França/ Governo confirma que relações com Argélia estão "totalmente bloqueadas"
Bissau, 14 Mai 25 (ANG) - O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, anunciou hoje que Paris vai expulsar diplomatas argelinos como resposta aos 15 funcionários franceses expulsos pela Argélia, considerando que a relação entre os dois países está "totalmente bloqueada".
Em declarações hoje à BFMTV, Barrot confirmou
que "os diplomatas argelinos serão expulsos em resposta" a uma
decisão "injustificada e injustificável".
O chefe da diplomacia gaulesa referia-se a
informações divulgadas pela agência noticiosa oficial local APS, que indicavam
que o Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino tinha notificado o
encarregado de negócios da embaixada francesa em Argel (o embaixador está em
Paris, chamado para consultas pelas autoridades francesas), no domingo, da
expulsão imediata de um grupo 15 funcionários.
O motivo invocado foi o facto de terem
assumido funções diplomáticas ou consulares sem notificação oficial prévia ou
"pedidos adequados de acreditação, tal como exigido pelos procedimentos em
vigor".
Para Barrot, quem fica a perder com estas
expulsões é "o povo argelino".
O chefe da diplomacia francesa deslocou-se a
Argel a 06 de abril para tentar virar a página dos repetidos mal-entendidos
entre os dois países nos últimos meses e, depois de ter sido recebido pelo
Presidente, Abdelmadjid Tebboune, chegou mesmo a prever um reatamento da
cooperação em muitos domínios.
Mas tudo se desmoronou após a detenção em
França, dois dias depois, de um agente consular em Paris, acusado de ter
participado no rapto, em abril de 2024, de Amir Boukhors, um opositor ao regime
argelino que se tinha refugiado em França.
Este facto levou a Argélia a expulsar 12
funcionários franceses e Paris respondeu com uma medida equivalente.
Hoje, Barrot apelou hoje à
"responsabilidade das autoridades argelinas" e também a "um
gesto de humanidade" para com o escritor franco-argelino Boualem Sansal,
detido na Argélia, onde foi condenado a cinco anos de prisão por declarações
que põem em causa a soberania da Argélia sobre uma parte do seu território.
As relações entre a Argélia e a França,
antiga potência colonial até 1962, no final de uma sangrenta guerra de
independência, deterioraram-se fortemente desde o verão passado, com uma
sucessão de desentendimentos em cadeia.
O gatilho foi o facto de, no final de julho,
o Presidente francês, Emmanuel Macron, se ter alinhado totalmente com a posição
de Marrocos sobre o Saara Ocidental (excluindo a possibilidade de um referendo
de independência para a antiga colónia espanhola e apoiando a proposta de uma
maior soberania da Frente Polisário no região), o que levou a Argélia,
principal apoiante do movimento de libertação sarauí, a retirar imediatamente o
seu embaixador em Paris como resposta. ANG/Lusa

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