Mudanças
climáticas/Ano de 2024
é o primeiro acima do limite de aquecimento de 1,5°C estabelecido pelo
Acordo de Paris
Bissau, 10 Dez 24(ANG) - O ano de 2024, ainda mais
quente do que o recorde estabelecido em 2023, passa a ser o primeiro ano a
exceder 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, o limite de longo prazo
estabelecido pelo Acordo de Paris, segundo anunciou segunda-feira (9) o Serviço
de Alterações Climáticas (C3S) do observatório europeu Copernicus.
Após o segundo novembro mais quente de que há registo, “é de
fato certo que 2024 será o ano mais quente de que há registo e excederá o nível
pré-industrial em mais de 1,5 °C”, concluiu o C3S.
E estes níveis históricos poderão se manter nos próximos meses,
prevendo-se que as temperaturas globais estejam “próximas dos níveis recorde”
no início de 2025, disse à AFP Julien Nicolas, cientista do C3S, especialmente
porque o regresso do fenômeno La Niña, sinônimo de arrefecimento, permanece
incerto este ano.
O mês de novembro,
marcado por uma sucessão de tufões devastadores na Ásia e pela continuação de
secas históricas na África Austral e na Amazónia, foi 1,62ºC mais quente do que
um novembro normal, quando a humanidade não queimava petróleo, gás ou carvão à
escala industrial.
Este valor é superior à
marca simbólica de +1,5 °C, que corresponde ao limite mais ambicioso do
Acordo de Paris de 2015, cujo objetivo era manter o aquecimento global bem
abaixo dos 2 °C e prosseguir os esforços para limitá-lo a 1,5 °C.
No entanto, este acordo
se refere a tendências a longo prazo: para se considerar que o limite foi
ultrapassado, será necessário observar um aquecimento médio durante pelo
menos 20 anos.
Segundo este critério, o
clima aquece atualmente cerca de 1,3 °C. O Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) estima que a marca dos 1,5 °C
será provavelmente atingida entre 2030 e 2035. E isto independentemente da
evolução das emissões humanas de gases com efeito de estufa, que estão perto do
seu pico, mas ainda não estão em declínio.
De acordo com os últimos cálculos das
Nações Unidas, o mundo não está de modo algum no bom caminho para reduzir a sua
poluição por carbono, a fim de evitar um agravamento significativo das secas,
ondas de calor e chuvas torrenciais já observadas, que têm um custo elevado em
termos de vidas humanas e de impacto econômico.
Conforme
o Programa das Nações Unidas para o Ambiente, o mundo caminha para
um aquecimento global “catastrófico” de 3,1 °C neste século, ou de 2,6 °C caso
as promessas anunciadas sejam cumpridas.
Os países têm até fevereiro para
apresentar às Nações Unidas os seus objetivos climáticos revistos para 2035,
conhecidos como “contribuições nacionalmente determinadas” (NDC).
Mas o acordo mínimo alcançado na COP29 na capital do Azerbaijão, no final de novembro, poderá ser utilizado para justificar ambições pouco ambiciosas. Os países em desenvolvimento obtiveram US$ 300 bilhões em promessas de ajuda anual dos países ricos até 2035, menos de metade do que pedem para financiar a sua transição para o clima.ANG/RFI
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