Espanha/Ministra pede regularização de meio milhão de imigrantes
Bissau, 16 Jul 25 (ANG) - A ministra do Trabalho de Espanha, Yolanda Díaz, apelou hoje à aprovação parlamentar da iniciativa para regularizar a situação de meio milhão de imigrantes e que está em apreciação pelos deputados há mais de um ano.
Sáo 500 mil pessoas que vivem e trabalham em Espanha que "t
êm de estar regularizadas já", disse a ministra, que é também uma das vice-presidentes do executivo liderado pelo socialista Pedro Sánchez e dirigente do Somar, o outro partido de esquerda da coligação governamental.
Yolanda Díaz falava na televisão pública epanhola (RTVE) sobre a
situação na localidade de Torre Pacheco, Múrcia, no sul de Espanha, que nas
últimas cinco noites foi cenário de concentrações e distúrbios de grupos de
extrema-direita que responderam a apelos na Internet para "uma
caçada" a imigrantes.
Os distúrbios e os confrontos entre grupos de extrema-direita e
residentes em Torre Pacheco, onde 30% da população de 40 mil pessoas é
imigrante ou de origem estrangeira, surgiram após um homem de 68 anos da
localidade ter sido agredido por jovens sem razão aparente, segundo contou a
própria vítima, na quinta-feira passada, a meios de comunicação social.
Segundo as forças de segurança espanholas, 13 pessoas foram
detidas desde sábado, três delas por estarem relacionadas com a agressão e as
restantes suspeitas de crimes de ódio, agressões e desordem pública.
A ministra Yolanda Díaz defendeu hoje "toda a
contundência" para travar a violência em Torre Pacheco e apelou à
aprovação da Iniciativa Popular Legislativa para regularização de imigrantes,
que já deu entrada no parlamento em 09 de abril de 2024, mas continua sem
avançar e sem prazo para acabar.
Yolanda Díaz defendeu que que se as pessoas nâo vêm solução para
os "problemas sociais", existe o risco de se colocarem ao lado da
extrema-direita.
Os imigrantes descontam para a segurança social, trabalham e
pagam impostos em Espanaha e têm de ter plenitude de direitos, acrescentou.
A ministra reiterou também a acusação do Governo contra o
partido de extrema-direita Vox de alimentar e provocar situações como a que se
está a viver em Torre Pacheco, com um discurso anti-imigração e que associa os
imigrantes a criminalidade, apesar de nenhuma estatística ou estudo o
confirmar.
Yolanda Díaz criticou também o Partido Popular (PP, direita) por
não condenar explicitamente este discurso do Vox.
O parlamento de Espanha aprovou em 09 de abril de 2024 uma
iniciativa popular subscrita por 612 mil pessoas e 906 associações que pede a
regularização extraordinária de cerca de meio milhão de imigrantes que vivem no
país.
A aprovação desta Iniciativa Legislativa Popular traduziu-se na
admissão para apreciação pelos deputados, com vários partidos que votaram a
favor a adiantarem que iriam propor alterações, incluindo os socialistas, que
estão no Governo.
Só um partido representado no parlamento espanhol não votou a
favor, o Vox.
Segundo as estimativas dos subscritores (que têm já mais de três
anos), entre 390 mil e 470 mil pessoas vivem numa "situação
irregular" em Espanha, um terço delas menores.
Para os autores da proposta, os critérios de acesso a autorizações
de residência são muito restritivos e os procedimentos administrativos para
obter ou renovar essas autorizações são lentos e muito burocráticos, além de
estarem sujeitos a "um grau elevado de arbitrariedade".
A iniciativa popular considera estarem em causa direitos
fundamentais dos imigrantes, a par de perdas económicas e financeiras para
Espanha.
Já houve várias regularizações extraordinárias de imigrantes em
Espanha nas últimas décadas, promovidas tanto por governos de esquerda como de
direita.
Entre 1991 e 1992, um processo extraordinário levou à
regularização da situação de 108.321 pessoas e outro em 1996 abrangeu 21.294.
Em 2000 foram regularizadas 163.352 pessoas e em 2001 um novo
processo abrangeu 239.174 imigrantes.
O processo mais recente tem quase 20 anos e ocorreu em 2005,
quando meio milhão de pessoas conseguiram regularizar a sua situação.ANG/Lusa

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