Moçambique/ Registado 205 crimes de raptos desde 2011 com 302 detidos
Bissau, 09 Abr 25 (ANG) - A polícia moçambicana registou desde 2011 a março deste ano pelo menos 205 crimes de raptos com 302 detidos, disse hoje o Governo, que admite "desafios" para travar o fenómeno.
Segundo dados apresentados pelo ministro de Interior de Moçambique, Paulo Chachine, no parlamento, onde o Governo presta hoje e quinta-feira informações aos deputados, 2013 foi o pico dos crimes de raptos, com 37 casos registados, 2014 com 20, 2015 com 17, 2020 com 16, 2016 e 2024 com 15 casos cada.
Em conexão com os casos, a polícia
moçambicana deteve pelo menos 302 pessoas, tendo sido desativados diversos
locais usados como cativeiros e apreendidas armas de fogo, incluindo bens
móveis e imóveis.
"As províncias mais afetadas por este
tipo legal de crime foram a cidade de Maputo com 133 casos, e seguidamente as
províncias de Maputo e Sofala com 48 e 09 casos, respetivamente", disse
Paulo Chachine.
Só desde janeiro de 2024 a março do ano em
curso, adiantou o governante, foram registados 19 crimes de rapto consumados,
dos quais 15 esclarecidos com a detenção de 33 pessoas e apreensão de pelo
menos 12 armas de fogo, 12 viaturas, 28 telemóveis, dois computadores e quatro
residências usadas como cativeiros.
"Não obstante os resultados operativos
alcançados, prevalecem desafios para o esclarecimento célere dos casos com
vista a consolidar o sentimento de segurança na sociedade moçambicana e
assegurar um ambiente favorável para o investimento nacional e
estrangeiro", admitiu o governante.
Desde 2011, uma onda de raptos afeta
Moçambique e as vítimas são, sobretudo, empresários e os seus familiares,
principalmente pessoas de ascendência asiática, um grupo que domina o comércio
nos centros urbanos das capitais provinciais no país.
Cerca de 150 empresários foram raptados em
Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixou o país por receio, segundo
números divulgados em julho pela Confederação das Associações Económicas de
Moçambique, que defendeu que é tempo de o Governo tomar medidas.
A maioria dos raptos cometidos em Moçambique
é preparada fora do país, sobretudo na África do Sul, disse, em abril de 2024,
no parlamento, a então procuradora-geral da República, Beatriz Buchili.
A polícia moçambicana disse também que
observa os "limites da necessidade, razoabilidade, proporcionalidade e
adequabilidade" face à suposta violência policial contra civis, sobretudo
durante protestos pós-eleitorais, apontando que em casos confirmados são
acionados "mecanismos legais" para a responsabilização criminal.
Paulo Chachine avançou que desde janeiro de
2024 foram instaurados pelo menos 514 processos disciplinares contra membros da
polícia, culminando com a expulsão de pelo menos 73 por práticas de crimes de
burla, extorsão, roubo, ofensas corporais, abuso de cargo e desvio de bens do
Estado.
Entretanto, o ministro do Interior alertou que "alguns episódios de violência policial (...) enquadram-se no âmbito das ações de controlo de massas em situações de grave alteração de ordem pública, de desacato às autoridades policiais, não se esperando outra forma de tratamento se não uma intervenção à altura de prevenir males maiores".ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário