ONU/Momento crítico” na história mundial irá
marcar 77.ª Assembleia-Geral
Bissau,
12 Set 22 (ANG) – O “momento crítico” que o mundo atravessa devido a crises
complexas e interligadas, como a guerra na Ucrânia e desafios humanitários,
será o mote para a 77.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU que arranca este mês.
O
evento, que vai reunir em Nova Iorque chefes de Estado e de Governo de todo o
mundo, terá início na próxima terça-feira sob o tema “Um momento divisor de
águas: soluções transformadoras para desafios interligados”, sendo que o
primeiro dia do Debate Geral de alto nível – o momento em que os líderes
internacionais se dirigirem ao mundo – está previsto para 20 de Setembro.
“O
tema decorre do reconhecimento de que o mundo está num momento crítico na
história das Nações Unidas devido a crises complexas e interligadas, incluindo
a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia, desafios humanitários de natureza
inédita, um ponto de inflexão nas mudanças climáticas, bem como preocupações
crescentes sobre as ameaças à economia global”, indicou o actual presidente da
Assembleia-Geral da ONU, Abdulla Shahid, na carta em que anunciou o tema da
sessão deste ano.
Para
o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros das Maldivas – que será substituído no
cargo este mês pelo diplomata húngaro Csaba Korosi -, os trabalhos da 77.ª
sessão da Assembleia-Geral (UNGA 77, na sigla em inglês) visarão “encontrar e
focar em soluções conjuntas para essas crises e construir um mundo mais
sustentável e resiliente para todos e para as próximas gerações”.
Apesar
de a pandemia de covid-19 ainda marcar o ritmo do quotidiano em várias partes
do mundo, e ainda estar no radar das discussões previstas para o evento, é
expectável que as reuniões de alto nível, que decorrerão entre 20 e 26 de
Setembro, sejam totalmente presenciais.
Entre
as figuras políticas aguardadas nessa semana em Nova Iorque estão o Presidente
norte-americano, Joe Biden, o chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, ou o
ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov.
Portugal
estará representado pelo primeiro-ministro, António Costa, que se deslocará a
Nova Iorque para participar pela segunda vez desde que é líder do executivo
português na Assembleia-Geral.
Além
da guerra na Ucrânia, que se espera que seja um dos temas dominantes do evento,
também a educação é considerada uma das prioridades da ONU.
Nesse
sentido, a Cimeira da Educação Transformadora, que acontece entre 16 e 19 de
Setembro, reunirá jovens, professores, sociedade civil e outras organizações,
de forma a apoiar a transformação da educação em todo o mundo, assim como
membros de Governos, de quem se espera uma série de Declarações Nacionais de
Compromisso.
Do
lado português, é esperado nesse evento o ministro da Educação, João Costa,
segundo disse à Lusa fonte diplomática.
Também
o “Momento ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável)” será um dos mais
aguardados da UNGA 77, sendo visto como uma oportunidade para reorientar a
atenção para os objectivos da Agenda 2030 da ONU.
Convocado
pelo secretário-geral da organização, António Guterres, este evento específico
pretende ser um momento de balanço e diálogos sobre os Objectivos de
Desenvolvimento Sustentável, focados em soluções para desigualdades e desafios
climáticos.
Estão
ainda previstas uma reunião de alto nível para assinalar os 30 anos da
Declaração sobre os Direitos das Minorias, a 21 de Setembro, e uma reunião
plenária para comemorar o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas
Nucleares, em 26 de Setembro.
Uma
nova sessão da Assembleia-Geral significa que um novo presidente assumirá a
liderança deste órgão, posição que já foi ocupada por um político português na
década de 1990.
O
ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português e fundador do CDS, Diogo
Freitas do Amaral, foi presidente da Assembleia-Geral das Nações Unidas na 50.ª
sessão, em 1995-1996.
A
suceder Abdulla Shahid na liderança da Assembleia-Geral vai estar o embaixador
húngaro Csaba Korosi, que assumirá funções na segunda-feira, na véspera do
início da UNGA 77.
Korosi
ocupou vários cargos no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Hungria, sendo
o mais recente o de director de Sustentabilidade Ambiental no Gabinete do
Presidente húngaro.
Korosi
está envolvido na ONU há vários anos, tendo já exercido a função de
vice-presidente da Assembleia-Geral durante a 67.ª sessão em 2011-2012.
Após
a sua eleição em Junho último, o diplomata prometeu fazer das “soluções através
da solidariedade, sustentabilidade e ciência” o lema da 77.ª sessão.
“Vivemos
em tempos que abalam a base sobre a qual esta organização foi construída. Com
múltiplas crises iminentes, nada menos que a credibilidade da ONU está em
jogo”, disse então Korosi.
“A
Assembleia-Geral é central para tudo o que fazemos. O mundo olha para si para
debater, forjar consenso e – acima de tudo – apresentar soluções. Podemos
cumprir a promessa de um mundo melhor e mais pacífico. Essa é a promessa da
Agenda 2030 (…). A 77.ª sessão pode ser um momento de transformação – um
momento para recalibrar o multilateralismo e fortalecer os fundamentos da
cooperação global”, disse, por sua vez, Guterres a Korosi, na sequência da sua
eleição.
A
Assembleia-Geral é um dos seis principais órgãos da Organização das Nações
Unidas (ONU) e tem como objectivo definir as políticas da organização.
Os
restantes órgãos são o Conselho de Segurança, o Conselho Económico e Social
(ECOSOC), o Conselho de Tutela, o Tribunal Internacional de Justiça e o
Secretariado-geral.
É o
único, no entanto, em que todos os Estados-membros têm uma igual representação:
um Estado, um voto. A ONU tem hoje 193 Estados-membros, um número bastante
expressivo quando comparado com os 51 países que integravam a organização em
1945, ano da criação desta estrutura internacional.
A
Assembleia-Geral assume várias funções importantes, nomeadamente discute e
vota, caso seja necessário e na ausência de um consenso, várias matérias de
política internacional, decide sobre o orçamento da ONU e elege os membros não
permanentes do Conselho de Segurança. Também escolhe formalmente quem ocupa o
cargo de secretário-geral. ANG/Inforpress/Lusa
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