Sahel/Mais de seis milhões de crianças deverão sofrer de malnutrição este ano
Bissau, 06 Abr 22(ANG) – Mais de seis milhões de crianças com menos de 5 anos deverão sofrer este ano de malnutrição aguda em seis países do Sahel e as vidas de pelo menos 900 mil estarão em risco, alertam hoje várias organizações.
O
alerta é do grupo de trabalho para a Nutrição na África Ocidental e Central, que
reúne agências das Nações Unidas e organizações não-governamentais, incluindo a
Save the Children, a Unicef, o Programa Alimentar Mundial ou a Organização
Mundial de Saúde.
Em
comunicado, o grupo apelou hoje aos doadores para aumentarem urgentemente os
seus donativos para responder às necessidades alimentares das crianças
afetadas, intensificando também intervenções para prevenir a malnutrição
infantil na região.
Segundo
o grupo, o número de crianças que sofrem de malnutrição aguda no mundo nunca
foi tão alto como este ano, após um aumento de 27% face a 2021 e de 62% face a
2018.
O ano
de 2022 é o quinto consecutivo com recordes de malnutrição infantil, sublinham
as organizações.
Só no
Sahel, a ONU estima que o número de crianças com menos de 5 anos com malnutrição
aguda atinja este ano 6,3 milhões, quando no ano passado era de 4,9 milhões.
“Quando
os conflitos, a insegurança, as crises socioeconómicas e os recorrentes
fenómenos climáticos extremos na região continuam a deteriorar e agravar a
nutrição das crianças, precisamos de mudar (…) para abordar as necessidades de
uma forma sustentável”, disse a diretora regional da Unicef para a África
Ocidental e Central, Marie-Pierre Poirier, citada no comunicado.
Defendendo
que o tratamento da malnutrição continua a ser imperativo para salvar as
crianças mais afetadas, a responsável pediu uma mudança de paradigma, para que
o foco seja em aumentar as intervenções no sentido da prevenção.
“Chegou
o momento de abordar as causas da malnutrição das crianças na região com
determinação e urgência. As crises recorrentes da última década chamam-nos a
acelerar os esforços e aproveitar as oportunidades para reimaginar a nutrição
com os nossos parceiros nos governos e com o apoio crucial dos doadores para,
colectivamente, pormos a região na trajectória certa para proteger as crianças
da malnutrição”, apelou.
O
grupo de trabalho diz que, para prevenir o baixo peso em crianças de 6 a 23
meses e das grávidas e lactantes através de suplementos em nove países serão
precisos 93,4 milhões de dólares (85,5 milhões de euros), havendo um défice de
financiamento de 56,2 milhões (51,4 milhões de euros).
Para
tratar o baixo peso, o défice de financiamento é de 35,5 milhões de dólares
(32,5 milhões de euros) para a forma moderada do problema e 42 milhões (38,4
milhões de euros) para a forma grave, que coloca em risco a vida das vítimas.
Com a
guerra na Ucrânia a provocar um aumento dos preços dos alimentos, aumentando a
pressão sobre as populações já muito afectadas por crises, o representante da
Action Against Hunger para a África Ocidental e Central, Mamadou Diop, teme que
“uma insegurança alimentar e nutricional severa esteja próxima se não se agir
em todos os pontos quentes”.
O
grupo de trabalho alerta ainda que a falta de diversidade nutricional das
crianças é um desafio na África Ocidental e Central, com apenas 21% dos menores
de 2 anos a receberem o número mínimo de grupos alimentares para crescerem com
saúde. ANG/Inforpress/Lusa
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