Moçambique/ Venâncio Mondlane acusa presidente do Podemos de violar acordo
Bissau, 06 Jan 25 (ANG) - O candidato presidencial Venâncio Mondlane acusou o presidente do Podemos, que apoiou a sua candidatura, de violar o acordo pré-eleitoral entre ambos.
Em causa está a posição pública tomada por Albino
Forquilha que admitiu a tomada de posse dos 43 deputados eleitos pelo Podemos,
até agora sem representação parlamentar.
Foi numa nota assinada pelo próprio e enviada no sábado aos
partidos políticos, representações diplomáticas e ao Presidente da República,
que Venâncio Mondlane acusou o presidente do Podemos de violar o acordo
político assinado entre ambos.
Em declarações à RFI, Dinis Tivane, assessor jurídico de Venâncio Mondlane, explica o que está em causa:
Este é um acordo político coligatório. Uma coisa que arrepia aos
pressupostos do acordo é estar a fazer negociações em que o engenheiro
[Venâncio] Venâncio não está porque à luz do acordo existe aquele que
efectivamente tem a liderança política. Aqui não há nenhuma questão
administrativa, o engenheiro nunca vai ser presidente do Podemos, nem membro do
Podemos.
Dinis Tivane acrescenta que o que existe é uma fusão até 2028,
com obrigações a cumprir de parte a parte:
É necessário que politicamente o presidente [Albino] Forquilha
se abstenha de tomar decisões que minam estes objectivos políticos. Portanto, a
condução deste processo para o alcance da verdade eleitoral vai ser conduzida
nos termos que o engenheiro Venâncio [Mondlane] disser.
Os pronunciamentos de Albino Forquilha de que os deputados
eleitos do Podemos poderiam tomar posse está a levantar acesos debates.
O partido até agora extraparlamentar Povo Otimista para o
Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), registado em Maio de 2019 e composto
por dissidentes da Frelimo, viu a sua popularidade aumentar desde o
anúncio, em 21 de Agosto, do apoio à candidatura de Venâncio Mondlane nas
presidenciais, pouco tempo depois de Mondlane ter a sua coligação CAD rejeitada
pelo Conselho Constitucional por alegadas “irregularidades”.
Os resultados promulgados pelo Conselho Constitucional apontam o
Podemos como o maior partido de oposição em Moçambique no próximo parlamento,
com 43 deputados, tirando um estatuto que era da Renamo desde as primeiras
eleições multipartidárias, em 1994. Dos 250 assentos que compõem a Assembleia
da República, a Renamo passou de 60 deputados, que obteve nas legislativas de
2019, para 28 parlamentares. A Frelimo, no poder desde a independência,
manteve-se com uma maioria parlamentar, com 171 deputados. Quanto ao MDM, até
agora terceira força política do país, passa para quarto lugar com oito deputados.
Nas presidenciais, o Conselho Constitucional proclamou Daniel
Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, como vencedor, com 65,17% dos votos,
atribuindo a Venâncio Mondlane o segundo posto com 24,19% dos votos,
enquanto Ossufo Momade, da Renamo, obteve 6,62% dos votos e Lutero
Simango, do MDM, alcançou 4,02% dos sufrágios.
Os resultados oficiais confirmaram a vitória da Frelimo que já
tinha sido anunciada pelo Conselho Nacional das Eleições e que tem sido
contestada nas ruas nos últimos dois meses. Desde então, os confrontos entre a
polícia os manifestantes já provocaram quase 300 mortos e mais de 500 pessoas
feridas a tiro, segundo organizações da sociedade civil que acompanham o
processo.
Nas ruas, a 10 dias da cerimónia de tomada de posse do
novo Presidente da República, as opiniões divergem. O Conselho Constitucional
deliberou que é Daniel Chapo quem vai tomar posse como chefe de Estado, mas nos
últimos dois meses o país foi palco de manifestações de apoio a Venâncio
Mondlane, que também chegou a dizer que tomaria posse a 15 de Janeiro.ANG/RFI
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