sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Ucrânia/Mais de metade dos ucranianos querem negociações com Rússia para acabar guerra

Bissau, 02 Ago 24 (ANG) – A maioria dos ucranianos acredita que as autoridades devem começar a negociar com a Rússia para acabar a guerra desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022, revelou hoje uma sondagem financiada pelos EUA e Suécia.

Segundo o estudo de opinião, realizado em maio pelo Instituto Internacional de Sociologia em Kiev, 57 por cento (%) dos ucranianos defendem o início das negociações entre Kiev e Moscovo, mas 38% opõem-se.

Esta é a primeira sondagem publicada desde o início da guerra em que a maioria dos ucranianos é a favor da abertura de negociações para pôr fim ao conflito.

Ao mesmo tempo, 66% dos inquiridos afirmam que a Ucrânia deve recuperar todos os seus territórios, incluindo a Crimeia e as áreas nas regiões orientais de Donetsk e Luhansk, onde os rebeldes pró-russos declararam repúblicas independentes em 2014, quando a Rússia anexou a península do Mar Negro.

Além disso, 74% e 76%, respetivamente, rejeitam a renúncia da Ucrânia às suas aspirações de aderir à NATO e à União Europeia (UE) no quadro de um hipotético acordo de paz com a Rússia.

A sondagem foi realizada por telefone, entre 8 e 25 de maio, junto de mais de 2.500 adultos residentes nos territórios ucranianos sob o controlo do governo de Kiev, cujos números de telemóvel foram escolhidos aleatoriamente.

A possibilidade de negociações com a Rússia ganhou proeminência no discurso oficial de Kiev e na conversa pública ucraniana, tendo como pano de fundo os avanços limitados mas constantes da Rússia na linha da frente e a falta de qualquer perspetiva aparente de o exército ucraniano conseguir inverter esta situação.

Nas últimas semanas, o Presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba, tiveram contactos diretos e públicos com vários líderes que defendem negociações para pôr fim à guerra o mais rapidamente possível, como o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, o candidato presidencial norte-americano, Donald Trump, e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi – todos de países com ligações ao Kremlin.

Zelensky anunciou que apresentará um plano de paz detalhado antes do final do ano, que poderá ser apresentado à Rússia depois de receber o aval de parte da comunidade internacional. ANG/Lusa

 

EUA/ Chegam aos Estados Unidos prisioneiros libertados no âmbito de troca com Rússia

Bissau, 02 Ago 24 (ANG) - Vários dos presos libertados pela Rússia numa troca histórica com Estados ocidentais, incluindo o jornalista Evan Gershkovich e o antigo fuzileiro Paul Whelan, chegaram aos Estados Unidos na quinta-feira à noite, informou a agência de notícias France-Presse.


Os ex-presos chegaram a bordo de um avião que aterrou pelas 23:40 (03:40 em Bissau) na base militar de Andrews, perto de Washington, onde foram recebidos pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, e pela vice-Presidente, Kamala Harris.

A Federação Russa e vários Estados ocidentais trocaram 26 presos, numa operação coordenada pela Turquia.

Segundo as autoridades turcas, 10 presos, incluindo dois menores, foram transferidos para a Rússia, 13 para a Alemanha e três para os Estados Unidos.

Entre eles contam-se jornalistas, ativistas políticos veteranos e simples opositores à guerra na Ucrânia. O mais novo tem 19 anos e o mais velho 71.

Entre os russos detidos no Ocidente encontram-se alegados agentes 'adormecidos' que tinham uma vida dupla. Outros foram condenados por pirataria informática. Um foi preso pelo assassínio, a tiro, de um homem durante o dia num parque de Berlim.

Trata-se da maior troca de presos civis Leste-Oeste desde a Guerra Fria. ANG/Lusa

 

          Guiné-Conacri/ Defesa de Dadis Camara vai recorrer da decisão

Bissau, 02 Ago 24 (ANG)  - Os advogados do ex-ditador Moussa Dadis Camara, condenado quarta-feira a 20 anos de prisão por crimes contra a humanidade, cometidos durante o massacre de 28 de Setembro de 2009 na Guiné, anunciaram, quinta-feira,, que vão recorrer da decisão.

Em comunicado, o colectivo de advogados considerou a sentença “injusta” e disse que que vai apresentar recurso junto da justiça.

“O colectivo rejeita a decisão no conjunto e, para assinalar o desacordo, pretende, de acordo com o Presidente Moussa Dadis Camara, recorrer a sentença injusta para que seja censurada pelo tribunal de recurso”, declararam.

A defesa acrescentou ainda que o Presidente Moussa Dadis Camara nunca foi ouvido, durante os dois anos de julgamento, sobre os elementos que constituem o crime contra a humanidade, ameaçando remeter o assunto ao Tribunal de Justiça da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO).

“Durante quase dois anos de julgamento neste tribunal, o Presidente Moussa Dadis Camara nunca foi ouvido ou obrigado a explicar os elementos que constituem o crime contra a humanidade”, notou.

