Timor Leste/ Fretilin acusa presidente e primeiro-ministro de destruírem Justiça
Bissau, 16 Abr 25 (ANG) - O secretário-geral da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri, acusou hoje o Presidente, José Ramos-Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, de estarem a destruir o sistema judicial do país.
Mari Alkatiri disse que se trata de uma "ditadura com uma
capa de democracia, orientada e controlada".
"São apenas essas duas pessoas que sabem tudo e fazem tudo,
exercendo um poder absoluto, total, aproveitando-se da fragilidade do sistema
judicial. É só isso. Eu conheço muito bem essas duas pessoas. São eles que não
me conhecem a mim", disse o líder da oposição timorense.
Mari Alkatiri salientou que aquelas "duas figuras"
estão a usar o poder político através do Parlamento Nacional para fazer
alterações e aprovar leis que prejudicam o sistema judicial, dando como exemplo
as alterações à lei da Comissão Anticorrupção (CAC) e à Lei da Organização
Judiciária.
Relativamente às alterações da lei da CAC, Mari Alkatiri referiu
que a escolha do dirigente daquela instituição passou a ser feita por maioria
simples, quando anteriormente era por maioria qualificada.
"Esta alteração à lei também demonstra que, se o comissário
da CAC não trabalhar de acordo com a vontade ou orientação do Governo, este
poderá demiti-lo a qualquer momento", lamentou.
Segundo Alkatiri, a anterior versão da lei exigia consenso no
Parlamento Nacional para a eleição do comissário, com um mandato de cinco anos.
"Por isso, considero que este ato do Governo é contra os
direitos dos cidadãos e contra os princípios do Estado de direito
democrático", explicou.
No que diz respeito às alterações à Lei da Organização
judiciária, que hoje começou a ser debatida no parlamento timorense, Mari
Alkatiri disse que se estão a preparar para permitir que juízes com 20 anos de
experiência possam ser nomeados para a presidência do Tribunal de Recurso.
Isto significa que qualquer juiz escolhido pelo Governo pode ser
nomeado Presidente do Tribunal de Recurso, afirmou Mari Alkatiri.
Para Mari Alkatiri, aquele tipo de ação é extremamente perigoso
porque pode levar à morte do Estado de direito democrático em Timor-Leste e
prejudicar a credibilidade do país no mundo.
Em 2023, após ter tomado posse como primeiro-ministro, Xanana
Gusmão criou um gabinete para reforma do setor da justiça, liderado por Lúcia
Lobato, antiga ministra da Justiça, alegando fragilidades, escassez de recursos
humanos e falta de resposta do sistema.
Numa intervenção proferida em outubro daquele ano, o
primeiro-ministro timorense acusou o setor da justiça de Timor-Leste de ter
deixado de "inspirar confiança" junto da sociedade e de dar a
entender que a corrupção só acontece em "determinado segmento".
ANG/Lusa

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