Portugal/ "Não vale a pena assustarmos com o contrário do que somos", diz Montenegro
Bissau, 16 Abr 25 (ANG) - O primeiro-ministro considerou hoje que o país político convergiu com a linha do Governo por uma imigração regulada e com regras, e insistiu na necessidade de ser aprovado um retorno mais ágil para quem entra ilegalmente.
Estas posições foram
defendidas por Luís Montenegro após ter presidido à cerimónia de assinatura
para a construção de dois novos centros de instalação temporária (CIT) -- um em
Lisboa e outro no Porto --, que terão capacidade para acolher mais de 300
pessoas -- projeto avaliado em 30 milhões de euros e que tem financiamento do
PRR.
No discurso que proferiu no Ministério da Administração Interna,
tendo a ouvi-lo os ministros da Presidência (António Leitão Amaro), da
Administração Interna (Margarida Blasco) e da Coesão (Castro de Almeida), assim
como responsáveis das diferentes forças de segurança, Luís Montenegro insistiu
em duas medidas que o seu Governo minoritário não conseguiu fazer passar no
parlamento, durante a legislatura que agora termina.
"Apesar de termos terminado com o mecanismo da manifestação
de interesse, que era o objeto principal da entrada desregulada de imigrantes
em Portugal, houve um eixo da estratégia que não foi executado. Infelizmente
não dependia só do Governo, dependia da Assembleia da República. Esse eixo era
a criação da Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP e a agilização dos
processos de retorno de cidadãos que se encontram de forma ilegal no nosso
país", apontou.
No entanto, para o primeiro-ministro, além de o Governo ter
cumprido grande parte do seu plano de ação para uma imigração com regras e
humanista, verificou-se também uma aproximação política à linha que adotou nos
últimos 11 meses.
"Se há nota dominante que os últimos meses trouxeram ao
ambiente político português é que, não obstante, uns falarem um pouco mais alto
do que outros e não obstante uns esticarem um bocadinho mais a linguagem do que
outros, a verdade é que esta linha de regulação, de humanismo, de criação de
regras, de aplicação de regras, de consequência no cumprimento do conteúdo das
regras, hoje é uma nota dominante no discurso político de praticamente
todos", sustentou.
Para Luís Montenegro, estamos mesmo perante "uma conquista
do país", porque o país "convenceu-se e conseguiu convergir".
"Importa fazer a pedagogia, de uma forma serena, de uma
forma moderada, de uma forma humanista, dizendo àqueles que chegam a Portugal,
que cumprem as regras e que querem oferecer a sua força de trabalho, que são
bem-vindos, que nós precisamos do seu trabalho, precisamos do seu contributo e
que queremos que a sua integração e o seu acolhimento possam ser plenos",
acentuou.
Depois, demarcou-se dos extremos políticos, embora sem mencionar
os partidos visados pelas suas afirmações.
"Não vale a pena assustarmos o nosso povo com o contrário
daquilo que somos. Somos um povo aberto ao mundo, que construiu pontes em todos
cantos do mundo. Somos um povo com uma cultura de relação que não é
compaginável com um território fechado. Nós estamos abertos a acolher, só que
não podemos confundir essa abertura com uma desregulação completa",
completou. ANG/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário