Mali/Presidente e primeiro-ministro de transição libertados
Bissau, 27 Mai 21(ANG) – O Presidente do Mali e o
primeiro-ministro de transição, presos na segunda-feira e demissionários de
acordo com os militares, foram libertados durante a noite, disse um oficial
militar à Agência France-Presse (AFP).
“O primeiro-ministro e o
presidente de transição foram libertados por volta das 01:30 (horário local).
Mantivemos a nossa palavra”, disse, sob condição de anonimato.
Diversos membros da
família confirmaram a libertação.
Os dois homens voltaram
para casa, em Bamako, sem que as condições para sua libertação tivessem sido
especificadas, acrescenta a AFP.
A libertação foi uma das
reivindicações da comunidade internacional face ao que corresponde ao segundo
golpe de Estado no Mali em nove meses.
O homem forte no poder
do Mali, o coronel Assimi Goita, fez com que o Presidente, Bah Ndaw, o
primeiro-ministro, Moctar Ouane, mas também o novo ministro da Defesa, que
tinha acabado de ser escolhido, bem como outras personalidades de destaque,
fossem presos na segunda-feira.
O coronel Goita
acusou-os de terem formado um novo Governo sem o consultar enquanto
vice-presidente encarregado das questões de segurança, um papel fundamental num
país em turbulência e com violência de todos os tipos, incluindo ‘jihadistas’.
Os soldados indicaram na
terça-feira que Ndaw e Ouane renunciaram, sem que ninguém soubesse em que
condições.
Desde a sua detenção, o
Presidente e o primeiro-ministro de transição foram mantidos em segredo no
campo militar de Kati, a cerca de 15 quilómetros de Bamako.
A detenção de Ndaw e
Ouane ocorreu horas após o anúncio da composição de um novo Governo formado
pelo primeiro-ministro, o que, segundo várias fontes, causou desconforto entre
os líderes do golpe militar pela exclusão de dois comandantes militares.
O Conselho de Segurança
da ONU condenou hoje, em declaração aprovada por unanimidade, a destituição
pelos militares das autoridades de transição no Mali, sem falar em golpe de
Estado, nem prevendo a possibilidade de medidas coercivas.
“Os membros do Conselho
de Segurança condenam veementemente a prisão do presidente e do
primeiro-ministro responsável pela transição, bem como de outros funcionários
por elementos das forças armadas”, lê-se na declaração tornada pública.
“Impor uma mudança de
rumo da transição pela força, inclusive por renúncias forçadas, (é)
inaceitável”, especifica o texto.
Desde a sua
independência de França, em 1960, o Mali foi palco de vários golpes de Estado,
resultantes de motins por militares em 1968, 1991, 2012 e 2020. ANG/Inforpress/Lusa
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