Justiça/Advogado denuncia inação judicial e condições
precárias de militares detidos
Bissau,04
Set 24(ANG) - O advogado dos militares detidos alegadamente por envolvimento no
caso de 1 de Fevereiro, considera que o silêncio da justiça, influenciado pelo
poder político, tem agravado o processo sobre os seus constituintes, acusados
de tentarem um golpe de Estado.
O
advogado reagiu nesta terça-feira, em Bissau, à não execução da ordem judicial
emitida há 41 dias pelo coletivo de juízes do Tribunal Militar Superior, que determinou
a imediata libertação dos suspeitos do
alegado golpe de Estado, que resultou na morte de 11 pessoas, entre militares e
civis.
Em
entrevista à Rádio Sol Mansi, Marcelino Intupe acusou o poder judicial de atuar
em harmonia com o poder político, mantendo seus constituintes em detenção
ilegal.
“Há uma combinação harmónica entre o poder
político e poder judicial, e esta combinação permitiu que o poder judicial
mantenha-se em silêncio deixando o poder político agravar a situação dos
detidos”, afirmou o advogado.
Em
julho passado, o Tribunal Militar Superior ordenou a libertação imediata dos
civis e militares acusados de tentativa de golpe de Estado no dia 1 de Fevereiro
de 2022.
Segundo
o Acórdão consultado citado pela Rádio Sol Mansi, o Tribunal Militar Superior
deu provimento ao recurso de agravo interposto pela defesa dos detidos, que,
entre outros pontos, questionava a constituição do Tribunal Militar Regional
para o julgamento dessas pessoas.
Em
reação, o advogado Marcelino Intupe afirmou que o processo já se encontra em
fase de esgotamento jurisdicional, acusando também o Tribunal Regional Militar
de receio face ao cumprimento da decisão do Tribunal Militar Superior (TMS).
“O sequestro de juízes não pode impedir o
andamento do processo,porque a decisão de um juiz é irreversível”,
concluiu Intupé acusando igualmente o Tribunal Regional Militar de receio em
cumprir a ordem do Tribunal Militar.
O
acórdão, divulgado em 23 de julho e assinado por três juízes, ordenou a
revogação da prisão preventiva aplicada aos suspeitos de envolvimento na
tentativa de golpe, "por
ultrapassar de longe os prazos legais de sua duração",
determinando que fossem restituídos à liberdade.
No
mesmo documento, a corte suprema militar ordenou ao tribunal competente no
processo que aplicasse "outras
medidas de coação adequadas ao caso concreto de cada suspeito, enquanto
aguardam a audiência e julgamento”.ANG/Sol Mansi
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