Moçambique/Tribunal de Maputo dá 20 dias para defesa do ex-candidato Mondlane
Bissau, 10 Jun 25 (ANG) - O Tribunal Judicial da Cidade de Maputo deu 20 dias ao ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que liderou a contestação aos resultados das eleições de outubro, para apresentar a defesa no processo movido pelo Estado moçambicano, segundo anúncio publicado hoje.
No anúncio é referido que
o processo, sem avançar detalhes do seu conteúdo, corre na nona secção daquele
tribunal e que Venâncio Mondlane, querendo, pode apresentar defesa "nos
autos de ação declarativa de condenação, na forma de processo comum ordinário",
movido pelo Estado Moçambicano, através do Ministério Público.
Através de uma mensagem que colocou também hoje na rede social
Facebook, com cópia do mesmo aviso público, Venâncio Mondlane apelidou-o de
"perseguição", sem mais comentários.
A Lusa noticiou em novembro do ano passado que o Ministério
Publicou moçambicano exigia então uma indemnização de 445 mil euros pelos
prejuízos das manifestações das semanas anteriores - que se agravaram
fortemente nos meses seguintes - só na cidade de Maputo, numa ação cível contra
Venâncio Mondlane e o Podemos, partido que o apoiou na candidatura presidencial
nas eleições de 09 de outubro.
De acordo com uma informação interna da Procuradoria-Geral da
República, a que a Lusa teve acesso, esta ação foi apresentada pelo
representante do Ministério Público junto do Tribunal Judicial da Cidade de
Maputo, mas seguiram-se outras do género, nomeadamente na província de Maputo.
"Mesmo com advertências e intimações emanadas pelo
Ministério Público, os co-réus [Venâncio Mondlane e Albino Forquilha,
presidente do Podemos] prosseguiram com as convocatórias e apelos à
participação massiva dos cidadãos nos referidos movimentos de protestos,
incitando-os a fúria e a paralisação de todas as atividades do país",
lê-se na mesma informação.
Acrescenta que "por esta razão, dúvidas não podem existir
sobre a responsabilidade civil dos réus, na qualidade de instigadores, na
medida em que, os seus pronunciamentos foram determinantes para a verificação
dos resultados ora em crise, mormente, danos sobre o património do
Estado".
Refere ainda que "mesmo observando a desordem social e
destruição de bens públicos e privados, continuaram instigando a realização de
movimentos de protestos e anunciando a prática de atos mais severos contra o
Estado Moçambicano", exigindo nesta ação civil, em Maputo, aos co-réus
Venâncio Mondlane e ao Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique
(Podemos) uma indemnização de 32.377.276,46 meticais (445 mil euros ao câmbio
atual).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique aplicou em
11 de março a medida coação de termo de identidade e residência a Venâncio
Mondlane, num processo em que o Ministério Público acusa o político de
incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais.
"Foi-me aplicada uma medida [de coação] sancionatória e de
limitação. Isto significa que não me posso deslocar sem avisar a Procuradoria,
não posso ficar por mais de cinco dias fora da minha casa", explicou o
político moçambicano à saída das instalações da PGR.
Venâncio Mondlane disse ter sido ouvido na PGR, por mais de dez
horas, sobre um dos oito processos em que é visado no âmbito dos protestos e
agitação social pós-eleitoral em Moçambique.
Mondlane liderou a maior contestação aos resultados eleitorais
em Moçambique desde as primeiras eleições multipartidárias (1994), e avançou
com a constituição do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e
Autónomo (Anamalala) em 03 de abril deste ano, conforme requerimento entregue
no Ministério da Justiça.
Após vários meses de agitação social e manifestações de
contestação aos resultados eleitorais - vitória de Daniel Chapo e da Frente de
Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975) -, que levaram a
saques, destruição de propriedades públicas e privadas, e cerca de 400 mortos,
o chefe de Estado e Venâncio Mondlane encontraram-se pela primeira vez em 23 de
março, em Maputo, e acordaram pela pacificação do país, encontro que se repetiu
em 20 de maio.ANG/Lusa


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