Diplomacia/Ministro
dos Negócios Estrangeiros critica declarações de Secretário Executivo da CPLP
sobre a situação no país
Bissau,07
Out 24(ANG) - O ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e
das Comunidades criticou as declarações que qualifica de “pouco abonatórias” do
Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre
a situação da Guiné-Bissau.
Em
declarações à Lusa em Lisboa, Carlos Pinto Pereira assegurou que a Guiné-Bissau
está “mais do que preparada para assumir a presidência da CPLP” em julho de
2025, garantiu que o país irá realizar umas eleições legislativas
“transparentes e livres” e que os seus “resultados (eleitorais) serão
respeitados”.
Por
isso, no seu entender “não há preocupação” relativamente à situação na
Guiné-Bissau, como disse na semana passada o secretário executivo da CPLP.
“O
secretário executivo é que nos está a gerar alguma preocupação, quando, num
tempo relativamente curto, pronuncia-se duas vezes em termos que não são
rigorosamente nada abonatórios” para a Guiné-Bissau, afirmou. E “sem ouvir o
Estado-membro em questão”, sublinhou.
O
MNE guineense reagiu assim às declarações do Secretário Executivo da CPLP no
final da semana, numa entrevista à Lusa, em que dizia que a CPLP está a seguir
com “alguma preocupação” a situação na Guiné-Bissau, um dos seus nove
Estados-membros e aquele que deverá assumir a presidência rotativa em 2025, a
seguir à presidência são-tomense.
“Seguimos
com alguma preocupação os desenvolvimentos na Guiné-Bissau, mas constitui um
princípio fundamental da CPLP não interferir nos assuntos internos de cada
Estado-membro”, afirmou Zacarias da Costa.
“(Porém),
temos a certeza que os guineenses saberão como sair desta situação menos boa.
As eleições já foram anunciadas pelo Presidente da República, para o dia 24 de
novembro, e naturalmente esperamos que tudo corra com normalidade”, referiu
ainda.
O
que conta neste momento para o secretariado executivo é que há uma decisão da
última Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, que decorreu em 2023 em São
Tomé e Príncipe, que o próximo encontro formal de alto nível da organização
será na Guiné-Bissau, e que até já tem datas.
“De
14 a 18 de julho decorrerão todas as reuniões, portanto será a 18 a Cimeira, a
17 o Conselho de Ministros, a 16 o Comité de Concertação Permanente (reunião
dos embaixadores representantes dos Estados-membros em Lisboa) e antes as
reuniões dos pontos focais da cooperação”, salientou.
Mas,
quando questionado se essa decisão poderia ou não alterar-se, caso as eleições
no país não corram como esperado e o cenário político da Guiné-Bissau não
melhore, Zacarias da Costa respondeu: “obviamente também esperamos que a
situação se normalize, para que o país possa assumir a presidência da
organização para o biénio 2025-2027”.
Contudo,
“reverter a decisão ou não” compete aos Estados-membros, salientou, adiantando
que tinha “a certeza que os Chefes de Estado e de Governo irão acompanhar a
situação com muita atenção”.
Neste
momento, o que há é “uma decisão, uma data e um compromisso de um país, e não
de um Presidente ou de um primeiro-ministro, para receber a cimeira em 2025 e
também para dirigir a organização no biénio 2025-2027”, reiterou.
“Nós
temos um órgão político (na CPLP), que é o Conselho de Ministros (CM), que
neste momento é presidido por São Tomé e Príncipe, e, que eu saiba, não
consultou nem ouviu ninguém. Portanto admira-me que seja o secretariado
(executivo) a fazê-lo e pergunto-me com que legitimidade assume este tipo de
questões sem ouvir ninguém”, frisou hoje o MNE da Guiné-Bissau.
Por
isso, “teremos que em algum momento questionar esta posição do secretário
executivo”, acrescentou.
“Eu
em especial na próxima reunião de Conselho de Ministros levantarei a questão”,
assumiu o chefe da diplomacia guineense.
O
ministro garantiu que a Guiné-Bissau está mais do que preparada para assumir a
presidência da CPLP e “tem vontade de o fazer. Por isso manifestou essa
disponibilidade na cimeira (de Chefes de Estado e de Governo) em São Tomé e
Príncipe e ficou estabelecido desde então que a próxima presidência seria da
Guiné-Bissau.”
Segundo
Carlos Pinto Pereira o governo guineense já está até a trabalhar internamente
nas diversas comissões em funcionamento para que em julho do próximo ano seja
realizado o habitual Conselho de Ministros da CPLP e logo “de seguida,
dependendo da decisão dos Chefes de Estado, seja realizada a próxima cimeira.
E
“se os chefes de Estado concordarem, a próxima cimeira será a 18 de julho”,
depois do CM que será a 17.
“Caso
tenha de ser o próximo governo, que não seja este, (após as eleições) de
novembro a liderar este processo no quadro da CPLP, não há qualquer problema.
Nós podemos começar o processo e ele ser concluído por outro”, frisou.
O
Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló marcou eleições legislativas
antecipadas para o próximo dia 24 de novembro. ANG/Lusa
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