desnutrição
infantil de 17%, período que coincide com uma redução significativa no fluxo de
ajuda humanitária.
A ajuda entra principalmente por corredores humanitários entre a
Faixa de Gaza e Israel.
O de Rafah, na fronteira com o Egito, está inoperante desde que
a cidade foi capturada pelo exército israelita na primavera de 2024.
Os volumes de ajuda têm flutuado desde o início da guerra,
desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas em 07 de outubro de 2023, mas
as autoridades israelitas fecharam as travessias desde 2 de março para forçar o
Hamas a libertar os reféns.
O gabinete de segurança israelita estima que há "atualmente
comida suficiente" em Gaza.
Mas, no terreno, as organizações de ajuda denunciam uma situação
dramática.
O Programa Alimentar Mundial (PAM), por exemplo, anunciou, a 25
de abril, que tinha "esgotado o stock".
"Não estamos a testemunhar uma crise humanitária, mas uma
crise de humanidade e falência moral com o uso da fome como arma de
guerra", disse Jean-François Corty, presidente do MDM.
Segundo a MDM, em abril de 2025, quase uma em cada quatro
crianças e uma em cada cinco mulheres grávidas ou a amamentar estavam no limite
ou haviam excedido o limite para desnutrição aguda.
Na segunda-feira, um relatório do IPC (Classificação Integrada
da Fase de Segurança Alimentar) -- resultado do trabalho de organizações não
governamentais, instituições e agências especializadas da ONU -- concluiu que a
Faixa de Gaza enfrenta "um risco crítico de fome", com 22% da
população prestes a entrar numa situação "catastrófica".
Entre 01 de abril e 10 de maio, o consórcio, que classifica o
nível de insegurança alimentar em cinco níveis, classificou 1,95 milhões de
pessoas (93% do total) em situação de "crise" (nível 3) "ou
pior", incluindo 925 mil no nível 4 (emergência) e 244 mil pessoas em
situação de desastre (nível 5).ANG/Lusa

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