Mundo em risco de guerra nuclear
Bissau, 02 Mar 17 (ANG) - A aposta da nova Administração dos
Estados Unidos na multiplicação e sofisticação das armas nucleares, para ganhar
vantagem estratégica em relação à Rússia e à China, segundo Donald Trump,
voltou a colocar o mundo sob a ameaça de um conflito nuclear sem precedentes.
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Foto Arquivo |
Especialistas advertem que o clima de insegurança é
mais elevado que nos anos oitenta, quando os dirigentes da ex-União Soviética e
dos EUA se encontraram em Reykjavik para iniciar o processo de redução dos
potenciais nucleares.
Líderes de várias organizações que trabalham em defesa da paz, como os Médicos
Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear (IPPNW em inglês) e o
movimento Pugwash (Cientistas para a Segurança Internacional), avaliaram a
possibilidade de uma guerra nuclear e concluíram que existem sérias ameaças
que, se não forem afastadas, o pior pode acontecer.
O grupo de cientistas e outros especialistas avaliaram a situação mundial em
Moscovo, na Academia de Ciências da Rússia. Algumas dessas organizações
receberam o Prémio Nobel da Paz pela sua contribuição para apaziguar as tensões
internacionais e estabelecer contactos directos entre os dirigentes de Estados
beligerantes, no início das negociações oficiais, quando era necessário parar
um conflito armado ou impedir que este se transformasse numa guerra de
envergadura internacional.
O actual presidente do comité russo da Associação Pugwash, Aleksander Dunkin, e
Sergei Kolesnikov, que representa a IPPNW, receberam os cientistas europeus e
juntos traçaram um plano de acção para diminuir a tensão no mundo,
principalmente na linha de cruzamento dos Estados Unidos e a Rússia.
Após um longo período sem encontros neste formato, foi decidido reatar os
contactos em Moscovo, devido à insegurança que insiste em persistir, numa
altura em que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou um decreto
que aumenta o esforço nuclear.
Os especialistas que participaram do encontro tentaram analisar as iniciativas
que seriam aceitáveis para políticos e diplomatas e podem contribuir para a
redução dos potenciais nucleares mundiais.
Os participantes fizeram chegar uma mensagem ao primeiro-ministro russo, Dmitry
Medvedev, e a outros políticos na Europa. O aumento da tensão entre a OTAN e a
Rússia, na Europa e no Médio Oriente, é comparável ao de tensões na Ásia do
Sul, entre a Índia e o Paquistão e à situação perigosa na península coreana e no
mar da China Meridional, consideram os especialistas.
Pesquisas recentes mostraram que a utilização de 0,5 por cento dos arsenais
nucleares existentes provoca alterações climáticas em todo o planeta, um
declínio de dez anos na produção alimentar e no aumento da fome, que já matou
mais de “ mil milhões de pessoas.
Em resposta a essa ameaça, mais de 120 países que não têm armas nucleares
comprometeram-se a entabular negociações sobre o Tratado de Proibição Total de
Ensaios Nucleares. “Escrevemos a esses dirigentes para exortar os seus países a
se juntarem a estas negociações e encabeçar o processo contra as armas
nucleares”, reza uma nota da organização distribuída à imprensa.
Entre as propostas, foram destacadas a retirada das
armas nucleares dos territórios dos países que não as produzem, a recusa de
fornecer material nuclear e tecnologias de dupla utilização para os chamados
países no “limiar nuclear”, bem como a remoção de material nuclear em excesso
dos programas militares nacionais. O porta-voz do Presidente russo,
Dmitry Peskov, aconselhou a não levar a sério matérias sobre a Rússia que minam
a costa dos EUA com “mísseis-toupeiras” nucleares.
“Anteriormente, um comentador militar da edição Komsomolskaya Pravda, Viktor
Baranets, relatou num texto que a Rússia mina a costa dos Estado Unidos com
mísseis-toupeiras nucleares, que são enterrados e ‘dormem’ até receber um
comando urgente.”
“Pelos vistos, vocês precisam procurar o jornal. Eu, simplesmente, não entendo
sobre o que estão a falar. Isso parece na melhor das hipóteses estranho,
portanto, eu sugiro que não levem a sério tais reportagens”, disse Peskov,
respondendo à pergunta do jornalista da BBC sobre a matéria.
ANG/JA