Portugal/Português em greve de fome até Portugal reconhecer estado da Palestina
Bissau, 03 Jul 25 (ANG) - Um ativista dos direitos humanos português entrou hoje no terceiro dia de uma greve de fome por tempo indeterminado para pressionar o Governo português a reconhecer a Palestina como Estado e ajudar a pôr termo ao que considera um genocídio.
Em declarações à agência Lusa, Nuno Gomes, 57
anos, camionista de pesados nos transportes internacionais, encontra-se ora em
frente ora no jardim lateral da Assembleia da República (Parlamento) desde
terça-feira, em Lisboa.
"As razões [da greve de fome] passam por
denunciar o genocídio que está a acontecer em Gaza, que não é noticiado
devidamente em Portugal. Não é uma guerra que está a acontecer em Gaza, não é
um conflito que está a acontecer em Gaza, é um genocídio", sublinhou
Nuno Gomes, natural de Lisboa e residente em Coimbra.
Para o ativista, que tem estado acompanhado
pela mulher e pelos dois filhos, bem como por diversos amigos e ativistas, o
governo português recusa-se a reconhecer o Estado da Palestina, "mas tem
de forçar a ação de entrada de ajuda humanitária com caráter urgente em
Gaza".
Exige também a entrada de ajuda humanitária
em Gaza e que as televisões generalistas portuguesas mostrem a "realidade
do genocídio" nos territórios palestinianos perpetrado por Israel.
"O terceiro aspeto, é a parte da
comunicação social, que é muito permissiva também nestes assuntos, e que
continua a não mencionar com a frequência que deveria que o que está a
acontecer em Gaza é um genocídio, não é uma guerra, não é um conflito, é um
genocídio", insistiu.
Questionado pela Lusa sobre o facto de o
Governo português não reconhecer o Estado da Palestina, Nuno Gomes, que está a
fazer a greve de fome no período de férias do trabalho, respondeu que o vê com
"uma grande revolta".
"É por isso que entro depois nesta ação.
Já foi aprovado no Parlamento o reconhecimento do Estado da Palestina, e não é
posto em prática. O Governo tem de agir. Não podemos andar a enganar os
portugueses assim desta forma. O Estado da Palestina tem o direito a ser
reconhecido de acordo com o direito internacional, e o Governo português tem a
obrigação de o fazer, até porque tem na Constituição da República que diz no
artigo 7 que tem de o fazer", acrescentou.
Sobre quanto tempo irá prosseguir com a greve
de fome, Nuno Gomes explicou que vai durar "até que o governo reconheça o
Estado da Palestina, até que a ajuda humanitária entre em Gaza, e até que as
televisões também do 'mainstream', RTP, SIC, TVI, comecem a dar as notícias de
forma devida que não estão a fazê-lo".
Se nenhuma das três reivindicações for
atendida, Nuno Gomes disse que irá, mesmo assim, continuar com a greve de fome.
"Propus-me a fazer esta greve por tempo
indeterminado, e só saio daqui quando eles pararem, quando eles efetuarem
aquilo a que eu me propus. É claro que corremos riscos pelo facto de estarmos
vivos. Uma greve de fome por tempo indeterminado pode provocar a morte, é
correto", admitiu, desdramatizando, porém, a situação.
"Mas é assim, nós temos de fazer algo,
nós temos de fazer algo em prol da causa, pois é um genocídio que está em
causa, e são crianças que estão em causa, e não acho que seja preocupante do
meu lado agora, estar a pensar numa coisa que eu não sei se vai acontecer ou se
não vai acontecer. O foco desta luta que estou aqui a fazer, são as crianças
que estão a ser assassinadas em Gaza, e é nisso que eu me vou focar, e não vou
tirar o meu foco daí", concluiu.
A guerra foi desencadeada pelo ataque sem
precedentes do movimento islamista palestiniano Hamas ao sul de Israel, a 07 de
outubro de 2023.
O ataque causou a morte de 1.219 pessoas do
lado israelita, na sua maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP
realizada a partir de dados oficiais, e 49 das 251 pessoas sequestradas nesse
dia continuam reféns em Gaza, das quais 27 foram declaradas mortas pelo
exército israelita.
Mais de 57.000 palestinianos, na maioria civis, foram mortos na campanha de retaliação militar israelita na Faixa de Gaza, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Governo do Hamas para Gaza, considerados confiáveis pela ONU.ANG/Lusa

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