Afeganistão/ONU apela ao regime talibã para permitir ensino às mulheres
Bissau,
24 Jan 25(ANG) - A missão da ONU no Afeganistão (UNAMA) apelou hoje ao regime
talibã para que ponha imediatamente termo à medida que proíbe o
acesso ao ensino de milhões de raparigas afegãs e lhes
permita regressar à escola.
"É
uma vergonha e uma tragédia que milhões de raparigas afegãs tenham sido
privadas do direito à educação (...). As autoridades 'de facto' [talibã]
devem pôr imediatamente termo a esta proibição e permitir que todas as
raparigas afegãs regressem à escola", declarou a representante
do secretário-geral da ONU no Afeganistão, Roza Otunbayeva.
A responsável da ONU
recordou que nenhum país alguma vez prosperou deixando metade da população
"para trás".
A missão da ONU em Cabul
afirmou ainda que o Afeganistão, governado desde agosto de 2021 pelos talibãs,
é o único país do mundo que proíbe explicitamente o acesso das mulheres e das
raparigas a todos os níveis do ensino.
A medida que proíbe o
acesso à educação às mulheres está em vigor há quase quatro anos no
Afeganistão.
Recentemente, o
vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do governo "de facto" do
Afeganistão, Mohammad Abbas Stanekzai, apelou, num evento oficial, ao fim da
proibição talibã da educação das mulheres, fazendo uma crítica pública pouco
habitual no regime de Cabul.
"Estamos a ser injustos
com 20 milhões de pessoas do nosso povo (...). Não há herança, não têm direito
a escolher um marido, são abandonadas em disputas tribais, não podem estudar,
frequentar mesquitas ou aceder a escolas e universidades", disse o
vice-ministro talibã no sábado passado.
No regime talibã, existem
fações com pontos de vista contraditórios sobre uma série de questões, sendo o
veto à educação das mulheres um dos principais pontos de discórdia.
Os partidários do Mullah
Haibatullah Akhundzada defendem uma aplicação estrita da lei islâmica, enquanto
um grupo próximo da rede Haqqani defende uma abordagem mais pragmática para
melhorar as relações internacionais.
Este veto vem
juntar-se a outras restrições impostas às mulheres afegãs, como o uso
obrigatório da burca (indumentária imposta às mulheres), a segregação de
géneros e a necessidade de um acompanhante masculino para viagens longas.ANG/Lusa
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