EUA/Merkel revela como lidava com Trump(e conselhos de Papa Francisco)
Bissau,21
Nov 24(ANG) - A ex-chanceler alemã contou que não ficou com u
ma "boa
sensação" sobre Donald Trump durante a sua visita à Casa Branca, em 2017.
"Concluí das minhas conversas: Não haveria trabalho conjunto para um mundo
em rede com Trump", lamentou.
A ex-chanceler
da Alemanha, Angela Merkel, que esteve no cargo durante 16 anos, até 2021,
revelou como lidou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump,
durante o primeiro mandato do republicano na Casa Branca, entre 2017 e 2021.
No seu próximo livro de
memórias, cujos excertos foram publicados pelo semanário alemão Die Zeitn e
citados pelo POLITICO, Merkel - que se tem
mantida afastada da opinião pública - lembrou as primeiras interações que teve
com Trump, incluindo quando ameaçou sair do Acordo de Paris sobre alterações
climáticas.
"Ele
julgava tudo na perspetiva do empresário imobiliário que tinha sido antes da
política", escreveu. "Cada propriedade só podia ser atribuída
uma vez. Se ele não a conseguisse, outra pessoa conseguiria. Era também assim
que ele via o mundo".
Segundo Merkel, para
Trump, "todos os países
estavam em competição uns com os outros, em que o sucesso de um era o fracasso
do outro". "Não acreditava que a prosperidade de todos
pudesse ser aumentada através da cooperação", apontou.
A antiga líder da União
Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) contou que chegou a pedir conselhos
ao Papa Francisco sobre como lidar com Trump, na altura em que este ameaçou
retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, que foi assinado em 2015 por 194
países e pela União Europeia.
"Sem
citar nomes, perguntei-lhe como lidaria com opiniões fundamentalmente
diferentes num grupo de personalidades importantes",
adiantou Merkel, acrescentando que o pontífice a compreendeu
"imediatamente".
"Respondeu-me
de forma direta: 'Curve-se, curve-se, curve-se, mas certifique-se de que não se
parte'", recordou.
"Gostei desta imagem.
Repeti-a para ele. 'Curve-se, curve-se, curve-se, mas certifique-se de que não
se parte'. Neste espírito, eu tentaria resolver o meu problema com o Acordo de
Paris e Trump em Hamburgo", frisou.
No livro, a ex-líder alemã
recordou o encontro que teve com Trump na Casa Branca, em março de 2017, apenas
poucos meses após o então presidente ter tomado posse.
"Falámos
a dois níveis diferentes. Trump a um nível emocional, eu a um nível
factual", escreveu Merkel. "Quando ele prestava atenção aos
meus argumentos, normalmente era apenas para construir novas acusações a partir
deles".
De regresso à Alemanha, a
ex-chanceler afirmou não ter tido uma "boa sensação" sobre o
presidente norte-americano. "Concluí
das minhas conversas: Não haveria trabalho conjunto para um mundo em rede com
Trump".
No mesmo encontro, recordou
ainda Merkel, Trump perguntou-lhe a sua opinião sobre o presidente da Rússia,
Vladimir Putin. "Donald Trump fez-me uma série de perguntas, incluindo
sobre as minhas origens na Alemanha de Leste e a minha relação com Putin",
escreveu, frisando que "ele estava obviamente muito fascinado pelo
presidente russo".
"Nos
anos que se seguiram, tive a impressão de que os políticos com traços
autocráticos e ditatoriais o cativavam", acrescentou.
Sublinhe-se que Angela
Merkel foi considerada a mulher mais poderosa do mundo pela revista Forbes durante
mais de 10 anos consecutivos. Foi chanceler da Alemanha, a maior economia da
Europa, entre 2005 e 2021, sendo substituída por Olaf Scholz.ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário