Moçambique/Mondlane festeja partido no aeroporto de Maputo com polícia a disparar
Bissau, 18 Ago 25 (ANG) - O político Venâncio Mondlane afirmou hoje, no aeroporto de Maputo, que o tempo em que os moçambicanos eram esquecidos está a "passar para o passado", festejando com apoiantes a formalização do partido, enquanto a polícia disparava no exterior.
"Que fique bem claro, nós estamos pela
paz", afirmou Venâncio Mondlane, em declarações aos jornalistas à saída do
aeroporto, após uma viagem ao exterior, recebido em festa por dezenas de
apoiantes enquanto empunhava a bandeira do seu partido, Anamola, autorizado na
semana passado pelo Governo moçambicano, o qual diz estar aberto a uma
"frente comum" da oposição, traçando já como meta as eleições
autárquicas, dentro de três anos.
"Em 2028, com Anamola, os municípios todos, vamos
limpar", disse o político, que em 2023 foi candidato da Resistência
Nacional Moçambicana (Renamo) à autarquia de Maputo, cuja vitória do candidato
da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975), nunca
reconheceu.
Enquanto se dirigia aos jornalistas, cerca das 15:45 locais (13:45
em Bissau) ouviam-se no exterior do aeroporto - cujo acesso está condicionado
pela polícia - disparos pela Unidade de Intervenção Rápida, numa aparente
tentativa de travar o acesso de mais pessoas, apoiantes do ex-candidato
presidencial nas eleições gerais de 09 de outubro, à infraestrutura, também
fazendo uso de gás lacrimogéneo.
Na saída da comitiva de Venâncio Mondlane, já fora do aeroporto,
a polícia voltou a fazer vários disparos, como foi possível constatar no local.
O Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos
de Moçambique aceitou em 15 de agosto o pedido de registo do partido de
Venâncio Mondlane, que deu entrada em abril, disse à Lusa o seu mandatário
judicial, Mutola Escova.
Moçambique viveu desde as eleições gerais de 09 de outubro um
clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por
Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel
Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder.
Segundo organizações não-governamentais que acompanham o
processo eleitoral, morreram cerca de 400 pessoas em confrontos com a polícia,
conflitos que cessaram após dois encontros entre Mondlane e Chapo, com vista à
pacificação do país.
O ex-candidato presidencial anunciou em 07 de agosto que alterou
a designação do seu partido, passando de Anamalala para Anamola, após pedido do
Governo moçambicano, que considerou que a anterior sigla carregava "um
significado linguístico".
Anamalala significa "vai acabar" ou
"acabou", expressão usada por Venâncio Mondlane durante a campanha
para as eleições gerais de 09 de outubro de 2024 - cujos resultados não
reconhece - e que se popularizou durante os protestos por si convocados nos
meses seguintes.
A informação da alteração para Anamola, significando igualmente
Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, constava do recurso que o
antigo candidato presidencial submeteu no mesmo dia ao Conselho Constitucional
(CC), por considerar então que o Ministério da Justiça, Assuntos
Constitucionais e Religioso não respondeu no prazo legal ao pedido para a
constituição da formação partidária.
Num ofício do ministério, assinado pelo ministro Mateus Saíze,
com data de 28 de maio e que a Lusa noticiou nessa altura, era referido que o
termo "Anamalala", proposta de acrónimo de Aliança Nacional para um
Moçambique Livre e Autónomo, é proveniente da língua macua, falada em Nampula,
norte do país, "e por isso já carrega um significado linguístico para a
comunicação dos que nela se expressam".ANG/Lusa

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