ONU/"Fazer de 2025 o maior ano de sempre para a ação climática"
Bissau, 27 Jan 25 (ANG) - O secretário-geral da ONU,
António Guterres, acusou hoje
quem recua nos compromissos em matéria de combate
às alterações climáticas de estar "do lado errado da História, do lado
errado da ciência e do lado errado da sociedade".
Foto Arquivo |
"Chegou o momento de acelerar os nossos esforços coletivos
e fazer de 2025 o maior anode sempre para a ação climática", declarou
Guterres, numa intervenção realizada menos de 48 horas depois da tomada de
posse do novo Presidente norte-americano Donald Trump, que, entre as primeiras
medidas tomadas no seu regresso à Casa Branca, anunciou que volta a retirar os
Estados Unidos do Acordo climático de Paris.
Discursando em Davos, Guterres sustentou que, além da ameaça
nuclear, o mundo enfrenta hoje "duas novas e profundas ameaças que exigem
muito mais atenção e ação a nível global, porque ameaçam pôr em causa a vida
tal como a conhecemos: a crise climática e a expansão descontrolada da
Inteligência Artificial".
Relativamente ao que classificou como "o caos
climático", insistiu que o "vício em combustíveis fósseis é um
monstro de Frankenstein, que não poupa nada nem ninguém", havendo hoje
"sinais claros de que o monstro se tornou mestre", como o demonstra o
facto de 2024 ter sido o ano mais quente da história e, provavelmente, "o
primeiro ano civil a ultrapassar 1,5 graus acima dos níveis
pré-industriais".
Argumentando que "o facto de se ultrapassar este limite não
significa que o objetivo a longo prazo de manter o aumento da temperatura
global em 1,5 graus esteja comprometido", antes "lutar ainda mais
para entrar no bom caminho", Guterres apontou que "a energia barata e
abundante fornecida pelas energias renováveis é uma oportunidade económica
extraordinária".
De acordo com o secretário-geral da ONU, esta é "uma
oportunidade que beneficiará as pessoas em todos os países e que tornará
inevitável o fim da era dos combustíveis fósseis, por mais que os interesses
instalados tentem impedi-lo".
"Várias instituições financeiras e indústrias estão a
recuar nos seus compromissos em matéria de clima. Aqui, em Davos, quero dizer
alto e bom som: é uma atitude míope e, paradoxalmente, egoísta e também
autodestrutiva. Estão do lado errado da história, do lado errado da ciência e
do lado errado da sociedade", declarou então.
Insistindo que "o aquecimento global está a avançar
rapidamente", pelo que o mundo não pode dar-se ao "luxo de
recuar", António Guterres exortou então os governos a manterem-se
comprometidos com as suas promessas, apelando também "a todas as empresas
e instituições financeiras para que criem este ano planos de transição robustos
e responsáveis".
O Fórum de Davos, que junta anualmente nesta estância suíça as
elites política e económica, prolonga-se até sexta-feira, estando prevista para
quinta-feira à tarde a participação, por videoconferência, do recém-empossado
Presidente norte-americano, Donald Trump. ANG/Lusa
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