EUA/Da saudação nazi às promessas. A tomada de posse de Trump por pontos
Bissau,21
Jan 25(ANG) - O republicano Donald Trump tomou posse como o
47.º presidente norte-americano, numa cerimónia que decorreu na segunda-feira,
em Washington D.C., que ficou marcada pela presença de políticos
internacionais populistas e de extrema-direita. Foram várias
as promessas feitas pelo magnata, que prometeu atacar a "elite corrupta e
radical" do país, ao mesmo tempo que assegurou que "a idade de ouro da América
começa agora".
A primeira-ministra
italiana, Giorgia Meloni, foi a única líder dos 27 Estados-membros da União
Europeia (UE) presente na tomada de posse, onde também estiveram nomes como o
presidente da Argentina, Javier Milei, uma delegação dos Patriotas pela Europa,
encabeçada pelo líder da terceira maior força política do Parlamento Europeu,
Santiago Abascal (Vox espanhol), e altos responsáveis do executivo do
presidente chinês, Xi Jinping. Empresários e multimilionários também não
perderam a cerimónia, nomeadamente o dono da rede social X (Twitter), da Tesla
e da SpaceX, Elon Musk, o presidente da Meta, Mark Zuckerberg, e o fundador da
Amazon, Jeff Bezos.
Os antecessores de Trump,
Joe Biden e Barack Obama - que não esteve acompanhado pela mulher, Michelle -,
Bill Clinton e George W. Bush não faltaram.
Os momentos altos
Tentativa de beijo torna-se
viral
A cartola alongada desenhada
por Eric Javits e envergada por Melania Trump está a correr o mundo. Além de
lhe ter tapado metade do rosto e de ter dado azo a ‘memes’, o acessório foi o
grande protagonista do momento em que Trump e a esposa
se ‘beijam no ar’, mantendo o casal à distância.
Melania, de 54 anos, foi
ainda comparada a desenhos animados e a personagens de filmes, como o astuto
vilão da McDonald's, o Hamburglar, Spy vs. Spye ou Stanley Ipkiss. Mas há mais:
houve até quem dissesse que se vestiu adequadamente "para o funeral da América".
Musk acusado de fazer
saudação nazi (por duas vezes)
Elon Musk, que liderará o
Departamento de Eficiência Governamental, criado pelo governo de Donald Trump,
foi acusado de fazer a saudação
nazi durante o seu discurso, que se seguiu à tomada de
posse do 47.º presidente dos Estados Unidos.
O bilionário, que agradecia
aos presentes, bateu com a mão direita no peito, que ergueu, com o braço
estendido - assemelhando-se ao gesto popularizado por Adolf Hitler. Repetiu,
depois, a saudação, ao virar-se. O momento ficou eternizado em vídeo, que
poderá ver aqui.
Trump presta juramento sem
colocar a mão sobre a Bíblia
Donald Trump não colocou a
mão sobre a Bíblia quando prestou juramento durante a sua tomada de posse. Ao
invés, Melania Trump segurava a Bíblia pessoal do marido, que lhe foi oferecida
pela mãe, e a Bíblia que o presidente Abraham Lincoln usou para prestar
juramento, em 1861.
Saliente-se, contudo, que
não há qualquer exigência legal para que o presidente coloque a mão sobre a
Bíblia, apesar de ser uma prática usual.
De qualquer modo, o magnata
não deixou de agradecer a um poder divino, ao ter considerado que foi “salvo
por Deus para tornar a América grande de novo”.
“O caminho para recuperar a
nossa república não tem sido fácil, isso posso dizer-vos. Aqueles que desejam
travar a nossa causa tentaram tirar-me a liberdade e, na verdade, tirar-me a
vida. Há apenas alguns meses, num belo campo da Pensilvânia, uma bala assassina
atravessou a minha orelha, mas eu senti, nessa altura, e acredito, ainda mais
agora, que a minha vida foi salva por uma razão”, reforçou.
Os indultos, as promessas e
as ordens executivas
Novo presidente perdoa 1.500
atacantes do Capitólio...
O novo presidente dos
Estados Unidos assinou na noite de segunda-feira um decreto a perdoar as cerca de 1.500 de
pessoas condenadas pelo ataque de 6 de janeiro de 2021
ao Capitólio.
O decreto surgiu pouco
depois de o republicano ter anunciado que exerceria o seu poder de indulto logo
no primeiro dia em funções, tal como tinha prometido durante a campanha
eleitoral.
