Cabo
Verde/Presidente da
República veta estatuto do pessoal docente
Bissau, 06 Set 24 (ANG) – O presidente da República de
Cabo Verde ,José Maria Neves vetou o decreto-lei do Governo que aprova o Plano
de Carreiras, Funções e Remunerações (PCFR) do Pessoal Docente.
Os sindicatos aplaudem decisão e o Governo fala em “duro golpe” para a
valorização dos profissionais.
Ao justificar o veto, numa missiva enviada ao chefe do Governo,
o Presidente da República de Cabo Verde escreveu que “várias questões
fracturantes e que têm suscitado uma grande onda de descontentamento e
conflitualidade social com os sindicatos dos professores não se encontram razoavelmente
acomodadas no decreto-lei".
Os sindicatos, que pediram ao chefe de Estado para não promulgar
o diploma, mostraram-se satisfeitos com a decisão de José Maria Neves. João
Cardoso, presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep), não ficou
surpreso com o veto.
“Nós dissemos desde a primeira hora que é um documento lesivo à classe
docente. É um documento muito pobre em termos jurídicos, em termos da própria
escritura, e viola a Constituição da República em vários artigos. Mas, mais do
que isso, não obedece às recomendações da Unesco e da OIT e não está de acordo
com a Lei de Bases do Sistema Educativo de 2010 e ratificada em 2018. O que nós
temos que ter obrigatoriamente é um Estatuto da Carreira do Pessoal Docente, um
Estatuto Especial da Classe e não um novo Plano de Carreiras, Funções e
Remunerações como o Governo quer”, disse Neves
Por seu lado, o executivo considerou que a decisão do presidente
representa um “duro golpe” para a valorização dos profissionais e solicitou a
reconsideração do chefe de Estado para a promulgação do PCFR, que previa a
actualização do salário dos professores.
Em comunicado, considerou que os argumentos do presidente, que
vetou a proposta de novos salários para os professores, “causa instabilidade”
na classe docente, num período que coincide com o início do novo ano lectivo,
“com todas as consequências daí advenientes”.
Segundo o Governo, o plano elaborado e aprovado “traduz-se no
cumprimento do compromisso de valorização da classe docente e de melhoria do
sistema educativo de Cabo Verde”, e o veto “tem um impacto directo” nas
expectativas dos professores em relação à melhoria das suas condições de
trabalho.
O comunicado sublinha que o processo de elaboração do PCFR foi participativo, com mais de 10 reuniões com as associações sindicais e consultas públicas que contaram com uma ampla participação da classe docente.ANG/RFI
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