Síria/Mohamed Al-Bachir é nomeado primeiro-ministro do governo de transição
Bissau, 11 Dez 24 (ANG) - Poucos
dias após derrubar Bachar al-Assad, o grupo rebel
de Hayat Tahrir al-Cham (HTC),
acaba de nomear como primeiro-ministro
interino do governo de transição sírio Mohamed al Bachir.
Este responsável que até ao
momento era Presidente do "governo de salvação sírio" proclamado em
Janeiro deste ano em Idlib pelo movimento jihadista, deveria dirigir o
executivo interino até ao dia 1 de Março de 2025.
Mohamed al Bachir era pressentido há vários
dias como futuro dirigente do governo de transição e tinha participado, nesta
segunda-feira à noite, numa reunião em Damasco entre o líder do Hayat Tahrir
al-Sham, Abu Mohammed al-Joulani, e o ex-primeiro-ministro de Bashar al-Assad,
Mohamed al-Jalali, "para
coordenar uma transição do poder que garanta os serviços" à
população síria, segundo um comunicado dos rebeldes. Nomeado em Setembro por
Bachar al-Assad, Mohammad Jalali expressou a sua abertura para apoiar a
continuidade do governo, de acordo com os rebeldes.
Nascido em 1983 na província de Idlib,
Mohamed Al Bachir tem um diploma em engenharia electrica e eletrónica, com
especialização em telecomunicações, obtido na Universidade de Alepo em 2007.
Igualmente titular de um diploma de direito e Sharia, obtido na Universidade de
Idlib em 2021, este responsável político exerceu as funções de director dos
negócios das associações, depois as de ministro do Desenvolvimento e dos
Assuntos Humanitários no governo de salvação da revolução em Idleb em 2022,
antes de se tornar presidente deste executivo em janeiro deste ano.
Ele tem agora como tarefa formar um governo,
organizar a transição e garantir "um ambiente seguro, neutro e calmo" para
realizar eleições livres. Uma fonte do grupo Hayat Tahrir al-Cham detalhou que
ele vai liderar "um governo encarregado de gerir os
assuntos quotidianos",
até ao dia 1 de Março de 2025, altura que deveria marcar "o início do processo
constitucional" e a nomeação de um novo governo.
Entretanto,
paralelamente a esta nomeação, Israel tem estado a bombardear massivamente a
Síria.
De acordo com o Observatório Sírio dos
Direitos Humanos, Israel efectuou desde o fim-de-semana "cerca de 310 ataques" contra
o terrítorio sírio, tendo alegadamente bombardeado aeroportos, radares e
depósitos de armas em várias regiões, além de danificar navios da marinha síria
ao atacar uma unidade de defesa aérea perto do grande porto de Latakia, no
noroeste.
Segundo a mesma fonte, foi completamente
destruído um centro de pesquisa científica em Damasco ligado ao Ministério da
Defesa, onde os Estados Unidos acreditavam que se fabricava armas químicas.
Ao confirmar ter efectivamente destruído
armazéns de armamento, designadamente de "armas químicas", na Síria Israel explicou que pretende evitar que os rebeldes se
possam apoderar delas, por acreditar que são animados por "uma ideologia extrema do Islão
radical".
Israel desmentiu, contudo, informações de
fontes de segurança sírias dando conta de movimentações de Tsahal a 25
quilómetros de Damasco, ou seja muito além da zona desmilitarizada do Golão
onde se encontra nestes útimos dias, numa acção que o exército israelita afirma
ser "defensiva".
A presença das tropas israelitas nessa zona,
já por si, segundo a ONU, "constitui
uma violação" do
acordo de desvinculação de 1974 entre Israel e a Síria. algo também denunciado
pelo Irão, o grupo armado Hezbollah, a Jordânia, a Arábia Saudita ou ainda a
Turquia que criticou o que qualificou de "mentalidade de ocupação" de Israel.
Entretanto, depois de terem sido libertadas
nestes últimos dias centenas de pessoas da prisão de Saydnaya, perto de
Damasco, um símbolo do regime repressivo de Bachar al-Assad, as equipas de
socorros anunciaram hoje o fim das suas buscas de possíveis masmorras
subterrâneas.
Noutro aspecto, nesta terça-feira, o líder da
rebelião, Abu Mohammad al-Jolani, prometeu punir os responsáveis dos abusos
perpetrados pelo antigo regime."Vamos anunciar uma primeira lista que
inclui os nomes dos mais altos funcionários envolvidos nas torturas contra o
povo sírio",
escreveu o líder rebelde na rede Telegram, ao prometer recompensas a quem
permitir a captura dos ex-oficiais "envolvidos em crimes de guerra". Ele disse que "concedia amnistia" aos
funcionários subalternos do exército e das forças de segurança.
Desde o início da revolta em 2011, mais de
100 mil pessoas morreram nas prisões sírias, inclusive sob tortura, estimou o
Observatório Sírio dos Direitos Humanos em 2022.
Refira-se ainda que a mesma organização contabilizou pelo menos 910 mortos, entre os quais 138 civis, desde que os rebeldes lançaram a sua ogensiva a 27 de Novembro de 2024. ANG/RFI
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