quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

          Cabo Verde/Cidadãos  insatisfeitos com a governação do país

Bissau, 29 Jan 25 (ANG) - Um estudo sobre a qualidade da democracia e a governação, em Cabo Verde, revela que 75% da população está insatisfeita com a governação e 56 % dos cabo-verdianos considera ser legítimo que as Forças Armadas assumam o controlo do Governo, num cenário em que haja abuso de poder por parte dos líderes eleitos. 

Os dados são de um estudo da Afrosondagem sobre a qualidade da democracia e a governação em Cabo Verde que acrescenta ainda que 75% da população considera que a situação económica é má ou muito má. O estudo foi apresentado pelo director-geral da Afrosondagem, José Semedo.

“A maioria dos cabo-verdianos, 65%, considera que o país está na direção errada. E, relativamente à satisfação com a democracia. Nós temos cerca de 75% dos cabo-verdianos, mostram-se insatisfeitos”, disse o diretor-geral da Afrosondagem, José Semedo

Mesmo assim, 7 em cada 10 cabo-verdianos, ou seja 71% preferem a democracia a qualquer outra forma de governo. Mas, um dado curioso no estudo e que tem suscitado muitas reações é que 56 % dos cabo-verdianos consideram legítimo as Forças Armadas assumirem o controlo do governo quando os líderes eleitos abusam do poder para os seus próprios fins.

O analista político, António Ludgero Correia considera que este posicionamento da população pode estar a ser influênciado pela situação política que se vive na sub-região africana. Desde 2021, o continente africano viveu 7 golpes de Estado: Chade, Mali, Guiné, Sudão, Burkina Faso, Níger e Gabão.

“Isso só pode ser influência do que se passa na nossa sub-região e haverá um fatalismo a aceitar isso. Esse estudo é muito interessante porque nos dá um retrato da realidade, do que a gente nem imaginava. O cabo-verdiano, tido como democrata, na vanguarda da África e aquela história toda, está aberto a ter um governo formado por militares que tomam o poder pela força”, explicou António Ludgero Correia. 

O estudo da Afrosondagem foi realizado entre 27 de agosto e 10 de setembro de 2023, nas ilhas de Santo Antão, São Vicente, Santiago e Fogo, abrangendo 96% da população do país. A amostra é representativa a nível nacional e por meio de residência, contém uma margem de erro de + ou – 3% e um intervalo de confiança de 95%.

A Afrosondagem faz parte da Afrobarometer que é uma rede de pesquisa não-partidária que realiza pesquisas de opinião pública sobre democracia, governação, as condições económicas, e assuntos relacionados em cerca de 40 países na África. Foram realizadas dez séries de pesquisas entre 1999 e 2024. Afrobarometer realiza inquéritos cara a cara junto dos indivíduos nos agregados familiares escolhidos aleatoriamente, no idioma de escolha do entrevistado com amostras nacionalmente representativas.ANG/Lusa

 

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