ONU/Secretário-executivo da UNECA defende ações urgentes para financiamento inovador em África
Bissau, 15 Jul 25 (ANG) - O secretário-executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defendeu hoje "ações urgentes" para garantir que os sistemas de inovação no financiamento sejam utilizados de forma coordenada e em grande escala.
"As ferramentas
digitais e a ciência orientada para missões podem acelerar a concretização dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mas apenas se os sistemas forem
inclusivos e apoiados por financiamento inovador e real em grande escala",
afirmou Claver Gatete, na abertura do Fórum Político de Alto Nível sobre
Desenvolvimento Sustentável (HLPF) de 2025, que decorre esta semana em Nova
Iorque.
Durante a
participação na sessão sobre a implementação dos ODS, o também
subsecretário-geral das Nações Unidas defendeu igualmente "ações urgentes
para colmatar as lacunas de financiamento global", particularmente em
África, onde as necessidades de financiamento do desenvolvimento têm um défice
de quase 200 mil milhões de dólares (171 mil milhões de euros) por ano.
Claver Gatete
salientou a importância de traduzir a inovação em resultados concretos,
especialmente em África e noutras regiões que enfrentam profundas disparidades
de desenvolvimento, que se revelam nos elevados índices de pobreza.
"Não podemos
acabar com a pobreza se não conseguimos medi-la com precisão", afirmou,
admitindo que "está na altura de passar de medir o que é conveniente para
medir o que é importante" e destacando um novo projeto sobre a medição da
pobreza no continente.
O Índice de Pobreza
Multidimensional (MPI) para os países africanos, lançado recentemente, liga
dados espaciais sobre a pobreza à vulnerabilidade climática, fluxos
migratórios, tendências de paz e segurança e execução orçamental,
proporcionando aos governos uma visão mais completa sobre a alocação de
recursos e a melhoria da proteção social, segundo a UNECA.
No Fórum, Gatete
defendeu um financiamento mais justo, ferramentas mais inteligentes e um
caminho mais inclusivo para 2030 para os países do continente africano, de
acordo com um comunicado da UNECA enviado à Lusa.
Durante as reuniões
que decorrem em Nova Iorque, a ONU considerou "altamente improvável"
erradicar a pobreza extrema até 2030 devido à lenta recuperação dos impactos da
pandemia da covid-19, à instabilidade económica, aos choques climáticos e ao
crescimento lento na África subsaariana, segundo um relatório hoje divulgado.
A erradicação da
pobreza é o primeiro dos 17 ODS das Nações Unidas - cujo prazo de alcance está
fixado em 2030 - e visa acabar com a pobreza em todas as suas formas e em todos
os lugares.
Contudo, segundo o relatório
anual sobre o progresso nos ODS, hoje apresentado pelo secretário-geral da ONU,
António Guterres, a meta de 2030 está cada vez mais longe de ser
alcançável, com uma em cada 10 pessoas em todo o mundo a viver
atualmente na pobreza extrema.
A ONU estima que
este ano 808 milhões de pessoas viverão em extrema pobreza -- acima da
previsão anterior de 677 milhões de pessoas -- representando 9,9% da população
mundial, ou uma em cada 10 pessoas.
Mais de três quartos
da população global em pobreza extrema viverão na África subsaariana ou em
países frágeis e afetados por conflitos, frisa.
Na divulgação do
relatório anual dos progressos nos ODS, a ONU sublinhou ainda que, uma década
após a adoção da Agenda 2030, só 35% das metas estabelecidas estão no
bom caminho para serem alcançadas ou apresentam progressos moderados,
enquanto quase metade está a avançar muito lentamente e 18% regrediram.
"Estamos perante
uma emergência de desenvolvimento", admitiu o secretário-geral da ONU,
António Guterres, na apresentação do relatório na sede das Nações Unidas, em
Nova Iorque.
Embora milhões de
vidas tenham melhorado nos últimos anos com os apoios em saúde, educação,
energia e conetividade digital, o ritmo da mudança continua "a ser
insuficiente" para atingir os Objetivos até 2030, de acordo com o
documento.ANG/Lusa

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