Moçambique/Parlamentos lusófonos rejeitam travar cimeira da CPLP na Guiné-Bissau
Bissau, 15 Jul 25 (ANG) - A nova presidente da Assembleia Parlamentar dos países lusófonos, a moçambicana Margarita Talapa, rejeitou hoje qualquer impedimento à realização da próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo da CPLP na Guiné-Bissau, como pedia o parlamento daquele país.
“Penso que temos de
respeitar a separação de poderes. Nós temos as nossas funções como parlamentos
e os chefes do Estado também têm suas responsabilidades. Não vai ser a
Assembleia Parlamentar [da CPLP] que vai decidir a não realização de uma
cimeira", declarou a nova presidente da Assembleia Parlamentar da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (AP-CPLP), Margarida Talapa,
presidente do parlamento moçambicano, ao dirigir a primeira sessão ordinária do
órgão, em Maputo, após tomar posse.
A Guiné-Bissau enviou
hoje uma carta à AP-CPLP pedindo que se "recuse a dar cobertura
institucional a eventos que contradigam os princípios democráticos e os
fundamentos legais da nossa comunidade", referindo-se à realização da
cimeira da CPLP, a decorrer na sexta-feira em Bissau.
Na carta, o
parlamento guineense, que não teve representante na 14.ª Assembleia
Parlamentar da CPLP que termina hoje, indica que "atravessa uma
anomalia constitucional grave".
"A aparência de
estabilidade não pode ocultar a ausência de legalidade democrática. A paz não
se impõe com silêncios. A cidadania não floresce onde o medo se sobrepõe à
liberdade", apontava, denunciando o encerramento do parlamento, que
permanece "militarizado".
Por isso pede ao
órgão que se reforcem os mecanismos de acompanhamento da situação política
e parlamentar nos Estados-membros e que "se abstenha de legitimar
processos de exclusão ou suspensão de parlamentos democraticamente
eleitos".
O Presidente
guineense, Umaro Sissoco Embaló, dissolveu o parlamento do país em dezembro de
2023, antes de passados os 12 meses, fixados pela Constituição, das eleições
legislativas ganhas pela Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka),
liderada pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC).
Bissau acolhe na
sexta-feira a XV Cimeira da CPLP, em que irá assumir a presidência rotativa da
CPLP por dois anos, sucedendo a São Tomé e Príncipe, e deverá ser decidida a
presidência seguinte.
Falando na sessão,
a nova presidente da AP-CPLP prometeu que o órgão vai fazer o devido
acompanhamento da situação de Guiné-Bissau, mas pediu atenção à observância das
atribuições do órgão.
"Nós temos de
respeitar os limites das nossas atribuições e não irmos para além daquilo que
são as nossas atribuições, dos parlamentos. Nós, como
presidente, tomamos [como] posição [que] neste momento vamos
continuar a fazer o acompanhamento da situação da Guiné", acrescentou
Talapa, prometendo igualmente enviar uma equipa de observação ao escrutínio.
"Foram marcadas
as eleições para este ano, vamos fazer o devido acompanhamento, vamos criar
condições para que possamos participar efetivamente como observadores criando
um grupo que irá para lá", disse Margarida Talapa.
Moçambique assumiu
hoje a presidência rotativa da AP-CPLP sucedendo à Guiné Equatorial,
num mandato de dois anos que assume ser focado na paz e inclusão.
"Esta é uma
caminhada que deve ser coletiva, e que cada país deve assumir o seu papel para
o crescimento da organização para promover mais união, coesão e trabalho
conjunto", disse Margarida Talapa, ao assumir o cargo.
Voltou a
prometer apostar no fortalecimento da democracia e Estado de Direito e no
acompanhamento da execução do acordo de mobilidade entre os países-membros,
incluindo a realização de reuniões periódicas com vista a assegurar acordos que
facilitem a mobilidade na CPLP.
Talapa assumiu que
vai focar-se na atração de investimentos privados com harmonização de taxas
alfandegárias e fiscais entre países-membros e na promoção da língua portuguesa
e da cultura dos países da CPLP, incluindo revisão dos estatutos do órgão e
avanços em matérias de igualdade de género.
Fundada em 1996, a
CPLP integra nove países - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné
Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. ANG/RFI

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