Médio Oriente/ONU pede investigação imparcial a assassínio de seis jornalistas por Israel em Gaza
Bissau, 14 Ago 25 (ANG) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou hoje o assassínio de seis jornalistas na Faixa de Gaza, num ataque cirúrgico de Israel, e pediu a abertura de uma investigação imparcial sobre o caso.
“[António Guterres] condena o assassínio
de seis jornalistas palestinianos num ataque aéreo israelita na cidade de Gaza,
a 10 de agosto. Estas últimas mortes destacam os riscos extremos que enfrentam
os jornalistas que cobrem este conflito”, declarou o porta-voz do
secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, na sua conferência de imprensa
diária.
Guterres apela, por isso, para que seja
realizada “uma investigação independente e imparcial” sobre estas mortes
seletivas, prosseguiu Dujarric, recordando que pelo menos 242 jornalistas
morreram violentamente na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em outubro de
2023.
O porta-voz sublinhou ainda que os
jornalistas e os profissionais da comunicação social devem ser respeitados,
protegidos e deve ser-lhes permitido realizar o seu trabalho livremente, “sem
medo ou perturbação”.
O gabinete de informação do Governo de
Gaza elevou para seis o número de jornalistas mortos no domingo à noite num
ataque de precisão israelita à sua tenda, montada junto ao hospital Al-Shifa,
na cidade de Gaza, após a morte de Mohamed Al-Khalidi, que trabalhava para o
meio de comunicação palestiniano Sahat.
Num comunicado, indicou hoje que os
jornalistas mortos são seis: Anas Al-Sharif e Mohamed Qraiqea, correspondentes
da estação televisiva Al-Jazeera; os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen
Aliwa; o assistente de fotojornalista Mohamed Nofal e o próprio Al-Khalidi.
O Exército israelita admitiu ter matado os
jornalistas num bombardeamento de precisão e afirmou, como noutras ocasiões
semelhantes, que Anas Al-Sharif tinha ligações ao movimento islamita palestiniano
Hamas, desde 2007 no poder em Gaza, apresentando como prova dois documentos
cuja origem não especificou e cuja autenticidade não pode ser verificada.
A 24 de julho último, a Comissão para a
Proteção dos Jornalistas (CPJ) expressou preocupação com a segurança de
Al-Sharif que denunciou estar “a ser alvo de uma campanha de difamação militar
israelita” que considerava “ser o passo anterior ao seu assassínio”.
Hoje, a organização não-governamental
(ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF) exortou a que o Conselho de Segurança das
Nações Unidas se reúna com caráter de urgência depois de Israel ter assassinado
seis jornalistas em Gaza num ataque cirúrgico.
“O ataque, reivindicado pelo Exército
israelita, tinha como alvo o repórter da Al-Jazeera Anas Al-Sharif, a quem
acusa, sem apresentar provas sólidas, de ‘afiliação terrorista’. A RSF condena
esta tática vergonhosa, que é repetidamente utilizada contra jornalistas para
encobrir crimes de guerra”, indicou a ONG num comunicado.
A RSF, com sede em Paris, salientou também
que, desde outubro de 2024, vinha alertando para a possibilidade de um ataque
iminente a Al-Sharif, após as acusações sem provas contra ele feitas pelo
Exército israelita.
“A comunidade internacional, liderada pela
União Europeia, o Reino Unido e os Estados Unidos, ignorou esses avisos. Em
virtude da Resolução 2222 de 2015 sobre a proteção de jornalistas em conflitos
armados, o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem o dever de se reunir
urgentemente, em resposta a este último assassínio extrajudicial”, sublinha-se
no texto.
O diretor-geral desta organização de luta
pela liberdade de imprensa, Thibaut Bruttin, recordou que Al-Sharif era um dos
jornalistas mais famosos que ainda se mantinham na Faixa de Gaza, onde os
assassínios de jornalistas locais se juntaram à estratégia de “apagão”
informativo, não permitindo Israel a entrada de repórteres do exterior.
Segundo Bruttin, trata-se de uma
estratégia “concebida para ocultar os crimes cometidos pelo seu Exército
durante mais de 21 meses no enclave palestiniano sitiado e faminto”.
ANG/Inforpress/Lusa

Sem comentários:
Enviar um comentário