Londres/Tripulação da Ryanair recebeu aviso de ameaça a bordo de avião desviado para Minsk
Bissau, 24 Mai 21 (ANG9 – A companhia aérea irlandesa Ryanair disse hoje que a tripulação do avião em que viajava um jornalista crítico ao regime bielorrusso recebeu um aviso de ameaça à segurança a bordo antes de o aparelho ser desviado para Minsk.
Em comunicado, a Ryanair
disse que o controlo de tráfego aéreo bielorrusso comunicou uma suposta ameaça
à tripulação, dando também “instruções para desviar para o aeroporto mais
próximo, Minsk”.
A empresa de voos
‘low-cost’ acrescentou que nada foi encontrado após o avião aterrar em Minsk.
Autoridades bielorrussas
detiveram o jornalista Roman Protasevich no domingo, depois de o presidente
bielorrusso Alexandr Lukashenko ter ordenado que o voo da companhia aérea
Ryanair de Atenas para Vilnius, capital da Lituânia, fosse desviado para o
aeroporto de Minsk.
Assim que o avião pousou
no aeroporto, os passageiros foram obrigados a um controlo, durante o qual o
jornalista foi detido.
Segundo a Agência France
Presse (AFP), diversos passageiros do avião onde seguia Protasevich disseram
que o jornalista viveu longos minutos de angústia quando percebeu que o voo da
Ryanair seria desviado para Minsk
“Ele começou a entrar em
pânico e disse que era por causa dele”, disse a lituana Monika Simkiene,
de 40 anos, à AFP no domingo, quando o voo finalmente aterrou em Vílnius.
“Ele virou-se para as
pessoas e disse que arriscava a pena de morte”, continuou Monika
Simkiene, observando que o jornalista parecia “muito calmo” depois de ter
chegado a Minsk, certo da sua prisão
A primeira-ministra
lituana, Ingrida Simonyte, foi ao aeroporto de Vílnius para receber o avião,
assim como várias dezenas de activistas da oposição bielorrussa.
Alguns carregavam
bandeiras com as cores da oposição bielorrussa nos ombros e outros
transportavam cartazes proclamando: “Eu sou / Nós somos Roman Protassevich” e
“Ryanair, onde está Roman?”
A prisão do activista
gerou indignação nos países ocidentais, com a NATO e a União Europeia a
levantarem a ameaça de novas sanções contra a Bielorrússia.
Roman Protasevich, de 26
anos, é o ex-editor-chefe do influente canal Nexta, que se tornou na principal
fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após
as eleições presidenciais de Agosto de 2020.
Em Novembro, os serviços
de segurança bielorrussos (KGB), herdados do período soviético, registaram o
seu nome e o do fundador do Nexta, Stepan Putilo, na lista de “indivíduos
envolvidos em actividades terroristas”.
Em Agosto do ano
passado, quando foram desencadeados os protestos na Bielorrússia, a Nexta – que
o New York Times considerou “uma espécie de Rádio Europa Livre para a era da
Internet” – chegou a ser o 15.º canal mais popular de Telegram a nível mundial,
segundo um artigo da página Rest of The World.
A popularidade da Nexta
– e da plataforma de mensagens Telegram – na Bielorrússia prende-se com a
possibilidade que abriu de contornar as restrições à partilha de informação
impostas pelo regime, em particular durante o pico dos protestos. ANG/Inforpress/Lusa
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