Comunicação Social/Aumento da repressão global da imprensa com 361 jornalistas presos
Bissau,
16 Jan 25(ANG) - O número de profissionais de comunicação social presos em todo
o mundo atingiu em 2024 um total de 361, o segundo máximo de sempre, indica um
novo relatório divulgado pelo Comité para a Proteção dos Jornalistas
(CPJ).
Segundo
o documento, até 01 de dezembro do ano passado, China, Israel e Myanmar (antiga
Birmânia) foram os principais responsáveis pela prisão de repórteres, seguidos
pela Bielorrússia e pela Rússia.
Os 361 jornalistas atrás das
grades representam o segundo maior número desde o recorde global estabelecido
em 2022, quando o CPJ documentou pelo menos 370 profissionais detidos na
sequência do respetivo trabalho.
Os principais fatores de
prisão de jornalistas em 2024, refere o CPJ, foram a repressão autoritária
contínua, a guerra e a instabilidade política ou económica.
"Muitos países,
incluindo China, Israel, Tunísia e Azerbaijão, estabeleceram novos recordes de
prisão. Esses números devem ser um alerta para todos nós", disse a CEO do
CPJ, Jodie Ginsberg.
"Um aumento dos ataques
a jornalistas precede quase sempre um aumento dos ataques a outras liberdades
-- a liberdade de dar e receber informações, a de se reunir e de se deslocar
livremente, a de protestar. Estes jornalistas estão a ser detidos e punidos por
exporem a corrupção política, a degradação ambiental, as irregularidades financeiras
--, todas as questões que interessam à nossa vida quotidiana", frisou
Ginsberg.
A Ásia continua a ser
a região com o maior número de jornalistas detidos em 2024, representando mais
de 30% (111) do total global.
Além dos principais
carcereiros - China, Myanmar e Vietname - também foram presos jornalistas no
Afeganistão, Bangladesh, Índia e Filipinas.
"A censura generalizada
na China, que durante anos foi um dos países que mais prendeu jornalistas em
todo o mundo, torna notoriamente difícil determinar o número exato de
jornalistas presos nesse país", refere-se no documento.
No entanto, as detenções não
se limitam à China continental, tradicionalmente considerada altamente
repressiva.
Entre os detidos conta-se o
cidadão britânico Jimmy Lai, empresário baseado em Hong Kong, fundador do
jornal pró-democracia Apple Daily, detido desde 2020 em regime de isolamento
naquele território autónomo chinês.
Atualmente, Jimmy Lai está a
ser julgado sob acusações que incluem conluio com forças estrangeiras.
O combate à prisão de
jornalistas é um dos principais focos do CPJ, que fornece aos profissionais
apoio financeiro para cobrir os custos de honorários legais, bem como recursos
para ajudar as redações a prepararem-se melhor ou a mitigarem as ameaças de
assédio e ação legal.
A organização também faz
esforços concertados para defender a libertação de jornalistas cujos casos
poderiam reverter ou travar a onda de criminalização.
Segundo o CPJ, no Médio
Oriente e no Norte de África foram detidos 108 jornalistas, quase metade deles
por Israel. Em 2024, especialistas jurídicos da ONU determinaram que Israel
violou o direito internacional na detenção de três jornalistas
palestinianos.
No espaço lusófono, o CPJ
apenas refere o caso do jornalista angolano Carlos Alberto, que ainda estava
preso a 01 de dezembro, apesar de se ter tornado elegível para liberdade
condicional no mês anterior, depois de a sentença de três anos por difamação
criminal ter sido reduzida para 27 meses sob uma lei de amnistia de 2022.
Além da Bielorrússia
(31 detidos) e da Rússia (30), a contínua repressão do Azerbaijão (13) contra
os meios de comunicação social independentes tornou-o um dos principais
responsáveis pela detenção de jornalistas na Europa e na Ásia Central em 2024.
A Turquia (11) já não se
encontra entre os principais responsáveis pela prisão de jornalistas, mas a
pressão sobre os meios de comunicação independentes continua a ser
elevada.
O mesmo acontece em África e
na América Latina e Caraíbas, onde o número de detenções é inferior ao de
outras regiões, mas onde persistem as ameaças contra o jornalismo.
O México, por exemplo, não
tem nenhum jornalista preso, mas é um dos locais mais perigosos para ser
jornalista fora de uma zona de guerra. Na Nigéria, com quatro jornalistas atrás
das grades a 01 de dezembro, dezenas de jornalistas foram atacados e detidos
quando tentavam cobrir protestos e distúrbios civis.
O Senegal, que manteve um
jornalista na prisão na data do recenseamento de 2024, também prendeu e agrediu
jornalistas que cobriam protestos políticos.
"Globalmente, o CPJ
descobriu que mais de 60% - 228 - dos jornalistas presos enfrentavam acusações
anti-estatais abrangentes, incluindo acusações frequentemente vagas de
terrorismo ou extremismo em países como Myanmar, Rússia, Bielorrússia,
Tajiquistão, Etiópia, Egito, Venezuela, Turquia, Índia e Bahrein", lê-se
no relatório.
As acusações foram geralmente feitas contra repórteres de grupos étnicos marginalizados e cujo trabalho se centra nas suas comunidades.ANG/Lusa
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