sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

         COP 16/ Acordo sobre o financiamento da preservação da natureza

Bissau, 28 Fev 25 (ANG) – A COP16 - conferência sobre a biodiversidade em Roma registou um inesperado sucesso, graças a um compromisso de plano de acção daqui para 2030, com o objectivo de aumentar o financiamento atribuído à preservação da biodiversidade - em queda livre por todo o planeta, devido à pressão humana. 

Quatro meses depois de uma falha retumbante na Colômbia, o mundo evitou um novo fiasco ao comemorar um acordo de última hora para atribuir financiamento para a protecção da natureza, quebrando um impasse nas negociações da ONU, visto como um teste para a cooperação internacional face às tensões geopolíticas.

Os negociadores internacionais adoptaram igualmente modalidades cujo objectivo é o de avaliar na próxima COP, prevista para 2026, os esforços dos Estados a nível mundial, em prol da protecção da natureza.

"Tivemos de dar o nosso melhor, para alcançarmos na altura o acordo de biodiversidade de Kunming-Montreal", palavras da presidente da COP, a colombiana Susana Muhamad, após a adopção dos textos sobre o financiamento e os mecanismos de controlo, importantes para a aplicação dos objectivos adoptados em finais de 2022 em Montreal, que foram o de parar com a extinção dos seres vivos daqui para 2030.

Segundo Maria Angélica Ikeda, chefe da delegação brasileira: "Queríamos garantias de que neste processo correríamos efectivamente uma maratona, percorrendo todo o caminho e sem facilidades. Sabemos que existe uma linha de chegada e, todos os países em vias de desenvolvimento querem alcançá-la", a propósito de um compromisso entre os países do hemisfério sul e os do hemisfério norte.

Para a mobilização de mais dinheiro para a protecção de 30% das terras e dos mares, restaurar ecossistemas ou ainda a redução de pesticidas, os países estabeleceram um plano de acção  de cinco anos visando avaliar e melhorar os instrumentos financeiros, bem como decidir "in fine" sobre a criação ou não de novos fundos.

Esse sucesso arrancado a ferros na sede romana do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, oferece alguma trégua à cooperação internacional sobre o meio ambiente, em má postura devido às infindáveis negociações sobre a poluição plástica, o falhanço em torno das negociações sobre a desertificação ou as tensões Norte-Sul sobre as finanças para o clima.

Que balanço para o continente africano?

Era desejo dos países africanos a obtenção desde já de um novo fundo dedicado à biodiversidade, sob a autoridade da COP. Mas tal como os países mais desenvolvidos, tiveram de fazer concessões e a solução adoptada foi um processo de trabalho de cinco anos que avaliará os instrumentos financeiros existentes e irá igualmente estabelecer as melhorias desejáveis para que os países membros da Convenção sobre a Diversidade Biológica decidam daqui para 2030 se é mais eficaz criar-se um novo fundo ou a melhoria de um pré-existente.

"Pudemos demonstrar aqui que foi o multilateralismo a triunfar", disse Ousseynou Kassé, presidente do grupo Africa.

As diferentes partes envolvidas fizeram inúmeras concessões para que se chegue a um compromisso. Teremos um mecanismo exclusivamente dedicado à biodiversidade, algo que nunca existiu antes, o que constitui para nós motivo de satisfação, congratulou-se, solicitando ainda assim mais recursos para a perda de biodiversidade.

Numa altura em que a ajuda ao desenvolvimento estagna ou é reduzida, os países africanos contam também mobilizar fundos junto do sector privado para poderem atingir a meta de 200 mil milhões de dólares, a serem disponibilizados anualmente em prol da salvaguarda da natureza.ANG/RFI

 

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