Luta Livre/ Diamantino Fafé exige igualdade de tratamento para lutadores e futebolistas
Bissau, 23 Jul 25 (ANG) - O campeão africano de Luta Livre na categoria de 57kg, Diamantino Luna Fafé exige do Governo igual tratamento para futebolistas e lutadores.
Em
entrevista ao jornal O Democrata, queixou-se
de que o Governo o abandonou e acusou as
autoridades de falta de cumprimento das promessas de melhoria das condições de
treino e concessão de prémios.
O atleta,
que já arrecadou oito medalhas de ouro para o país, reclama um tratamento
semelhante ao que é concedido aos jogadores da selecção nacional de futebol.
O lutador
lamentou não ter recebido qualquer prémio pela conquista do título africano
alcançado em Maio passado, em Casablanca, Marrocos, onde se sagrou tricampeão
africano.
“Enviei o número da conta desde Maio e até
agora nada. Foram várias promessas que ficaram por cumprir”, afirmou.
Diamantino
Fafé é uma das maiores referências da luta livre na Guiné-Bissau. Natural de
Binar, região de Oio, o atleta foi descoberto pela Federação de Luta da
Guiné-Bissau (FLGB). Treina diariamente em Bissau, deslocando-se a correr desde
Safim até ao Estádio 24 de Setembro, numa tentativa de manter a forma física e a competitividade
em provas internacionais.
Segundo O
Democrata, apesar das dificuldades, o
atleta garantiu que sempre recusou propostas aliciantes de países como
Marrocos, Egipto e Argélia para facilitar derrotas propositadas. “Nunca aceitei
porque represento com orgulho a Guiné-Bissau”, afirmou.
A Federação,
por sua vez, queixa-se da falta de apoio governamental, apesar dos excelentes
resultados da modalidade nas competições internacionais. “Enquanto outras
modalidades recebem milhões, a luta livre continua a sobreviver graças ao
esforço pessoal dos atletas e da direcção da FLGB”, sublinhou Fafé.
O campeão
africano relembrou que o seu colega M’bundé Cumba M’bali abandonou a delegação
nacional em França, em 2023, devido à frustração e à falta de incentivos. “Eu
podia ter feito o mesmo, mas continuei porque acredito na Guiné-Bissau. No
entanto, sinto-me abandonado”, desabafou.
Luna Fafé
revelou ainda que, sem alternativas, tem recorrido à agricultura na sua aldeia
como forma de sustento, e diz que enfrenta dificuldades financeiras crescentes,
inclusive para terminar as obras da sua casa em Safim, o atleta vê o futuro com
incerteza.
Questionou
igualmente a disparidade de apoios entre a luta livre e o futebol: “O que é que
o futebol tem dado ao país mais do que eu? Também mereço reconhecimento e
prémios justos. Já disponibilizei a minha conta, mas nada foi transferido”,
disse
O lutador
confirmou ter enviado recentemente uma carta à Ministra da Cultura, Juventude e
Desportos, Maria da Conceição Évora, a solicitar apoio, mas que ainda não
recebeu qualquer resposta da governante.
Com mais uma
competição agendada para Agosto, na Costa do Marfim, o tricampeão africano
coloca a sua participação em dúvida. “Se o prometido não for cumprido, posso
recusar competir ou até nem viajar”, advertiu.
Diamantino
Luna Fafé, nascido em Junho de 2001, representou a Guiné-Bissau nos Jogos
Olímpicos de Tóquio (2020) e Paris (2024). Ao longo da sua carreira, tem
acumulado distinções, incluindo títulos em campeonatos africanos realizados na
Tunísia, Egipto e Marrocos, mantendo-se no topo do ranking africano e a subir
progressivamente no ranking mundial da sua categoria.
ANG/ O Democrata
GB

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