União Africana/Especialista defende que a organização deve decidir que país produz o quê para combater a fome
Bissau,
12 Set 22(ANG) – A diretora executiva do Centro Internacional de Comércio
defende que os países africanos têm terra arável e capacidade suficiente para
se alimentarem, pelo que a União Africana deve decidir “sobre que país vai
produzir o quê e como”.
“Existe
terra arável, existe capacidade. Portanto, deve haver uma decisão entre os
países africanos sobre quem vai cultivar o quê e como e investir nessa
capacidade para fazê-lo”, disse Pamela Coke-Hamilton, em entrevista à Lusa à
margem do fórum afro-caribenho para o comércio e o investimento, que decorreu
na semana passada em Barbados.
A
diretora do Centro Internacional de Comércio, uma agência multilateral que
opera sob o guarda-chuva das Nações Unidas, disse que África tem capacidade
para se alimentar e só não o fez ainda porque existe um sistema que obriga a
que tudo tenha de ser importado.
Lembrou
que 42% das importações africanas de trigo provêm de um só país, a Ucrânia,
pelo que apelou a uma decisão política e ao subsequente financiamento, através
de instituições como o Banco Africano de Desenvolvimento ou o Banco Africano de
Exportações e Importações (Afreximbank).
“Os
líderes, a União Africana, devem tomar uma decisão, tal como a CARICOM
[Comunidade das Caraíbas] tomou a decisão de reduzir a dependência da
importação de alimentos em 25% até 2025. África tem de tomar uma decisão
semelhante para garantir que não acontece novamente que uma crise possa
provocar uma insegurança alimentar de forma tão súbita”, disse Coke-Hamilton.
A
invasão em fevereiro da Ucrânia pela Rússia, dois dos maiores exportadores
mundiais de cereais, contribuiu para agravar a escassez alimentar nas regiões
mais pobres do mundo, algumas das quais vivem já uma situação de fome severa e
subnutrição.
No
Corno de África, uma das regiões mais afetadas do mundo, mais de 37 milhões de
pessoas enfrentam uma situação de fome, com aproximadamente sete milhões de
crianças menores de cinco anos a sofrer de malnutrição aguda, segundo alertou
em agosto a Organização Mundial de Saúde.
Apesar
dos esforços para retomar as entregas dos cereais ucranianos através do Mar
Negro, desde o início do ano registou-se uma quebra de 46% das exportações
destes bens, segundo a Cruz Vermelha internacional.
Organizado
pelo Afreximbank e o Governo de Barbados sob o lema “Um Povo. Um Destino. Unir
e Reimaginar o nosso Futuro”, o AfriCaribbean Trade and Investment Fórum
(ACTIF2022), que decorreu em Barbados entre 01 e 03 de Setembro, visou
fortalecer os laços económicos entre África e as Caraíbas, região que a União
Africana considera a sexta região de África.
O
Centro Internacional de Comércio (ITC, na sigla em inglês) é uma agência
multilateral que possui um mandato conjunto com a Organização Mundial do
Comércio e as Nações Unidas através da Conferência das Nações Unidas sobre
Comércio e Desenvolvimento.
Com
sede em Genebra, o ITC apoia os países menos desenvolvidos a melhorar a
sua participação na economia mundial e a realizar os seus objetivos de
desenvolvimento através das exportações.
ANG/Inforpress/Lusa
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