Na quarta-feira, quando foi anunciado o veredicto do julgamento, os factos foram reclassificados como crimes contra a humanidade pelo tribunal. Moussa Dadis Camara foi considerado culpado “com base na responsabilidade do superior”, declarou Ibrahima Sory II Tounkara, o presidente do tribunal. Dadis Camara foi ainda considerado culpado pela “intenção de reprimir a manifestação” e por não cumprir o dever de sancionar os autores do massacre.

O ex-ditador respondeu por uma série de crimes, incluindo assassínios, violência sexual, actos de tortura, sequestros e sequestros.

A defesa de Aboubacar Sidiki Diakité, conhecido como "Toumba", antigo chefe da unidade de protecção de Dadis Camara- condenado a 10 anos de prisão- também veio dizer que vai "interpor recurso", disse o seu advogado Lanciné Sylla num comunicado de imprensa na quinta-feira.

A 28 de Setembro de 2009, pelo menos 156 pessoas foram mortas e centenas de outras ficaram feridas, na repressão de um comício da oposição num estádio de Conacri e arredores. Segundo o relatório da comissão internacional de inquérito mandatada pela ONU, pelo menos 109 mulheres foram violadas.

Os abusos, cujos números reais são provavelmente mais elevados, continuaram durante vários dias contra mulheres detidas sequestradas e torturadas, naquele que é considerado um dos episódios mais sombrios da história contemporânea da Guiné Conacri.

Além de Dadis Camara, outros sete arguidos foram condenados quarta-feira a penas que podem ir até à prisão perpétua.

O presidente da Associação de Vítimas, Pais e Amigos do 28 de Setembro (AVIPA) sublinhou que o veredicto marcou o culminar de uma luta de 15 anos, que procurou a verdade e a justiça para as vítimas”.

O Gabinete do Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) saudou o veredicto, sublinhando que “marca um ponto de viragem no estabelecimento da verdade sobre os acontecimentos de 28 de Setembro de 2009 e na responsabilização daqueles que têm a maior responsabilidade pelas atrocidades cometidas”, acrescentando que os juízes guineenses enviaram um sinal claro de que ninguém está acima da lei".

A ONU apelou nesta quinta-feira à continuação da luta contra a impunidade na Guiné, num comunicado de imprensa do alto Comissário para os Direitos Humanos das Nações, Volker Türk, apelou à continuação da luta contra a impunidade na Guiné, lembrando a importância de continuar a trabalhar para "estabelecer todos os factos e responsabilidades ligados a estes acontecimentos". ANG/RFI

Eletricidade/EAGB recua com a decisão de suspensão do serviço de venda de saldo pré-pago

Bissau, 02 Ago 24 (ANG) – A Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau (EAGB),  informou hoje que vai voltar a atrás na sua decisão de suspender o serviço de venda de saldo pré-pago por um tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira ,como constava no seu comunicado.

De acordo com uma fonte da Direção da empresa contactada hoje pela ANG, essa suspensão pode vir a durar apenas 24 horas ou menos, dependendo dos trabalhos técnicos a decorrer no terreno por causa da mudança para a nova sede da instituição.

Segundo essa mesma fonte que proferiu não identificar, dentro de horas ,poderá sair um novo comunicado da EAGB a confirmar esta alteração.

O Gabinete de Comunicação e Imagem da Empresa de Eletricidade e Águas da Guiné-Bissau(EAGB) emitiu um comunicado,na quinta-feira(01) em que informa os seus clientes a suspensão de serviços de venda de pré-pago de eletricidade, a partir do dia 05 de Agosto, segunda-feira.

A mesma nota informa que esta suspensão seria necessária para garantir a transferência segura e eficiente das operações da EAGB para novas instalações e que abrangem, também, os serviços de carregamento de saldo via Orange Money e Mobile Money.

A EAGB tinha anunciado no referido comunicado de que não tinha uma previsão exata para a reposição do serviço, pois a duração do restabelecimento dependerá da reinstalação dos servidores no escritório central. ANG/MSC/ÂC//SG



Comunicação SocialDireções   das Rádios Popular e  Capital FM exigem responsabilização criminal dos agentes da PIR envolvidos na agressão contra  jornalistas

Bissau, 02 Agot 24 (ANG) – A Direção  da Rádio Popular FM e da Capital FM exigem a  responsabilização criminal  dos agentes da Policia da Intervenção Rápida(PIR) envolvidos na agressão contra as jornalistas dos respectivos órgãos de comunicação social.

A exigência das direções dos dois órgãos de comunicação social  constam nas notas de condenação das duas rádios privadas do país, á que a ANG teve acesso hoje.

Djuma Culibali, da Rádio Capital FM e Nguissam Casimiro Monteiro, da Rádio Popular  foram agredidas por agentes da PIR, quando faziam a cobertura jornalística da vígilia organizada pelos professores contratados, que reivindicavam o pagamento de cinco meses de salários em atraso, em  frente ao Ministério da Educação Nacional.

A Direcção das duas  Rádios privadas sustentam que as duas  jornalistas  não representavam nenhuma ameaça ao exercício constitucional da PIR no local.

Para além de reclamar a abertura de um inquérito da parte do Ministério do Interior  para identificação de todos os elementos envolvidos neste ato e a sua consequente responsabilização,a Rádio Popular exige que  este ministério assumisse  todas as despesas relacionadas à assistência médica e medicamentosa de Nguissam Monteiro, que foi atropelada pela viatura dos agentes da PIR.

“O depoimento da repórter da CFM perseguida e a evidência de sofrimento fisico e moral da jornalista Djuma Culibali não nos deixam calar”, diz a direção da R.CFM  que acrescenta que  esta rádio  foi duas vezes atacada por homens armados, deixando alguns dos seus  funcionários, até hoje, com sequelas, e sem que a justiça seja feita sobre o caso.

 Foi vazado nas redes sociais um vídeo em que o motoristas da PIR usava  da viatura para  dispersar  o grupo de professores em protesto, ou seja, avançava sobre o grupo e os professores se dispersavam aos saltos  e correria para os passeios. ANG/LPG/ÂC//SG

Política/Tribunal notifica Presidente do PRS para contestar a ação de anulação movida por Fernando Dias

Bissau,02 Ago 24(ANG) - O Tribunal Regional de Bissau notificou o Presidente do Partido da Renovação Social (PRS) eleito no congresso extraordinário organizado pelos altos dirigentes inconformados do partido, Félix Blutna Na Ndunguê, para, no prazo de 20 dias, contestar a ação declarativa Constitutiva de anulação movida pelo PRS, representado por Fernando Dias da Costa.

“O juiz de Direito, da Vara Civil do Tribunal Regional de Bissau, Me. Upá Patrão da Costa, MANDA citar Félix Na Ndunguê, em representação de membros da Comissão Ad-hoc e da comissão organizadora do congresso, Ibraima Sori Djaló, Augusto Poquena, Mónica Buaro, Orlando Mendes Veigas e outros para no prazo de 20 dias, a contar da citação, querendo, contestar, a Ação Declarativa Constitutiva de Anulação movida pelo Partido da Renovação Social, representado pelo Dr Fernando Dias da Costa” lê-se no mandado, com o processo n°545/2024, assinado pelo escrivão de Direito,  Vicente Ussumane Baldé.

No referido mandado, pode ler-se que a falta de contestação importa confissão dos factos articulados pelo autor, nos termos do artigo 480° conjugado com o n°1, in fine, do artigo 484°, todos do Código de Processo Civil”.

Refira-se que o Partido da Renovação Social vive uma profunda divisão histórica, desde o surgimento de um grupo de altos dirigentes que se auto-intitulou-se de Inconformados com a postura de Fernando Dias da Costa,  na sequência da vacatura deixada pelo falecido Presidente do PRS, AlbertoN’bunhe Nambeia. 

As partes desavindas organizaram dois congressos extraordinários paralelos entre os dias 28 e 29 de junho de 2024.

Os inconformados elegeram o antigo secretário-geral adjunto da então direção do partido saído do último congresso, Félix Na Ndunguê, como Presidente do PRS, enquanto a direção interina que era liderada por Fernando Dias da Costa viu o nome de Dias da Costa escolhido também noutro congresso como Presidente do PRS até ao próximo congresso a realizar-se em 2026.

As duas direções requereram ao Presidente Interino do Supremo Tribunal de Justiça, Lima António André, a anotação dos referidos congressos extraordinários, mas este acabou por anotar as resoluções do congresso extraordinário dos inconformados, uma decisão que a Direção do Fernando Dias da Costa considera “um simples ato administrativo”, pelo que recorreu da decisão junto do plenário do Supremo Tribunal de Justiça, que, no entanto, não se reuniu ainda para pronunciar-se sobre a matéria. ANG/O Democrata

3 de Agosto/Ex-Secretário-geral da UNTG Júlio Mendonça anuncia realização de  “marcha pacífica” para assinalar a data

Bissau,02 Ago 24(ANG) – O ex-secretário-geral  da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné(UNTG) Júlio Mendonça, anunciou a realização de uma “macha pacifica” para assinalar os 65 anos do massacre de Pindjiguiti celebrado como Dia dos Mártires de Pindjiguiti.

Segundo a Rádio Capital FM, Mendonça fez este anúncio, quinta-feira, numa conferência de imprensa, em Bissau.

Disse que as celebrações do 03 de agosto com a realização de uma marcha pacífica é a forma encontrada para lamentar a forma como o país está a ser dirigido.

O sindicalista desferiu duros ataques contra a forma como o país está a ser dirigido e acusa o Governo de Iniciativa Presidencial  de nada estar a fazer a favor das populações. 

"A Assembleia Nacional Popular (ANP) tem a missão de legislar e fiscalizar a ação governativa. Mas quando não há parlamento há cerca de um ano, como podemos mudar a vida dos cidadãos, tendo um governo sem programa nem orçamento", questionou. 

Mendonça disse que a Guiné-Bissau não pode ser chamada de Estado, frisando que os poderes importantes da República não estão a funcionar.

Para o ex-Secretário-geral da UNTG, nenhum país pode desenvolver-se sem a justiça e nem pode haver investimento. 

"Assistimos à corrupção generalizada neste pais. Hoje, todo mundo quer fazer a política, porque não há justiça. Pode comprar mansões e roubar o que é do povo, e sabe que não há justiça. Quando a pessoa é chamada à justiça, dizem que é perseguição política", atirou. 

Júlio Mendonça protesta no tribunal a forma como foi retirado das funções de Secretário-geral da UNTG, atualmente exercida por Laureano Pereira da Costa, que diz ter sido eleito num congresso, que foi polémico. ANG/CFM

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Jogos Olímpicos França-2024/Nadador guineense Pedro Rogery vence  a primeira eliminatória da categoria masculina de natação 50 metros livre

Bissau, 01 Ago 24 (ANG) – O jovem nadador guineense Pedro Rogery

venceu hoje a primeira eliminatória da modalidade de natação 50 metros livre, da categoria masculina nos Jogos Olímpicos Paris.2024.

De acordo com informações veiculadas pelo Comité Olímpico da Guiné-Bissau, na sua página na facebook, visitada pela ANG, Rogery registrou o tempo de 28' e 34", colocando-se em primeiro lugar na primeira bateria de eliminatórias da categoria masculina.

 O Comité Olímpico da Guiné-Bissau refere que a  vitória de Pedro Rogery nesta modalidade demonstra a potencial capacidade dos atletas nacionais nessa competição, e releva as corres nacionais ao mais alto nível.

A Guiné-Bissau participa nos Jogos Olímpicos Paris 2024, com seis atletas em cinco modalidades, nomeadamente, luta livre, atletismo, natação, judo e taekwondo.ANG/LLA/ÂC//SG

Comunicação Social/ LGDH exige fim da "diabolização" da imprensa guineense

Bissau, 01 Agot 24 (ANG) – A Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH)  exige, em comunicado, o fim do que chama de  “diabolização” permanente da imprensa independente, por “prejudicar gravemente” a imagem e reputação da Guiné-Bissau.

A organização que defende os direitos humanos na Guiné-Bissau usou a sua página na facebook para fazer essa exigência condenou a violência policial contra duas jornalistas ocorrida quarta-feira, em Bissau, quando as duas profissionais de órgãos privados faziam a cobertura de uma vigília em frente ao Ministério da Educação de um grupo de professores que exige o pagamento de salários atrasados.

No comunicado, a LGDH qualifica de "nojenta" a agressão de duas jornalistas guineenses, em pleno exercício das suas funções por elementos da polícia.

Além de exigir que os responsáveis sejam traduzidos à justiça, a LGDH reclama  das autoridades judiciárias a abertura de inquéritos  com vista a responsabilização criminal e disciplinar dos autores.

A LGDH manifestou o seu profundo apoio e solidariedade às vítimas e ao SINJOTECS.

As duas jornalistas das rádios privadas vítimas de agressões estavam a acompanhar a vigília de um grupo de professores contratados em frente do Ministério da Educação Nacional, altura em que uma delas foi surpreendida e agredida com cassetete, e a outra escapou a uma tentativa de atropelamento com a viatura da polícia, noticiu uma rádio em Bissau.

A Liga destaca que os “atos repugnantes de agressão” da jornalista da Rádio Capital FM e da tentativa deliberada de atropelamento da outra da Rádio Popular, ocorridos hoje dia 31 de Julho de 2024,  revelam o contexto nefasto em que labutam, diariamente, os profissionais da comunicação social na Guiné-Bissau.

Conforme a organização, este episódio é mais um caso que vem se juntar a tantos outros protagonizados pelos mais altos responsáveis políticos com o objetivo de intimidar, condicionar e limitar o livre exercício da liberdade de imprensa na Guiné-Bissau.

“Sendo um dos principais alicerces da democracia, os regimes autoritários e ditatoriais tendem a reduzir o espaço de intervenção ao jornalismo livre e independente, através do recurso aos métodos ilegais e arbitrários, tal como tem sucedido na Guiné-Bissau”, refere a liga no comunicado.ANG/LPG/ÂC//SG

Desporto-futebol/Sport Bissau e Benfica sagra-se campeão nacional da Guinéss- Liga época 2023/2024

Bissau, 01 Ago 24 (ANG) – O Sport Bissau e Benfica sagrou-se, quarta-feira , campeão da Guinéss-Liga a empatar   0-0 com a sua congénere  Sporting Clube de Bafatá, no Estádio Inum Embaló, numa partida referente à 29ª jornada da prova .

As Águias de Bissau necessitavam  apenas  de um empate para se tornar campeão, o que acabou por ser uma realidade, e somam agora 70 pontos contra 63 do seu rival direto, o FC de Canchungo, campeão em título.

À uma jornada do fim do campeonato, o Benfica já é campeão e recebe em casa na proxima jornada, a última, Os Hipopótamos de Sonaco.

 Com este triunfo o Sport Bissau e benfica  soma 14 títulos conquistados os mesmo que seu rival eterno, O Sporting Clube da Guiné-Bissau. ANG/LLA/ÂC//SG



Portugal/Humanidade esgotou recursos deste ano, a partir de hoje começa a usar "cartão de crédito"

Bissau,01 Ago 24 (ANG) – A humanidade começa a usar a partir de hoje o “cartão de crédito ambiental”, tendo esgotado os recursos do planeta disponíveis para este ano, alerta a organização internacional “Global Footprint Network”.

O chamado Dia da Sobrecarga do Planeta (Overshoot Day), este ano um dia mais cedo do que no ano passado, assinala o momento em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade do Planeta Terra para regenerar esses mesmos recursos.

Assim, como explica em comunicado a associação ambientalista Zero, a partir de hoje é preciso usar recursos naturais que só deveriam ser usados a partir de 01 de janeiro de 2025, o que significa que os humanos estão a usar 1,7 planetas, ou seja, mais 70% do que a natureza oferece anualmente.

Na análise dos dados da organização a “Global Footprint Network” a Zero nota que há uma tendência de estagnação no Dia da Sobrecarga do Planeta, que se pode dever aos esforços de descarbonização, mas avisa que para se reduzirem as emissões mundiais em 43% até 2030 era preciso recuar no “Overshoot Day” 19 dias por ano.

“O que os dados nos indicam é que a Humanidade tem de acelerar o passo e promover as mudanças necessárias de forma a reduzir o impacte que as suas atividades e necessidades têm sobre a capacidade de carga do planeta”, diz a Zero, dando exemplos de como reduzir cada vez mais esse impacto.

Alimentar 75% das necessidades mundiais de eletricidade com fontes renováveis fazia recuar o “Overshoot Day” em 25 dias. E reduzindo para metade o desperdício alimentar seriam mais 13 dias de recuo. Mas ao reduzir para metade a pegada carbónica o recuo seria de 93 dias, para o início de novembro.

A associação ambientalista, além de destacar o desafio de acelerar a transição, salienta a realização pela ONU da Cimeira do Futuro, em setembro, centrada em estratégias que permitam a integração dos efeitos futuros nas decisões do presente.

No comunicado a Zero diz ter esperança de mudança na Cimeira do Futuro, um evento que reúne os líderes mundiais e que visa a adoção do Pacto para o Futuro.

A “Global Footprint Network”, uma organização internacional de sustentabilidade pioneira da pegada ecológica, diz que a utilização excessiva de recursos compromete os oceanos, leva à desflorestação, à erosão do solos, à perda de biodiversidade e ao aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, responsável pelo aquecimento global, que provoca fenómenos meteorológicos extremos e o aumento da insegurança alimentar.

Lewis Akenji, da direção da “Global Footprint Network”, garantiu, citado em comunicado alusivo ao dia que o “Overshoot Day”, que o futuro vai passar por uma transição planeada ou por um desastre provocado por um planeta desequilibrado.

Fazendo uma analogia com os Jogos Olímpicos que estão a decorrer em Paris a organização diz que tal como os atletas alcançam avanços através da concentração, da inovação e do esforço, a humanidade precisa de fazer o mesmo para conseguir acabar com o Dia da Sobrecarga do Planeta.

Nos dados da “Global Footprint Network” Portugal esgotou os seus próprios recursos muito mais cedo, este ano a 28 de maio.

Segundo os números, se cada pessoa no planeta vivesse como uma pessoa média portuguesa, a humanidade exigiria cerca de 2,9 planetas para sustentar a sua utilização de recursos. Mas se todas as pessoas vivessem como um norte-americano seriam precisos cinco planetas.

A Pegada Ecológica avalia as necessidades humanas de recursos renováveis e serviços essenciais e compara-as com a capacidade da Terra para fornecer tais recursos e serviços (biocapacidade).

Este ano o país que primeiro esgotou os recursos foi o Qatar, logo em 11 de fevereiro, seguindo-se o Luxemburgo, no dia 20. Os últimos países a esgotar os seus recursos serão o Equador e a Indonésia, em 24 de novembro.

ANG/Lusa

Argentina/Brasil assume hoje a Embaixada da Argentina em Caracas fechada por Maduro

Bissau,  01 Ago 24 (ANG) – O Brasil vai assumir formalmente a partir de hoje a representação diplomática da Argentina em Caracas a partir de hoje, depois de os diplomatas argentinos em Caracas, expulsos pelo regime de Nicolás Maduro, deixarem a Venezuela.

A informação foi confirmada à Lusa por fontes da Chancelaria argentina em Buenos Aires e celebrada em Caracas pela líder opositora, María Corina Machado.

“Agradecemos ao Governo do Brasil pela sua disposição de assumir a representação diplomática e consular da República Argentina na Venezuela e a proteção da sua sede e residência, assim como a integridade física dos nossos companheiros asilados naquela residência. Isso poderia contribuir para avançar num processo de negociação construtiva e efetiva como a que o Brasil apoiou”, publicou Maria Corina Machado nas redes sociais.

A responsabilidade que o Brasil assume a pedido do Presidente argentino, Javier Milei, visa garantir os direitos de cidadãos argentinos e de firmas de capitais argentinos em território venezuelano, proteger os seis venezuelanos asilados na residência diplomática argentina e intermediar entre a Venezuela e a Argentina, que ficaram sem um canal de diálogo direto após o regime de Maduro expulsar do país os diplomatas argentinos.

A custódia do Brasil sobre os asilados políticos deverá ser provisória até que um terceiro país aceite receber esses membros da equipa de María Corina Machado refugiados na Embaixada da Argentina desde 20 de março.

Na segunda-feira (29), o regime de Maduro deu um ultimato para que todos os diplomatas argentinos abandonassem o país em 72 horas, mas não permitiu que os refugiados venezuelanos partissem juntamente com os diplomatas expulsos.

“Dada a total falta de garantias, sem proteção da liberdade ou da integridade física dos nossos requerentes de asilo, a República Argentina alerta sobre as consequências desta situação. Apelo à solidariedade de todos os países para que colaborem com os esforços diplomáticos e com a proteção dos requerentes de asilo. A Argentina solicita à comunidade internacional que se esforce pelo cumprimento das normas internacionais que regem as relações diplomáticas entre os Estados”, pediu a ministra argentina das Relações Exteriores, Diana Mondino, na quarta-feira à noite num discurso numa sessão de emergência da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde a situação na Venezuela foi tratada.

Enquanto os asilados venezuelanos continuarem sem um salvo-conduto, o Brasil poderá erguer uma bandeira brasileira na Embaixada argentina, dando-lhe caráter diplomático, apesar da ausência de diplomatas argentinos.

Esta não é a primeira vez que o Brasil representa os interesses diplomáticos da Argentina. Em 1982, quando a Argentina e a Inglaterra romperam relações no contexto da Guerra das Malvinas, o Brasil assumiu a representação argentina em Londres, criando a Seção de Interesses Argentinos na Embaixada do Brasil, onde um diplomata argentino atendia os seus cidadãos.

Apesar do pedido da Argentina, o presidente Javier Milei criticou os presidentes de Brasil, Colômbia e México por não condenarem o regime de Nicolás Maduro no Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) reunido nesta quarta-feira (31) em Washington.

Maduro reclamou vitória nas eleições presidenciais de domingo passado, após um escrutínio contestado pela oposição, que acusa o regime de fraude.

Por um voto, não passou na sessão da OEA uma resolução condenando a alegada fraude eleitoral, com abstenções do Brasil e Colômbia. A resolução recolheu 17 votos a favor, 11 abstenções e cinco países estiveram ausentes.

Milei acusou os presidentes Lula, Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México) de serem cúmplices de Nicolás Maduro.

“Alguns imbecis acusaram-me de ser louco por ver comunismo em todos os lados. Fica claro que esses são cúmplices, por serem ignorantes e/ou estúpidos”, escreveu Milei nas redes sociais. ANG/Lusa

 

Angola/ Ruanda e RDC alcançam cessar-fogo, a partir de 4 de Agosto

Bissau, 01 Ago 24(ANG) – Angola anunciou , terça-feira,  que a República Democrática do Congo e o Ruanda chegaram a um acordo para um cessar-fogo que deve entrar em vigor no próximo fim-de-semana.

A  decisão surge depois de uma reunião em Luanda, mediada pelo Ministro angolano das Relações Exteriores. 

Este acordo de cessar-fogo abrangido no chamado "processo de Luanda" visa, a prazo, calar as armas no leste da RDC que está há largos anos à mercê de grupos armados que, segundo Kinshasa, são apoiados pelo Ruanda. 

Téte António, o chefe da diplomacia angolana, especificou que o memorando de entendimento entre Lusaka e Kinshasa será supervisionado pelo Mecanismo de Verificação Ad Hoc reforçado.

Acordou-se sobre a necessidade de cessação das hostilidades. Um cessar-fogo acompanhado por um desengajamento das forças. Acordou-se, igualmente, que o Governo da RDC apresentaria um plano e um cronograma para neutralização das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), mediante o qual o Governo do Ruanda reagiu oportunamente”, disse o governante. 

Segundo o governante, as propostas saídas da reunião de Luanda vão ser levadas em consideração no próximo encontro dos Chefes de Estado e governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Estamos convencidos que seremos capazes de reunir consenso, formulando propostas concretas que visam ao restabelecimento da paz e do calar das armas no leste da RDC, devendo estas propostas serem apresentadas, para consideração de uma cimeira de chefes de Estado a ser convocada oportunamente”, lembrou Téte António.

Antes do início das conversações, as delegações chefiadas pelos chefes das diplomacias da RDC e do Ruanda estiveram, no período da manhã, no Palácio Presidencial, onde foram recebidas pelo Presidente da República, João Lourenço, também medianeiro mandatado pela União Africana para o processo de paz da República Democrática do Congo. 

Trata-se da   ministra do Estado e dos Negócios  Estrangeiros, da Cooperação Internacional e Francofonia da República Democrática do CongoThérèse Wagner, e o ministro dos Negócios Estrangeiros do RuandaOlivier Nduhungirehe.ANG/RFI

Paris/"França posicionou-se no conflito sarauí por ter vindo a ser empurrada para fora de África"

Bissau, 01 Ago 24 (ANG) - O chefe da diplomacia francesa considerou quarta-feira à noite que o apoio da França ao plano de autonomia marroquino para o Sahara Ocidental é um passo "natural" e existe um "consenso internacional" em torno da iniciativa que Marrocos apresentou em 2007, isto depois de o Presidente Francês ter dirigido uma carta ao rei de Marrocos formalizando o seu apoio às pretensões territoriais de Rabat sobre esse território também reclamado pelos independentistas sarauís.

Com clareza e constância, a França sempre reconheceu o carácter existencial do Saara Ocidental para Marrocos. Sempre nos mantivemos ao lado do Reino nesta questão de segurança nacional", disse Stéphane Séjourné durante uma recepção dada pela embaixada de Marrocos em Paris por ocasião dos 25 anos da chegada ao poder do rei Mohammed VI.

Esta não é contudo a opinião de todos em França: embora esta postura tenha recebido o apoio da direita francesa, ela foi criticada pela esquerda que considera que o "Presidente francês traiu a posição histórica de equilíbrio" da França.

João Henriques, Vice-Presidente do Observatório do Mundo Islâmico na Universidade Autónoma de Lisboa, considera que esta reviravolta francesa deve-se ao imperativo para a França de não perder totalmente a sua influência num continente onde está em recuo.

"A França posicionou-se relativamente à sua política externa no caso do conflito sarauí por razões naturalmente de geoestratégia, porque a França tem vindo a ser empurrada para fora do continente africano pelos governos locais. E para França, é importante ter uma enorme representação, tanto sob o ponto de vista geopolítico, geoestratégico, como também sob o ponto de vista comercial", começa por considerar o especialista.

"Esta reviravolta é consequência daquilo que foram as ameaças de Marrocos às posições assumidas por Paris e, nesta altura, aquilo que se está a verificar é que o número de países vai crescendo relativamente ao apoio que é dado a Marrocos e à sua alegada soberania sobre aquele território", acrescenta o estudioso para quem esta inflexão da posição francesa relativamente ao estatuto do Saara Ocidental pode marcar igualmente uma perda progressiva da influência da Argélia neste dossier em que tem sido um apoio constante dos separatistas sarauís da Frente Polisario.

Indício da violência com que foi acolhida na Argélia a mudança da posição de Paris, as autoridades argelinas anunciaram ontem a retirada do seu embaixador acreditado em Paris, o chefe da diplomacia desse país, Ahmed Attaf, garantindo hoje que este "é um primeiro passo que será seguido por outros". O Saara Ocidental "continua a ser um território não-autónomo segundo a ONU e a decisão francesa não vai mudar nada", assegurou ainda o governante ao referir que a "Missão das Nações Unidas para a organização de um referendo no Saara Ocidental (Minurso) permanecerá" no local.

O Saara Ocidental, território rico em pescado e fosfatos, está em conflito com Rabat há 50 anos. Marrocos que controla cerca de 80% Saara Ocidental, propõe um plano de autonomia sob a sua soberania, enquanto os independentistas da Frente Polisario, apoiados pela Argélia, bem como os Estados-Membros da UE pedem um referendo de autodeterminação, previsto pela ONU quando foi assinado em 1991 um cessar-fogo, mas nunca concretizado.

Depois de uma relativa acalmia observada durante cerca de 30 anos na sequência desse cessar-fogo, Marrocos invadiu em 2021 esse território, pouco depois do então Presidente americano, Donald Trump, e de Israel terem reconhecido a soberania marroquina sobre o Saara Ocidental em finais de 2020. Em 2022, foi a vez de a Espanha, antiga potência colonial, sair da sua neutralidade, sendo seguida no mesmo caminho por uma série de países árabes.ANG/RFI

Moçambique-Dívidas ocultas/ "A pessoa-chave é o Presidente Guebuza e a sua cúpula"- analista

Bissau, 01 Ago 24(ANG) - Na sequência do veredicto pronunciado na segunda-feira pelo Tribunal Comercial de Londres que condenou o grupo naval francês Privinvest a pagar cerca de 2 mil milhões de Dólares de compensações a Moçambique por corrupção no âmbito do caso das "dívidas ocultas", a empresa informou que vai recorrer da sentença e que não descarta a possibilidade de processar Filipe Nyusi, quando deixar de ser chefe de Estado e já não beneficiar da imunidade presidencial, dentro de alguns meses.

Na sequência de um julgamento que qualificou de "estranho", no qual Moçambique "falhou de forma tão completa em cumprir com as suas próprias obrigações e ignorou as ordens do Tribunal" no sentido de fornecer a totalidade dos documentos que comprovam a sua posição neste processo, o grupo naval pertencente ao empresário franco-libanês Iskandar Safa, falecido no início deste ano, acusa as autoridades moçambicanas de terem optado pela estratégia de "documentos ocultos", inviabilizando a possibilidade de um julgamento justo.

Neste sentido, a Privinvest deu conta da intenção de recorrer da sentença e também de processar Filipe Nyusi, logo que deixar o cargo de Chefe de Estado, no começo do ano que vem. Nyusi era ministro da Defesa na altura dos acontecimentos e a Privinvest argumenta que o Presidente actualmente em exercício é quem deve ser responsabilizado. 

"Ao contrário de todas as outras partes envolvidas nessa disputa, a Privinvest não fez acordo com Moçambique. A Privinvest optou por não ceder à pressão implacável de um estado soberano imerso em segredos e apoiado pelos seus apoiantes internacionais e seu exército de advogados caros", refere no seu comunicado a empresa antes de acrescentar que "se manteve comprometida em tentar fazer com que o Presidente Nyusi reconhecesse a verdade sobre o que ele fez e sobre o que aconteceu quando a Privinvest embarcou nos Projectos com a República muitos anos atrás." 

De acordo com a Privinvest "todas as alegações feitas por Moçambique de corrompimento do ex-presidente Guebuza, seu filho, do ex-chefe do serviço de segurança de Moçambique, de um funcionário sénior do serviço de segurança de Moçambique, da ex-directora nacional do Tesouro, de ex-funcionários do Credit Suisse (condenados criminalmente) e de outros não foram comprovadas. No entanto, a Privinvest está alarmada com a conclusão oposta do Juiz relativamente ao ex-Ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang. Essa conclusão, da qual a Privinvest pretende recorrer, baseia-se em grande parte em inferências e não é apoiada por uma análise confiável."

Na óptica do grupo naval francês, "essa é uma consequência directa do facto de Nyusi e sua elite terem desafiado despachos do Tribunal Inglês e se terem recusado a prestar depoimento em apoio aos argumentos do seu próprio país, ou a entregar os documentos necessários".

Reagindo a este comunicado, Borges Nhamire, pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), começa por constatar que a reputação da Privinvest ficou seriamente abalada. 

"É natural que a Privinvest não se conforme com a decisão. Esta decisão é muito pesada para a Privinvest, não muito necessariamente do ponto de vista financeiro. O dinheiro que está em causa é muito, mas sobretudo do ponto de vista reputacional. A sentença do juiz é uma afirmação muito forte, que diz que é um grupo de pessoas de países desenvolvidos que se organizaram para defraudar um governo ou um povo de um país em desenvolvimento", considera Borges Nhamire ao realçar que "do ponto de vista reputacional, todo o governo de um Estado democrático que receber sobre a mesa uma proposta de negócio com a Privinvest, vai dizer 'não, nós não podemos fazer negócio' com uma empresa que foi condenada em tribunal de uma nação desenvolvida, com um poder judicial independente, que foi condenada por corrupção num país africano."

Por outro lado, o investigador que tem acompanhado de perto este dossier considera que a reacção de "ira" da Privinvest contra o chefe de Estado Moçambicano é "compreensível", dado que, a seu ver, o principal arquitecto da condenação da Privinvest foi o Presidente Nyusi, mas que uma acção contra ele terá um impacto limitado.

"Quem é o responsável principal desta condenação é o Presidente Filipe Nyusi porque o Presidente é a pessoa que autorizou o governo de Moçambique, através do Ministério Público, a iniciar esse processo em Londres. (...) Então compreende-se esta ira que a Privinvest tem contra o Presidente. Agora, daí a dizer que vai processar o Presidente, até pode processá-lo. Mas não creio que um processo contra o cidadão Filipe Nyusi, que já não será Presidente da República, tenha o mesmo impacto que teria um processo contra um Presidente em exercício. Porque o cidadão Filipe Jacinto Nyusi, depois de sair da Presidência, não carrega consigo uma Nação de mais de 30 milhões de pessoas, não dirige um Estado, é um simples cidadão", comenta o pesquisador.

"A própria Privinvest sabe que andou a distribuir dinheiro a dirigentes moçambicanos, sabe que a Nyusi não deu absolutamente grandes quantidades comparativamente com aquilo que foi dado a Ndambi Guebuza, comparativamente com aquilo que foi pago a Manuel Chang, comparativamente com aquilo que foi pago para o partido Frelimo. (...) Isso mostra que Nyusi era um peão neste processo das 'dívidas ocultas'. Era um simples ministro de defesa num país com um sistema presidencialista onde os ministros são simplesmente ajudantes do Presidente. Então o Presidente Nyusi não é a pessoa-chave neste processo das 'dívidas ocultas'. Da parte do Estado moçambicano, a pessoa-chave é o Presidente Guebuza e a sua cúpula", considera ainda Borges Nhamire.

Na óptica do estudioso, os antigos dirigentes do país "fazem parte do esquema" e "essa perseguição notável ao Presidente Nyusi é o indício de que não aceitou fazer parte do esquema, antes pelo contrário". Contudo, Borges Nhamire considera que não do interesse da própria empresa atacar Filipe Nyusi em justiça, "porque se o Presidente tiver que responder a algum tribunal, então vai arrastar consigo outras pessoas em que a Privinvest não quer tocar, incluindo o Presidente Guebuza".

Recorde-se que a decisão anunciada na segunda-feira pela justiça britânica é o culminar de praticamente cinco anos de contencioso naquela jurisdição à qual Moçambique recorreu alegando corrupção, conspiração para lesar por meios ilícitos e assistência desonesta para anular dívidas e reclamar compensação financeira.

Maputo reclamava uma indemnização de um pouco mais de 3 milhões de Dólares ao grupo naval e ao seu proprietário Iskandar Safa, por alegadamente pagarem subornos a funcionários públicos, nomeadamente ao antigo ministro das Finanças Manuel Chang, actualmente detido nos Estados Unidos. 

Na altura dos acontecimentos, o governante assinou garantias estatais sobre os empréstimos contraídos -sem conhecimento do parlamento moçambicano- pelas empresas públicas Proindicus, Ematum e MAM entre 2013 e 2014.

Reveladas ao público em 2016, as dívidas foram estimadas em quase 3 mil milhões de Dólares e levaram instituições internacionais como o FMI e o Banco Mundial a deixarem de cooperar durante largos anos com este país considerado como um dos mais pobres do mundo. ANG/RFI