quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

    RDC/ Félix Tshisekedi anuncia que uma resposta “está em curso”

Bissau, 30 Jan 25 (ANG) - O Presidente da Republica Democrática do Congo anunciou que o país vai responder de forma coordenada à ofensiva do grupo M23 e das tropas ruandesas na cidade de Goma, no leste do país.

Félix Tshisekedi, que se reuniu quarta-feira, em Luanda, com o Presidente João Lourenço, condenou a passividade da comunidade internacional.

O Presidente da República Democrática do Congo quis enviar uma mensagem de apoio e esperança às forças armadas congolesas. Num discurso transmitido em directo pela televisão – o primeiro discurso público desde o início da ofensiva – Félix Tshisekedi “uma resposta vigorosa e coordenada” está em curso no leste do país.

“O leste do nosso país, em particular as províncias de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri, enfrentam um agravamento sem precedentes da situação de segurança”, acrescentou.

Os rebeldes do M23 e as forças ruandesas controlam agora a maior parte da cidade de Goma. A ofensiva no leste da RD Congo intensificou-se no final de Dezembro, após o fracasso da mediação angolana, que tentou em vão organizar negociações directas entre Félix Tshisekedi e Paul Kagame.

Ontem, Félix Tshisekedi, reuniu-se, em Luanda, com o Presidente João LourençoNum comunicado de imprensa, a presidência angolana especificou que chefe de Estado congolês se deslocou a Luanda para "uma análise conjunta dos próximos passos a seguir no quadro do Processo de Luanda, tendo em conta a situação criada pela captura de Goma pelas forças rebeldes".

O Presidente de Angola exigou, em comunicado, a retirada das tropas do Ruanda do território da República Democratica do Congo, condenando a tomada da cidade de Goma, capital do Kivu Norte, pelos rebeldes do M23. João Lourenço denunciou "a séria violação dos acordos de Luanda" e propôs uma cimeira urgente em Luanda, ainda não é conhecida a data. 

Em entrevista à RFI, Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola, considera que Angola vai continuar a redobrar os esforços para que as partes aceitem dialogar. 

"Do ponto de vista das autoridades angolanas e também um pouco alguns países da região, a ideia é redobrar esforços no sentido de desbloquear os canais de diálogo. Ou seja, a ideia de que a paz, naquela região, provirá de uma mesa de negociações, envolvendo os principais actores: Ruanda e também às autoridades da RDC. Entretanto, claramente que o M23 está numa posição de força e, contrariamente ao que tinha sido inicialmente previsto, quererá ter também um lugar à mesa de negociações e quererá ter alguma palavra", explica. 

O avanço do M23 e das forças ruandesas provocou numerosos apelos da comunidade internacional para o fim dos combates. A ONU, os Estados Unidos, a China, a União Europeia e Angola pediram nomeadamente a Kigali que retirasse as suas tropas.

No entanto, o Presidente da RDC denunciou a "inacção" da comunidade internacional: "O seu silêncio e a sua inação [...] constituem uma afronta" para a RDC, disse.

Félix Tshisekedi falou ainda dos ataques contra diversas embaixadas em Kinshasa, condenando os actos de vandalismo. Manifestantes indignados, com os vários países acusados ​​de inacção, atacaram várias embaixadas na capital, Kinshasa.

“Condeno com a maior firmeza os actos de vandalismo e saques que visaram determinadas missões diplomáticas acreditadas na República Democrática do Congo”, declarou o chefe da diplomacia francesa em Kinshasa.

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, chegou quinta-feira a Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, para discutir a crise no leste do país, informou o governo congolês. Uma visita, poucos dias depois da ofensiva em Goma dos rebeldes M23 e das forças ruandesas que controlam quase toda esta grande cidade.

Sérgio Calundungo, coordenador do Observatório Político e Social de Angola, mostra-se céptico quanto ao papel da França nesta mediação. 

"Não penso que a França terá um posicionamento diferente daquele que já tem vindo a ter. Não tenho grande esperança que venha a mudar aquele que tem sido o seu posicionamento. Agora resta saber qual é o peso que seu posicionamento tem sido habitual. Nada concreto. Isto é claramente uma incógnita", acrescentou.

Amanhã, sexta-feira, 31 de Janeiro, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral reune-se em Harare, capital do Zimbabué, para uma cimeira extraordinária sobre a situação no leste da República Democrática do Congo. ANG/RFI

 

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