"Isto é para 6 de
janeiro, para os reféns, cerca de 1.500 pessoas que serão completamente
perdoadas", disse.
A decisão surgiu horas
depois de cerca de 50 membros da organização
ultranacionalista 'Proud Boys' terem marchado pelas ruas
de Washington, exigindo o perdão dos seus membros presos.
...e assina ordem executiva
para retirar os Estados Unidos da OMS
Trump assinou também uma
ordem executiva para retirar os Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde
(OMS), um organismo que tinha criticado duramente pela forma como lidou com a
pandemia.
"A OMS defraudou-nos",
acusou, na segunda-feira, justificando a retirada com a diferença entre as
contribuições financeiras dos Estados Unidos e da China para a organização.
No texto, Trump pediu que as
agências federais "suspendam a futura transferência de quaisquer fundos,
apoios ou recursos do governo dos EUA para a OMS" e orientou-as para
"identificar parceiros norte-americanos e internacionais de confiança"
capazes de "assumir as atividades anteriormente realizadas pela OMS".
Sublinhe-se que a saída dos
Estados Unidos poderá obrigar a OMS uma grande reestruturação e prejudicar os
esforços globais de saúde pública, incluindo a vigilância e a resposta a
surtos.
Estados Unidos voltarão a
sair do Acordo de Paris sobre o Clima
O líder anunciou ainda que
voltará a retirar os Estados Unidos do
Acordo de Paris sobre o clima, prejudicando os esforços
mundiais para travar o aquecimento global.
Trump fez este anúncio no
seu discurso de tomada de posse, no Capitólio, no qual também prometeu aumentar
a produção de petróleo dos Estados Unidos e eliminar os subsídios criados pelo
seu antecessor, o democrata Joe Biden, para a compra de veículos elétricos.
Trump restitui pena de morte
a nível federal
Entre as ordens executivas
que Trump assinou, há uma que restabelece a pena de morte a nível federal,
ainda que Biden tenha comutado as sentenças de morte de todos os prisioneiros
que se encontravam no corredor da morte, à exceção de três. A ordem de Trump
também obriga à aplicação da pena de morte em qualquer caso em que alguém seja
condenado por assassinar um agente da autoridade ou se um migrante sem
documentos for condenado por um crime elegível para essa punição.
Canadá e México são os
primeiros alvos da guerra comercial
O presidente dos Estados
Unidos abriu a frente de uma guerra comercial, confirmando a intenção de impor tarifas de
25% sobre os produtos do Canadá e México, a partir de 1 de
fevereiro.
"Estamos a considerar
[tarifas] na ordem dos 25% sobre o México e o Canadá, porque eles deixam muita
gente (...) entrar [nos Estados Unidos], e muito fentanil também", disse,
poucas horas depois da sua tomada de posse.
O republicano anunciou
durante a campanha a intenção de introduzir rapidamente direitos aduaneiros de
25% sobre todos os produtos provenientes do México e do Canadá, se estes países
não travassem o fluxo de droga e de imigrantes ilegais para os Estados Unidos.
Trump promete (novamente)
controlar Canal do Panamá e rebatizar Golfo do México...
Donald Trump prometeu assumir o controlo do
Canal do Panamá, rebatizar o Golfo do México e reforçar
a tributação dos países estrangeiros, confirmando intenções já expressadas para
o segundo mandato na Casa Branca.
No seu discurso na cerimónia
de tomada de posse, Donald Trump sublinhou que o objetivo do acordo e o
espírito do tratado em relação ao Canal do Panamá "foram totalmente
violados", prometendo assumir controlo desta infraestrutura marítima vital
para o comércio global.
"E o mais importante, a
China opera o Canal do Panamá, e nós não o demos à China, demos ao Panamá. E
vamos tomá-lo de volta", justificou.
Noutra intenção já
anteriormente expressada, Trump confirmou também que, em breve, vai mudar o
nome do Golfo do México para "Golfo da América".
… E expulsar "milhões e
milhões" de imigrantes ilegais
O responsável assegurou
que expulsará "milhões e
milhões" de imigrantes ilegais, um dos principais focos
da sua campanha eleitoral.
"Primeiro, declararei o
estado de emergência na nossa fronteira sul" com o México, disse o
presidente, acrescentando que enviará o Exército para
patrulhar essa região.
