Turquia/ Exército continuará operações contra PKK "até que a região esteja limpa"
Bissau, 15 Mai 25 (ANG) - O exército turco prosseguirá as suas operações contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) "até que a região seja limpa", declarou hoje o Ministério da Defesa, após o anúncio, segunda-feira, da dissolução do grupo armado curdo.
As atividades do exército
de Ancara "nas zonas utilizadas pela organização terrorista separatista
PKK [que atua principalmente no norte do Iraque) continuarão com determinação
até que se tenha a certeza de que a região foi limpa e que já não constitui uma
ameaça para o país", declarou um porta-voz do ministério, numa conferência
de imprensa.
Segundo uma fonte do ministério, os serviços secretos turcos
irão supervisionar a recolha das armas do PKK, com a cooperação das forças
iraquianas e sírias, mas sem a participação de observadores internacionais da
ONU.
O exército turco mantém dezenas de posições no Curdistão
autónomo do Norte do Iraque, a partir de onde conduz há anos operações
terrestres e aéreas contra o PKK, que foi obrigado a retirar-se.
Ancara, que comunica regularmente a morte de soldados na região,
vai continuar a efetuar inspeções e a destruir abrigos, grutas e armas
utilizadas ou pertencentes ao grupo armado curdo, acrescentou o porta-voz do
Ministério da Defesa.
Terça-feira, um dia depois do anúncio oficial da dissolução do
PKK, o partido pró-curdo DEM apelou para a aplicação de "medidas de
confiança" pelo Governo turco.
"Esperamos que os governantes assumam os deveres e as
responsabilidades" antes da festa muçulmana do Eid al-Adha, no início de
junho, afirmou o copresidente do Partido para a Igualdade e Democracia do Povo
(DEM, antigo HDP -- Partido Democrático dos Povos), a principal força política
pró-curda da Turquia.
Tuncer Bakirhan apelou para a adoção de "medidas de
confiança, concretas e humanitárias, antes do início do Eid al-Adha", que
seria então "celebrado duplamente".
A libertação dos presos políticos doentes e a melhoria das
condições de detenção do fundador e líder histórico do PKK, Abdullah Öcalan,
preso em regime de isolamento desde 1999, devem ser algumas das primeiras
medidas, sublinhou Bakirhan aos jornalistas.
"Algumas coisas podem ser feitas antes de serem tomadas
medidas legais. Por exemplo, as condições prisionais de Öcalan. Penso que as
autoridades podem dar alguns passos para que a sociedade, que tem dúvidas e
preocupações, possa acreditar plenamente neste processo", acrescentou.
Numa curta mensagem publicada também terça-feira, Öcalan
"saudou respeitosamente" a dissolução do grupo armado curdo, sem,
porém, fazer qualquer exigência a Ancara.
No entanto, fonte curda próxima do PKK no norte do Iraque, onde
estão baseados os combatentes do movimento, disse à agência de notícias
France-Presse (AFP) que o grupo armado está à espera de "medidas
concretas" das autoridades turcas, incluindo uma amnistia para os
combatentes e a libertação de presos políticos, como a de outro líder curdo,
Selahattin Demirtas, detido desde 2016.
Segundo a fonte citada pela AFP, os combatentes "não
deixarão as montanhas e não se desarmarão imediatamente" pelo que o PKK
também espera, a prazo, uma emenda à Constituição turca que garanta direitos
específicos aos curdos.
O PKK anunciou na segunda-feira a dissolução e o fim de mais de
quatro décadas de luta armada contra o Estado turco, que custou mais de 40.000
vidas.
Os dirigentes do DEM e o grupo armado têm afirmado repetidamente
que o Governo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, deve responder com
medidas legislativas para garantir o sucesso do processo de paz.
O PKK declarou que a dissolução "constitui uma base sólida
para uma paz duradoura e uma solução democrática" e fez um apelo para o
Parlamento turco: "Nesta fase, é importante que a Grande Assembleia [...]
desempenhe o seu papel perante a história". ANG/Lusa

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