Àfrica do Sul/Presidente Ramaphosa acusa ONU de prejudicar países em desenvolvimento
Bissau, 07 Abr 22 (ANG) – O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, acusou hoje a ONU de prejudicar países em desenvolvimento, afirmando que a invasão russa na Ucrânia expôs a sua incapacidade de manter a paz e a segurança mundiais.
“A
actual composição do Conselho de Segurança da ONU está desactualizada e é pouco
representativa. Prejudica os países com economias em desenvolvimento”, declarou
Ramaphosa, na abertura de uma conferência de representantes da diplomacia
externa sul-africana na capital do país, Pretória.
A
Conferência de Chefes de Missão de 2022 (HoMC22) do ministério das Relações
Internacionais e Cooperação da África do Sul (DIRCO), é uma plataforma de
discussão estratégica anual entre os diplomatas seniores sul-africanos
destacados internacionalmente, segundo a presidência da República sul-africana.
O
encontro, subordinado ao tema “Posicionar a diplomacia da África do Sul
globalmente para avançar as prioridades domésticas na era pós-covid-19”, visa
debater os objetivos da actual administração de Pretória, com foco especial nas
iniciativas de recuperação económica do país.
Na
ótica do líder sul-africano, “toda a arquitetura de paz e segurança das Nações
Unidas precisa de ser reavaliada”, acrescentando que a tomada de decisões na
ONU deve ser “democratizada” para que o Conselho de Segurança “possa ser fiel
ao seu mandato e ir além da paralisia provocada por alguns Estados-membros”.
“Os
países poderosos não devem ser autorizados a desrespeitar o direito
internacional”, vincou Ramaphosa.
“Precisamos
de conter as acções unilaterais desses países para moldar a política global
através de agressão e outras medidas coercitivas, como a imposição de sanções
unilaterais”, adiantou.
Segundo
o chefe de Estado, “o conflito expôs a incapacidade do Conselho de Segurança da
ONU de cumprir o seu mandato de manter a paz e a segurança internacionais”.
O
presidente da África do Sul, a economia mais desenvolvida do continente,
considerou que “o conflito na Ucrânia teve um impacto extraordinário nos
assuntos globais e esses desenvolvimentos continuarão a definir as relações
internacionais no futuro”.
Ramaphosa
frisou que “o conflito causou extensa destruição e imenso sofrimento humano”,
reiterando que Pretória permanece “comprometida” com a Carta das Nações Unidas,
incluindo “o princípio de que todos os membros devem resolver as suas disputas
internacionais por meios pacíficos”.
“Apoiamos
o princípio de que os membros devem abster-se da ameaça ou do uso da força
contra a integridade territorial ou a independência política de outros
Estados”, referiu.
Nesse
sentido, o líder sul-africano instou as partes a procurarem uma solução
política negociada para a guerra na Ucrânia.
“Incentivamos
os nossos parceiros internacionais a considerarem medidas de construção de
confiança que aproximem as partes, em vez de adoptarem medidas que alienem
ainda mais as partes e resultem na escalada do conflito armado”, salientou.
O
Presidente Ramaphosa afirmou que a África do Sul está “profundamente
preocupada” com as implicações mais amplas do “conflito” na Ucrânia para a
recuperação económica global, que afectou as cadeias de abastecimento globais,
elevando o preço de bens essenciais e “mergulhou o mundo numa nova era de
instabilidade económica e incerteza”.
Segundo
o chefe de Estado, “o foco na agenda africana e os recursos alocados foram
desviados, e as questões globais urgentes como as mudanças climáticas foram
eclipsadas pelas crescentes tensões globais”.
“A
nossa responsabilidade fundamental como comunidade global é garantir que o
sofrimento humano na Ucrânia acabe e que uma paz sustentável e justa seja
alcançada”, frisou Rampahosa, falando igualmente em conflitos noutras regiões,
nomeadamente Iémen, Palestina, Líbia, Mali, Somália, Sudão do Sul, Moçambique e
leste da RDCongo”.
Nesse
sentido, Ramaphosa salientou que a África do Sul “continuará a alavancar a sua
participação em fóruns multilaterais para promover a causa da paz”.
Todavia,
frisou: “Defenderemos a nossa posição não-alinhada e manteremos uma política
externa independente”, referiu o Presidente da África do Sul, um aliado da
Rússia que se tem recusado a condenar a invasão da Ucrânia.
“Perseguiremos
o nosso interesse nacional enquanto procuramos os interesses comuns de nossa
humanidade global”, adiantou.
ANG/Inforpress/Lusa
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