Visita
de Presidente português/Líder
do PAIGC diz que Portugal deve ser mais criterioso na abordagem de determinadas
questões sobre o país
Bissau,19 Mai 21(ANG) - O
líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, afirmou terça-feira que Portugal deve
ser mais criterioso na forma como aborda determinadas questões, e que não está
em guerra com o Presidente português.
Domingos Simões Pereira,
presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
falava no final de um encontro com o Presidente português na residência do
embaixador de Portugal, em Bissau.
"Eu não estive nunca em
guerra com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Não há aqui pazes entre gente
que não está em guerra", disse Domingos Simões Pereira, quando questionado
se tinha feito as pazes com o Presidente português.
O líder do PAIGC explicou
que se tratou de um encontro de cortesia e que serviu para "explicar
melhor" a posição do partido sobre a visita oficial que Marcelo Rebelo de
Sousa fez a Bissau.
O Presidente português
iniciou segunda-feira uma visita oficial a Bissau, que terminou terça-feira, e
que foi criticada pelo PAIGC.
"A visita de qualquer
estadista português é sempre um momento muito especial para o povo guineense,
contudo há a necessidade de se ter atenção para não emprestar oportunidades de
branqueamento, que não devem ser aceitáveis", apontou Domingos Simões
Pereira.
Para o líder do PAIGC, a
Guiné-Bissau tem atualmente um "regime autoritário, um Presidente da
República autoproclamado, e que se baseia em algo que ele próprio intitulou de
simbólico para a partir daí tomar um conjunto de decisões que vão contra"
a Constituição da Guiné-Bissau.
"Mas tudo isto já era
do conhecimento do Presidente Rebelo de Sousa. Chamamos a atenção para a
necessidade de Portugal ser mais cuidadoso e mais criterioso na forma como
aborda determinadas questões", salientou.
"Muitas visitas podem
ser mais uma visita, a visita de um dignitário de Portugal pode e deve
significar bastante mais, porque tem uma responsabilidade histórica, e é à
volta dessa responsabilidade histórica que tem de se posicionar, senão fica
desfasado e aí é complicada", sublinhou.
Para Domingos Simões
Pereira, é importante o chefe de Estado português perceber "quais são os
desafios que o povo guineense enfrenta e como é que Portugal deve equacionar
essa parceria, que de facto deve existir".
O líder do PAIGC salientou
também que o regime democrático não se faz sem o respeito da lei e, por isso,
os deputados do seu partido no parlamento recusaram participar no encontro com
o Presidente português.
Segundo Domingos Simões
Pereira, Portugal tem obrigação de saber que o atual chefe de Estado guineense
não tomou posse numa assembleia legalmente constituída e que o Governo no poder
resulta de uma iniciativa presidencial, o que considerou uma "aberração
num sistema de governo semipresidencialista".
"Finalmente, quantos
cidadãos políticos, deputados da nação, jornalistas, cidadãos anónimos, foram
agredidos durante esta vigência do mandato, também esperamos que o Presidente
Rebelo de Sousa tenha alguma resposta em relação a estas questões, porque ele
tem uma responsabilidade em relação a isso", concluiu.
Antes de reunir-se com o
líder do PAIGC, o Presidente português recebeu o coordenador do Movimento para
a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, e o presidente do Partido
da Renovação Social (PRS), Alberto Nambeia.
O PAIGC venceu as eleições
legislativas de 2019, mas após ter tomado posse como Presidente, Umaro Sissoco
Embaló demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes e formou um composto pelo
Madem-G15, PRS, APU-PDGB e outros movimentos, que o apoiaram na segunda volta
das presidenciais.ANG/Lusa
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