UE-EUA/Presidente
francês e Chanceler alemão tentam unir-se perante ameaças de Trump
Bissau,23 Jan 25(ANG) - O
Presidente francês Emmanuel Macron recebeu nesta quarta-feira no Palácio do
Eliseu o chanceler alemão Olaf Scholz e em declarações conjuntas prometeram
fazer tudo para que a Europa se mostre "unida e forte" perante as
ameaças de Trump sobre possíveis aumentos de taxas aduaneiras sobre produtos
europeus.
"O
presidente Trump será, já está claro, um desafio a ser enfrentado",
disse o líder alemão. "A
Europa não vai se esconder, mas vai ser um parceiro construtivo e
confiante", acrescentou Scholz para quem a visita de hoje poderia
ser a última como chefe do executivo alemão, a poucas semanas de eleições
legislativas, a 23 de Fevereiro, em que o líder da oposição, o democrata
cristão Friedrich Merz, é o favorito.
O Presidente francês, quanto
a si, tornou a preconizar uma maior autonomia para os 27, apelando ao reforço
do motor franco-alemão a favor de uma Europa "unida, forte e soberana",
que saiba "defender os
seus interesses".
"A
única resposta aos tempos em que entramos é mais unidade, mais ambição e
ousadia e mais independência dos europeus. É isso que nos anima e é nesse
sentido que continuaremos a agir", martelou Emmanuel Macron.
Estas declarações surgem
numa altura em que o motor franco-alemão tem mostrado algumas fragilidades,
Scholz e Macron não partilhando a mesma visão para a Europa, nomeadamente no
tocante às ameaças proferidas por Donald Trump relativamente a um possível
aumento das taxas aduaneiras para os produtos europeus.
Enquanto a Alemanha
preconiza negociações conducentes ao estabelecimento de um acordo de livre-comércio,
a França é mais favorável a medidas equivalentes contra os Estados Unidos no
caso do novo inquilino da Casa Branca pôr em prática as suas ameaças.
Pouco depois de ser
investido para um segundo mandato na segunda-feira, o líder republicano e magnata
de 78 anos anunciou a aplicação de taxas aduaneiras de 25% para os produtos
mexicanos e canadianos a partir do dia 1 de Fevereiro, Trump anunciando ontem
também encarar a aplicação de taxas de 10% para os produtos chineses a partir
da mesma data.
A China respondeu nesta
quarta-feira afirmando que está "firmemente
determinada" a "defender os seus interesses nacionais".
Contudo, na mesma senda, o
chefe de Estado americano disse igualmente considerar adoptar uma atitude
semelhante com os países da UE.
"A
UE prejudica-nos muito. Trata-nos muito mal. Não compra os nossos carros ou
produtos agrícolas. Na verdade, não compra muito",
disse ontem o Presidente dos Estados Unidos ao considerar que o reforço das
taxas alfandegárias sobre os produtos europeus é a "única forma" para
os EUA "serem tratados
correctamente", e restabelecer o equilíbrio nas trocas
comerciais entre os Estados Unidos e o bloco europeu.
Segundo segundo dados do
representante da Casa Branca para o Comércio (USTR), o défice comercial de
Washington na sua relação com Bruxelas elevou-se a 131 bilhões de dólares em
2023.
Em declarações ontem no
Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, a Presidente da Comissão Europeia
(CE), Ursula von der Leyen, garantiu que a Europa "está disposta a conversar com o executivo de Trump",
ao recordar que Washington é um importante parceiro comercial.
Recorde-se que o Presidente americano já chegou a aplicar aumentos de taxas alfandegárias sobre o aço e o alumínio da UE para proteger a indústria americana, sob a alegação de o seu país estava a enfrentar uma concorrência desleal dos países asiáticos e europeus no sector da siderurgia.ANG/RFI
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