Migração/Pelo menos 50 mortos em embarcação que tentava chegar às Canárias
Bissau.16 Jan 25(ANG) - Pelo menos 50 pessoas que iam a bordo de uma embarcação que tentava chegar às ilhas Canárias a partir da costa ocidental de África morreram após 13 dias no mar, anunciou hoje a organização não-governamental (ONG) Caminando Fronteras.
"Morrem cinquenta pessoas num 'cayuco' que
se dirigia às ilhas Canárias, 44 das vítimas eram paquistanesas. Passaram 13
dias de travessia angustiante sem que chegasse salvamento", escreveu a
porta-voz da ONG espanhola, Helena Maleno, na rede social X.
Helena Maleno disse à
agência de notícias EFE que a ONG soube hoje da morte destas pessoas porque as
autoridades de Marrocos resgataram na quarta-feira 26 sobreviventes que iam no
mesmo 'cayuco' ou 'patera', como são conhecidas em Espanha as embarcações
precárias em que milhares de migrantes tentam cruzar o Mediterrâneo ou o
Atlântico a partir de África com o objetivo de alcançarem costas europeias.
Segundo a Caminando
Fronteras, as primeiras informações que recolheu sobre este caso indicam que a
embarcação saiu com 86 pessoas a bordo, mas não descarta a possibilidade de
serem mais e de o número de vítimas ser maior.
Quanto às autoridades
espanholas, os serviços de Salvamento Marítimo disseram não ter informação
porque não houve meios de Espanha envolvidos no resgate dos sobreviventes, que
ficou a cargo de Marrocos.
O Governo regional das
Canárias, por seu turno, considerou este caso "uma tragédia".
"Há um problema
gravíssimo com a imigração nas Canárias, onde todos os dias sabemos de mais
mortos", disse à rádio Cadena SER o conselheiro (equivalente a ministro
num executivo central) Mariano Hernández Zapata.
A Caminando Fronteras
elabora anualmente um relatório sobre os migrantes que morrem no mar a tentar
chegar a Espanha, com base em dados oficiais e de associações de comunidades
migrantes, assim como testemunhos e denúncias tanto das comunidades como de
famílias de desaparecidos, seguindo metodologias usadas pelas ONG para
contabilizar vítimas em diversos pontos do mundo, como acontece na fronteira
entre o México e os Estados Unidos.
Segundo o último relatório,
morreram 10.457 pessoas no mar no ano passado a tentar chegar a Espanha, 93%
das quais na rota atlântica para as ilhas Canárias, que, realçou a ONG,
"continua a ser a mais letal a nível mundial".
Espanha aproximou-se em 2024
do número recorde de chegadas irregulares de migrantes que o país atingiu há
seis anos, com 63.970 entradas, um aumento de 12,5% face a 2023, segundo o
Ministério da Administração Interna espanhol.
Em 2018, o país atingiu um
máximo histórico de entradas irregulares: 64.298.
No ano passado, a maior
parte das entradas foi feita por via marítima e dessas a grande maioria, 73% do
total, foi feita pela rota das Ilhas Canárias, através da qual cerca de 46.843
pessoas tentaram alcançar território espanhol, mais 17% do que no ano anterior.
As autoridades espanholas
dizem que há desde há meses um aumento do número de pessoas oriundas de África
a tentar chegar às Canárias em embarcações que saem de África, sobretudo, da
Mauritânia.ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário