segunda-feira, 28 de julho de 2025

Literatura / “A literatura guineense precisa deixar de ser apenas resistência para se tornar…. património nacional e eixo estratégico da educação”, diz escritora Suaila Cá.

Bissau, 28 Jul 25– A Casa das Letras e Artes Vasco Cabral  reafirma o seu compromisso com a formação cultural da juventude guineense e promete continuar a organizar novas oficinas, encontros literários e ações de incentivo à leitura e escrita em diferentes regiões do país.

A reafirmação foi feita na voz da escritora Suaila Fonseca Cá,  no fim dos trabalhos de mais uma oficina de Escrita Criativa destinada aos jovens, estudantes apreciadores de literatura, promovida no passado fim de semana, em Bissau,  pela  ONG Casa das Letras e Artes Vasco Cabral.

A escritora Suaila Cá foi quem animou os trabalhos da  oficina , no fim dos quais foram lidos textos produzidos pelos próprios participantes.

“Queremos incentivar os jovens a contarem as suas histórias com liberdade e consciência. A escrita é uma ferramenta poderosa para pensar o mundo e imaginar futuros melhores”, destacou Suaila Fonseca Cá.

Lamentou  que são poucos os livros publicados, escassas as editoras, raras as livrarias, mas que  continuam a nascer poetas, cronistas, contadores de histórias e romancistas, como se a própria terra  pedisse que não deixasse morrer a memória.

Suaila Fonseca Cá sustenta que a   literatura guineense é marcada pelo espírito da liberdade e diz que foi assim desde   desde os tempos da luta de libertação, com a poesia engajada de Vasco Cabral, de Amílcar Cabral, António Baticã Ferreira e os textos que circularam em panfletos e rádios, até aos autores contemporâneos que ousam questionar os novos silêncios e as velhas feridas.

“Escrever sempre foi um gesto político, uma forma de existir quando tudo tenta nos apagar”, disse.

Os participantes dessa oficina de Escrita Criativa de passado fim de semana, desenvolveram exercícios de escrita, leitura e partilha de textos, explorando temas como identidade, memória, justiça e sonhos. A metodologia adotada promoveu a liberdade criativa, o pensamento crítico e a construção coletiva de narrativas.

Suaila Cá disse que  ser escritor na Guiné-Bissau é também enfrentar o esquecimento, que não é apenas a ausência de estruturas, é a falta de reconhecimento, de políticas públicas de incentivo, de espaços de leitura nas escolas, de bibliotecas que façam da literatura uma presença viva no quotidiano.

Acrescentou que ainda assim, há sinais de mudança, a ser desenvolvida por ativistas culturais através de oficinas de escrita criativa, projetos culturais independentes,  organizadas por quem acredita que a leitura transforma.

“Há uma juventude que escreve, lê, declama e partilha. E isso é, sem dúvida, uma centelha de futuro”, disse.

 De acordo com a página desta ONGs na  Facebook, visitada hoje pela ANG, a oficina tem como objetivo estimular a expressão artística e valorizar a palavra escrita como instrumento de transformação social.

“Cada livro publicado na Guiné-Bissau é uma vitória. Cada leitor conquistado é uma revolução. E cada criança que aprende a amar a leitura é uma promessa de que a palavra, entre nós, continuará a resistir”, disse. 

A literatura guineense, diz Suaila, precisa deixar de ser apenas resistência para se tornar também política pública, património nacional, eixo estratégico da educação. “Porque um país sem livros é um país sem espelhos, e um povo que não se lê corre o risco de se esquecer de si mesmo”, vincou a escritora Cá

ANG/ LPG//SG

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