segunda-feira, 3 de maio de 2021

Liberdade de imprensa/ʺGuiné-Bissau assinala a data num contexto muito tristeʺ diz Bastonário de Ordem dos Jornalistas

Bissau, 03 Mai 21 (ANG) -  O Bastonário de ordem dos jornalistas (OJ-GB) disse que o Dia Mundial de liberdade de imprensa que se assinala hoje, está a ser celebrado na Guiné-Bissau num contexto muito triste por causa da violações  de direitos de jornalistas ocorridas este ano.

António Nhaga que falava em entrevista à ANG, sustenta que o Dia da Liberdade de Imprensa devia ser celebrado com festa e alegria, mas diz que os últimos acontecimentos ocorridos no país dentre os quais a vandalização da rádio Capital FM, espancamentos dos jornalistas e suspensão de outros das suas funções, ensombraram a data.

ʺMaior obstáculo à liberdade de imprensa na Guiné-Bissau é o Estado ou seu gestor que é o governo, porque não existe  protecção aos jornalistas. Pode-se dizer que a Guiné-Bissau promove  a impunidade em relação aos  crimes contra os jornalistas", disse.

António Nhaga sublinhou que  o Estado não reconhece a imprensa, se a reconhecia ajudaria a pôr  ordem no sentido de construir o critério de auto regulação da imprensa para que seja um instrumento da democracia e de liberdade de expressão.

O Bastonário disse que, num Estado democrático, o espancamento de jornalista é considerado crime público que pode levar no mínimo, a pena de quatro anos de prisão, acrescentando que,  nos outros países pode atingir até cinco anos de prisão efectiva.

Acrescenta  que,  ao contrario, na Guiné-Bissau, o espancamento dos jornalistas não significa nada porque não existe nenhuma legislação sobre isso.

Disse que a relação entre a Sociedade Civil, Imprensa e Estado é frágil  o que torna também a democracia frágil, frisando que, se esta relação for estabelecida de uma forma forte, se tiver  uma imagem forte, a sociedade pode fiscalizar a gestão de politicas públicas do Estado.

Segundo  este responsável, algumas organizações da  Sociedade Civil estão a contribuir para a não protecção dos  jornalistas. “Até hoje não percebem que sua força de reivindicação sobre  politicas públicas passa pela imprensa, porque existe uma relação entre a Sociedade, Imprensa e o Estado, que deve funcionar.

 António Nhaga disse  que até hoje,  na Guiné-Bissau, as pessoas não conseguem distinguir um jornalista de uma pessoa imponderada que trabalha no lugar de jornalista, e diz que isso  faz com que o gestor de Estado pense que o jornalista também deve ser como essas pessoas.

ʺQueremos trabalhar na Ordem para estabelecer um novo currículo de deontologia de boas práticas para fazer com que o cidadão guineense consiga distinguir o que é imprensa como em qualquer parte do mundo”, disse.

António Nhaga defendeu que, 
só a imprensa é que pode levar  uma boa imagem do país lá fora porque tem critérios de produção de conteúdos, pelo que o Estado tem que  apostar nela

ʺSe os partidos políticos querem uma democracia forte como todo o  mundo têm que perceber que democracia forte é uma imprensa livre, pelo que devem ter uma lei que protege os  jornalistas e criar  condições de os proteger de forma a poderem fazer as suas actividades dentro da sociedade”, sublinhou.

Nhaga apelou ao Estado e a Sociedade Civil no sentido de criarem  condições para que haja  uma verdadeira liberdade de imprensa na Guiné-Bissau tal como único motor da liberdade de expressão em qualquer parte do mundo. ANG/MI/ÂC//SG      

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