Médio Oriente/Hamas rejeita Trégua de Trump, mas diz estar "pronto e sério" para acordo
Bissau, 02 Jul 25 (ANG) - O grupo extremista
palestiniano Hamas manifestou-se hoje disponível para um acordo com Israel que
leve ao fim da guerra em Gaza, mas sem aceitar uma proposta norte-americana
para uma trégua imediata de 60 dias.
O Presidente dos Estados
Unidos, Donald Trump, anunciou na terça-feira que Israel concordou com os
termos de um cessar-fogo de 60 dias em Gaza e apelou ao Hamas para aceitar o
acordo antes que as condições se agravem.
Numa curta declaração, um alto funcionário do Hamas, Taher
al-Nunu, respondeu que o grupo que controla Gaza desde 2007 está "pronto
e sério em relação a chegar a um acordo", segundo a agência
de notícias norte-americana Associated Press (AP).
O Hamas está "pronto a aceitar qualquer
iniciativa que conduza claramente ao fim total da guerra",
acrescentou, no entanto, insistindo na posição de longa data de que qualquer
acordo ponha fim ao conflito em Gaza.
“Estamos a demonstrar um
elevado sentido de responsabilidade e estamos a realizar consults nacionais
para disutir As propostas que nos foram enviadas pelos irmãos mediadores”,disse
o Hamas, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
Trata-se de chegar "a um acordo que garanta o fim da
agressão, a retirada [israelita] e a ajuda urgente ao nosso povo na Faixa de
Gaza", disse ainda, de acordo com a AFP.
"Os mediadores estão a fazer esforços intensos para reduzir
as diferenças entre as partes, chegar a um acordo-quadro e iniciar uma ronda de
negociações sérias" para pôr fim ao conflito, acrescentou, segundo a
agência de notícias espanhola Europa Press.
Uma delegação do Hamas deverá reunir-se hoje com mediadores
egípcios e do Qatar no Cairo para discutir a proposta, de acordo com um
funcionário egípcio, que falou à AP na condição de não ser identificado.
Ao longo dos quase 21 meses de guerra, as conversações sobre o
cessar-fogo entre Israel e o Hamas têm falhado repetidamente sobre se a guerra
deve terminar como parte de qualquer acordo.
O Hamas afirmou que estava disposto a libertar os restantes 49
reféns, menos de metade dos quais estarão vivos, em troca de uma retirada total
de Israel de Gaza e do fim da guerra.
Israel disse que só aceitará acabar com a guerra se o Hamas se
render, desarmar e se exilar, algo que o grupo se recusa a fazer.
Um funcionário israelita afirmou que a última proposta prevê um
acordo de 60 dias que incluiria uma retirada parcial de Israel de Gaza e um
aumento da ajuda humanitária ao território.
Os mediadores e os Estados Unidos dariam garantias sobre as
conversações para acabar com a guerra, mas Israel não está a comprometer-se com
isso como parte da última proposta, disse a mesma fonte à AP.
Israel ainda não comentou publicamente o anúncio de Trump, que
deverá receber o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na
segunda-feira, em Washington.
A atual guerra na Faixa de Gaza, um enclave palestiniano com
mais de dois milhões de habitantes, começou em outubro de 2023, após um ataque
do Hamas contra Israel que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.
A ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque provocou
mais de 57.000 mortos em Gaza, a destruição de grande parte das infraestruturas
do território e uma crise na assistência da população, que se viu privada de
ajuda alimentar e médica.
Das 251 pessoas raptadas em Israel em outubro de 2023, 49
continuavam detidas em Gaza, mas 27 delas foram declaradas mortas pelo exército
israelita.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia. ANG/Lusa

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