Portugal/Institutos de saúde da CPLP apontam "impacto devastador" do corte dos EUA
Bissau, 11 Abr 25 (ANG) - Os institutos de saúde
pública da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) alertaram
hoje para o "impacto devastador" no setor dos cortes
no financiamento de programas de ajuda humanitária pelos Estados Unidos da
América (EUA).
A questão da redução do financiamento ao nível
mundial para a saúde poderá ter um impacto devastador, pelas consequências de
os sistemas de saúde, que em muitos países já são frágeis, enfrentarem escassez
ainda maiores das que já temos enfrentado", disse o diretor-geral do
Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS), Eduardo Samo Gudo,
na abertura da reunião da Rede de Institutos Nacionais de Saúde Pública da
CPLP, que decorre em Maputo.
As organizações internacionais e de ajuda
humanitária têm mostrado preocupação, nos últimos meses, devido à multiplicação
de anúncios de cortes na ajuda internacional dos EUA.
A administração norte-americana, sob
liderança de Donald Trump, eliminou 83% dos programas da agência de
desenvolvimento USAID, ou seja, "dezenas de milhões de dólares", que,
até agora, geria um orçamento anual de 42,8 mil milhões de dólares (40 mil
milhões de euros), o que representava 42% da ajuda humanitária desembolsada em
todo o mundo.
Face aos sucessivos anúncios de cortes
na ajuda, Samo Gudo alertou para o surgimento de novas doenças e para o
agravamento das que já existem face à insuficiência de fundos para travar as
mesmas.
"O apelo é global, é para todo o mundo,
a sociedade internacional tem que olhar para a saúde como uma prioridade e os
setores sociais devem continuar a estar no centro de atenções de todas as agendas
globais", disse o diretor-geral do INS de Moçambique.
A mesma preocupação foi apresentada pelo
diretor executivo da rede dos institutos de saúde ao nível da CPLP, Félix
Rosenberg, indicando que as ajudas que estão a ser retiradas eram essenciais para
a realização de pesquisas para acompanhar, prever e tratar surtos de doenças e
epidemias pelo mundo.
"Nesta reunião vamos tratar com muita
ênfase a questão da segurança alimentar e nutricional, basicamente a fome, que
é uma das grandes preocupações no mundo porque é seguramente uma das piores
epidemias. Talvez muito pior que a covid-19, não chama tanta atenção, mas é das
piores epidemias", acrescentou Rosenberg.
A rede de Institutos Nacionais de Saúde
Pública da CPLP nasceu em 2010 e desde então tem vindo a realizar encontros
para debater questões de saúde pública dos países-membros e do mundo.
A reunião da rede dos institutos da CPLP
acontece após a realização da dos Institutos Mundiais em Maputo, que terminou
na quinta-feira com apelos para investimentos em saúde pública, incluindo
na formação dos profissionais, para travar futuras pandemias que ameaçam o
mundo, e à "solidariedade" dos países no combate a novas
doenças.
Na lista de ameaças de futuras pandemias
mundiais, os institutos mundiais elencaram como preocupações o
alastramento de vírus emergentes, como dengue e chikungunya, em todos os
continentes, o aumento a nível mundial de casos de mpox, o aumento da
frequência de surtos de febres hemorrágicas em África, nomeadamente Ébola,
Marburgo, hantavírus, entre outros, e o rápido alastramento de bactérias
altamente resistentes aos antimicrobianos que reduzem as opções de
tratamento medicamentoso das infeções.ANG/Lusa
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