Sudão/"Há o risco de
aldeias inteiras morrerem à fome"
Bissau,11 Out 24(ANG) - A Organização Mundial de Saúde
alertou para situação dramática que se vive no Sudão, onde a população está a
morrer à fome.
A directora regional da organização não-governamental
Solidarités International- Justine Muzik Piquemal, mostra-se satisfeita com o
alerta da OMS, mas sublinhado que se não fore enviada ajuda para o país,
aldeias inteiras vão morrer à fome.
À medida que os combates entre o exército sudanês e os
rebeldes das Forças de Apoio Rápido (RSF) se intensificam e os trabalhadores
humanitários lutam para aceder ao país, a situação dos sudaneses agrava-se.
O alerta é do director-geral da Organização Mundial de
Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que denunciou o “grau de urgência é chocante, assim como a inacção para conter o conflito
e responder ao sofrimento causado”.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, a guerra
no Sudão já fez mais de dez milhões deslocados, a maior parte deles procurou
refúgio nos países vizinhos.
Em entrevista à RFI, a directora regional da organização
não-governamental- Solidarités International, Justine Muzik Piquemal, mostra-se
satisfeita com o alerta da OMS, mas lembra que é urgente que a ajuda médica e
alimentar chegue a todas as zonas do país.
“Estou satisfeita com o alerta
da OMS, mas é preciso que nos enviem médicos, medicamentos e adubos para todo o
país. Não importa que estejamos numa zona das Forças Armados Sudanesas ou numa
Zona das Forças de Apoio rápido, a população precisa de assistência humanitária
multissectorial”, explicou.
Justine Muzik Piquemal recorda que o país vive um quadro
de fome severo, onde os mais afectadas são as crianças que, face à escassez de
alimentos, são obrigadas a comer cascas de árvores.
“É urgente trazer alimentos
para o país porque quando falamos de fome é absolutamente necessário fornecer
os suplementos alimentares de que as crianças necessitam. Não é com papas
produzidas localmente que a população vai sobreviver. “Hoje há famílias que
comem cascas de árvores e que dão cascas de árvores aos filhos porque não têm
absolutamente nada para comer”, denuncia.
A directora regional da organização não-governamental Solidarités
International- garante que se não forem enviados alimentos para o país, até
Março de 2025, aldeias inteiras vão morrer à fome.
“Hoje há pessoas a morrer de
fome no Sudão e sabemos que se não se fizer nada até Março de 2025, não
poderemos evitar as imagens de crianças e de aldeias inteiras que vão morrer à
fome”, alertou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar
"seriamente preocupado" com
os relatos de uma ofensiva "em
grande escala" Forças de Apoio Rápido,instando o
general Daglo a "agir com
responsabilidade e dar imediatamente a ordem para parar o ataque".
Ambos os lados- exército sudanês e os rebeldes das Forças
de Apoio Rápido- foram acusados de crimes de guerra, incluindo ataques a
civis, bombardeamentos indiscriminados de áreas residenciais e envolvimento em
saques ou bloqueio de ajuda humanitária vital.
Em Setembro, a Organização Mundial da Saúde disse pelo
menos 20 mil pessoas perderam a vida, desde o início do conflito, mas algumas
estimativas chegam mesmo a 150 mil vítimas, segundo o enviado americano para o
Sudão, Tom Perriello.ANG/RFI
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