ONU/Arranca uma conferência sobre o futuro da Palestina
Bissau, 28 Jul 25 (ANG) – Uma conferência da ONU sobre o futuro dos territórios palestinianos decorre a partir desta segunda-feira e durante mais dois dias em Nova Iorque , por iniciativa da Arábia Saudita e da França.
Este encontro no qual participam os representantes de
mais de cem países, mas sem Israel e os Estados Unidos, será o prelúdio de uma
cimeira a decorrer em Setembro sobre este assunto. Nestes próximos dias, as
discussões articulam-se à volta de três eixos: reformas na Alta Autoridade
Palestiniana, o desarmamento do Hamas e a normalização das relações com Israel
por parte dos países árabes que ainda não o fizeram.
Muito
embora os países organizadores da cimeira não alimentem expectativas quanto a
evoluções imediatas por parte dos países árabes no que tange às suas relações
com Israel, o ministro francês dos negócios estrangeiros, cujo país anunciou na
semana passada a intenção de reconhecer o Estado da Palestina, disse que outros
países europeus iriam confirmar uma decisão semelhante durante a conferência
desta semana.
Sabe-se,
contudo, que a Alemanha não encara isso "a breve trecho" e que
o Reino Unido disse ainda na sexta-feira que um reconhecimento "deveria inserir-se num plano
global".
Apesar
de esta conferência acontecer num momento em que Israel decidiu fazer uma pausa
parcial da sua ofensiva em Gaza de modo a deixar passar alguma ajuda
humanitária para junto de uma população cujos níveis de malnutrição são
considerados "preocupantes" pela ONU, o cepticismo predomina do lado
palestiniano, nomeadamente para Mustafa Barghuthi, secretário-geral do partido
"Moubadara", baseado na Cisjordânia.
"Tudo isso é bom, é útil, mas não é suficiente. Enquanto as
pessoas morrem de fome em Gaza no século XXI por causa do bloqueio israelita, o
que precisamos da comunidade internacional são sanções. Sem ameaçar Israel com
sanções, o país não mudará seu comportamento", considera o líder político.
Enquanto
Israel observa uma pausa na Faixa de Gaza, habitantes da Cisjordânia deram
conta de um ataque ainda esta noite de colonos israelitas contra uma aldeia
cristã do centro desse território que, na semana passada, o parlamento
israelita apelou Telavive a anexar integralmente. Algo que não escapou a Rami,
jovem habitante da Cisjordânia.
"Houve na quarta-feira a votação do parlamento israelita a favor
da anexação total da Cisjordânia. O que implica o abandono de uma solução com
dois Estados. É um texto apenas simbólico que não tem valor legal. Mas na
realidade há muito tempo que Israel ocupa e anexa partes da Cisjordânia", comenta o jovem.
O
receio de que a criação de um Estado palestiniano se torne factualmente
impossível dadas as investidas israelitas está a ganhar terreno.
Apesar
de 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecerem a Palestina, em termos
concretos, a Faixa de Gaza foi reduzida a ruínas e, segundo dados considerados
fidedignos, foram mortos quase 60 mil palestinianos desde o começo da guerra no
enclave em Outubro de 2023, sendo que as Nações Unidas contabilizaram cerca de mil
palestinianos mortos na Cisjordânia na sequência de ataques de colonos ou de
militares israelitas.
De
referir ainda que depois de a ONU declarar recentemente que se está perante uma
situação em Gaza "com características de um
genocídio", foi a vez de duas organizações
não-governamentais israelitas, a B'Tselem e a Physicians for Human Rights
- Israel (PHRI), afirmarem hoje que Israel está a cometer um "genocídio" naquele
territóroi palestiniano.
"Nada nos prepara a encarar o facto de fazer parte de uma sociedade
que comete um genocídio. Este é um momento profundamente doloroso para
nós", disse em comunicado
Yuli Novak, directora executiva da B'Tselem, em paralelo com a apresentação
pública em Jerusalém dos relatórios elaborados pelas duas ONGs nesta segunda-feira.ANG/RFI

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