"Todas as entradas
ilegais serão imediatamente bloqueadas e iniciaremos o processo de devolução de
milhões e milhões de estrangeiros criminosos para onde vieram",
acrescentou.
Entretanto, a nova equipa da
Casa Branca já anunciou que Trump vai terminar com o mecanismo CBP One - uma
aplicação móvel da era Biden que permitiu dar entrada legal a quase um milhão
de imigrantes através de entrevistas 'online', autorizando os solicitantes de
asilo e outros migrantes a agendar horários para se apresentarem em pontos de
entrada na fronteira entre o México e os Estados Unidos.
O novo presidente também
anunciou que designará os cartéis de tráfico de droga como "organizações
terroristas estrangeiras", invocando uma lei de 1798 contra Inimigos
Estrangeiros, dando "poder total" às agências federais para
"eliminar a presença de todos os gangues estrangeiros e redes criminosas
que trazem o crime devastador para solo dos Estados Unidos".
Trump emitiu ainda ordens
executivas para reformular as políticas de imigração, pondo fim ao acesso ao asilo e à
cidadania por direito de nascimento.
Magnata quer levar bandeira
norte-americana a Marte
Donald Trump afirmou que
pretende levar a bandeira
norte-americana ao planeta Marte durante a sua
administração, alcançando "novos e gloriosos horizontes".
"Perseguiremos o nosso
destino manifesto nas estrelas, lançando astronautas americanos para plantar
'as estrelas e as listas' [da bandeira dos Estados Unidos] no planeta
Marte", declarou, sem fornecer detalhes.
Trump reconhecerá apenas
"dois géneros"
O presidente assinou uma
ordem executiva que obriga a sua administração a "reconhecer" apenas
"dois géneros", prometendo "acabar com a ilusão dos
transgéneros".
A ordem executiva visa
"defender as mulheres do extremismo ideológico de género e restaurar a
verdade biológica no Governo federal", disse um funcionário aos
jornalistas sob condição de anonimato, acrescentando que a identidade sexual
dos indivíduos passaria a ser definida exclusivamente pelos gâmetas que
produzem.
"O que estamos a fazer
hoje é afirmar que a política dos Estados Unidos é reconhecer dois géneros:
masculino e feminino", disse a mesma fonte, citada pelas agências
internacionais.
O responsável pretende
também abolir as ajudas federais aos programas de apoio à diversidade na
administração, por considerar que os Estados Unidos estão ameaçados por uma
"invasão" de ideias progressistas.
E quanto às guerras?
Trump revoga sanções contra
colonos israelitas na Cisjordânia...
O novo presidente dos
Estados Unidos revogou uma ordem executiva emitida pelo antecessor, Joe Biden,
que punia os colonos israelitas
acusados de violência contra os palestinianos na Cisjordânia ocupada.
Mal tomou posse na
segunda-feira, o Presidente republicano anulou o texto adotado em fevereiro de
2024, que tinha sido a condição prévia para a aplicação de sanções financeiras
a vários colonos, incluindo um indivíduo acusado de instigar um motim na cidade
palestiniana de Huwara, a sul de Nablus, que levou à morte de um civil
palestiniano.
Na altura, Joe Biden
denunciou como intolerável a violência dos colonos israelitas, que descreveu
como uma "séria ameaça à paz, à segurança e à estabilidade" na
região.
...e pressiona Putin a
negociar acordo de paz com a Ucrânia
Trump convocou pela primeira
vez Vladimir Putin para encontrar um acordo de paz com a Ucrânia, sob pena de a
Rússia correr o risco de ser destruída. Antes, ao felicitar o 47.º Presidente
dos Estados Unidos, o líder russo também prometeu procurar uma "paz
duradoura" com Kyiv.
Ao regressar à Sala Oval
para assinar uma série de ordens executivas, Donald Trump reafirmou que "tinha de falar com o presidente
Putin (...), que ficará muito feliz por pôr fim a esta
guerra".
Pela primeira vez, no
entanto, Trump pressionou claramente Putin a encontrar uma solução para a
guerra, ao considerar que a Rússia estará a caminhar para o desastre se se
recusar a negociar e a selar um cessar-fogo ou um acordo de paz com o
presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Zelensky quer fazer um
acordo. Não sei se Putin o quer, se calhar não quer. [Mas] devia. Acho que ele
está a destruir a Rússia ao não encontrar um acordo", disse.ANG/Lusa
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