quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Combate ao terrorismo/Níger, Burkina Faso e o Mali vão criar uma força conjunta contra terrorismo

Bissau,22 Jan 25(ANG) - O chefe de defesa do Níger anunciou na noite de terça-feira que vai ser criada uma força regional composta por 5 mil soldados do Níger, Burkina Faso e Mali para combater combater em conjunto o terrorismo na sua região. Estes três países que decidiram no ano passado sair da CEDEAO e formaram a Aliança dos Estados do Sahel pretendem deste modo garantir a sua segurança pelos seus próprios meios.

Numa mensagem difundida ontem à noite na televisão estatal, o Ministro nigerino da Defesa, Salifou Mody, explicou que esta nova força vai dispor dos seus próprios meios aéreos, equipamentos bem como recursos de inteligência e que iria cobrir a totalidade do território dos três países que no ano passado assinaram um pacto de defesa mútuo ao formar a Aliança dos Estados do Sahel (AES).

Ao referir que "a força unificada da AES está quase pronta, com um efectivo de 5.000 pessoas", o governante nigerino referiu que "é só uma questão de semanas até que esta força não seja visível no terreno".

"Estamos no mesmo espaço, enfrentamos os mesmos tipos de ameaças, incluindo esta ameaça de grupos criminosos. Era preciso unir esforços", disse o general Mody ao considerar que esta opção "é nova, é original e é segura para o espaço dos três países e para as suas populações".

De acordo com o Ministro nigerino da Defesa, algumas operações conjuntas contra grupos jihadistas já foram realizadas de forma pontual, nomeadamente na "zona das três fronteiras", onde os ataques são particularmente numerosos.

Os três países da Aliança dos Estados do Sahel constituem um vasto território de 2,8 milhões de quilómetros quadrados que enfrenta constantes ataques de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda ou ao grupo Estado Islâmico há mais de uma década.

Durante este período, a violência tem vindo a agravar-se depois dos golpes militares destes últimos anos no Mali, Burkina Faso e Níger. De acordo com a ONU, os ataques provocaram 2,6 milhões de deslocados na região.

Apesar de a França estar militarmente presente na região há décadas e apesar dos seus contingentes terem sido reforçados em 2013 no âmbito da operação Serval e em seguida Barkhane, os ataques dos jihadistas e de outros grupos criminosos não conseguiram ser impedidos.

Os golpes militares que a partir de 2021 ocorreram no Mali, Burkina Faso e Níger, marcaram uma mudança radical da sua estratégia, cada uma das juntas que tomaram o controlo desses países decidindo prescindir da presença militar francesa nos seus respectivos territórios, antes de oficializar a sua intenção de sair da CEDEAO em Janeiro do ano passado.

Com esta decisão, efectiva a partir do próximo dia 29 de Janeiro, os países da AES pretendem definitivamente virar costas à CEDEAO que acusam de estar ao serviço dos interesses da França, antiga potência colonial.

Ainda recentemente a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental pediu aos três países sahelianos para voltarem atrás nesta decisão, mas depois de chegarem ainda no passado a ameaçar com uma intervenção militar, alguns países da CEDEAO mostram agora sinais de que poderiam aproximar-se senão mesmo juntar-se à Aliança dos Estados do Sahel.

Tal é o caso do Togo, cujo ministro dos Negócios Estrangeiros, Robert Dussey, garantiu no começo deste mês que o seu país poderia juntar-se à Aliança, argumentando que as populações seriam a favor desta eventualidade.

No Gana, cujo Presidente John Dramani Mahama, eleito no final do ano passado, convidou para a sua posse o chefe da junta do Burkina Faso, antes de receber, há dias, o primeiro-ministro do Mali, não dá sinais de animosidade para com os parceiros da AES.

Estes dois países têm vindo, como aqueles que compõem a AES, a enfrentar problemas de segurança.

A posição do Senegal que no ano passado elegeu um novo Presidente e um novo chefe do governo também tem vindo a evoluir, pelo menos relativamente à presença militar da França. Em finais do passado mês de Novembro, o Presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye disse que a "soberania" do seu país "não era compatível com a presença de bases militares" da França no seu território.ANG/RFI

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